O governador de MG anunciou solidariedade às vítimas, mas tem dois secretários vindos de empresas de mineração . Rafaella Dotta -
Belo Horizonte (MG)
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Brasil
de Fato - Mais um rompimento de barragem em Minas Gerais traz
consequências desastrosas à famílias e ao meio ambiente. Duas barragens em
Brumadinho (MG), da mineradora Vale S.A., romperam na tarde dessa sexta-feira
(25.01.19) com a indicação de 200 desaparecidos. O governador de Minas, Romeu Zema
(Partido Novo), declarou prontamente a formação de um gabinete de crise para
lidar com o desastre. Porém, seu plano de governo, sua agenda política e suas
escolhas para as secretarias mostram melhor o seu projeto para a mineração.
Belo Horizonte (MG)
,
Dias depois
Romeu Zema reuniu-se com outra mineradora, a Vallourec, desta vez para
conversar sobre a ampliação da extração de minério em Brumadinho (MG), local do
desastre desta sexta. "Representantes da Vallourec, empresa produtora de
aço e mineradora, me apresentaram um projeto de expansão da Vallourec
Mineração, unidade do grupo localizada no município de Brumadinho. O
investimento previsto é de R$ 220 milhões, com geração de 400 empregos
temporários nos próximos dois anos e 335 empregos permanentes. Minas é a
principal região produtiva do grupo e meu governo vai trabalhar duro para
trazer investimentos, gerar empregos e renda aos mineiros e mineiras",
publicou Zema em seu Instagram junto a uma foto com diretores da empresa.
Novamente a
opinião do governador foi discrepante em relação à população. Os moradores,
organizados no Movimento das Águas de Casa Branca, realizaram uma série de
ações durante 10 anos contra o avanço da mineração na região, inclusive com um
abaixo-assinado que reuniu 82 mil assinaturas. Mesmo assim o Conselho Estadual
de Política Ambiental aprovou, em dezembro, a ampliação em 88% de duas minas em
Brumadinho e Sarzedo.
Secretários da Mineração
A relação
entre Partido Novo e as mineradoras ficou mais explícita na nomeação de dois
nomes para secretarias essenciais na definição das ações econômicas do estado.
Manoel Vítor de Mendonça Filho, que assumiu a Secretaria de Desenvolvimento
Econômico de Minas Gerais, era vice-presidente da mineradora Gerdau-Açominas. E
Otto Levy Reis, que assumiu a Secretaria de Planejamento e Gestão, antes
trabalhou em diversos cargos de chefia da Magnesita Refratários, empresa que
possui um grande setor de mineração.
O que Zema diz(ia) em campanha eleitoral
O plano de
campanha do governador Romeu Zema (Partido Novo) não teve propostas específicas
para a área ambiental. A palavra "ambiente" apareceu treze vezes,
quase sempre ao lado da expressão "de negócios", e nunca se referindo
à natureza. Apesar disso, Zema criticou de modo geral os licenciamentos feitos
pelo estado, afirmando que "desincentivam", "criam
burocracias" e "gastos" aos empresários. Adicionou ainda que
isso não evitou irregularidades.
O plano de
governo usou o exemplo do caso Samarco para ilustrar empresas a serem punidas.
"A Boate Kiss e a Samarco, por exemplo, estavam legalmente regularizadas
no papel, mas a prática mostrou o contrário". Para facilitar
empreendimentos, seria preciso presumir a inocência do agente econômico.
"Porém, em contrapartida a esta presunção, serão garantidas severas
punições, a posteriori, no caso de irregularidades." Contraditória, a
publicação de Romeu Zema em seu Facebook, em 15 de janeiro, mostrava já um tom
conciliador. "Estive reunido hoje com representantes da Samarco.
Conversamos sobre os cerca de 14.500 empregos que serão gerados com a retomada
da atividade da empresa".
CPI da Mineração na ALMG
"Quando
a gente não toma as providências necessárias, como foi o caso do rompimento da
barragem de Fundão, em Mariana, as tragédias continuam acontecendo",
declarou a deputada estadual Beatriz Cerqueira (PT), que esteve no local do
desastre ontem. Ela propõe a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito
sobre a Mineração para investigar os crimes relacionados a rompimentos de
barragens no estado. "Na próxima semana já começamos os trabalhos. É
preciso dar um fim no rompimento de barragens, porque se não fizermos isso mais
barragens se romperão. O exemplo é o que estamos vivendo neste momento",
declarou.
O deputado estadual Jean Freire (PT) propõe a constituição de uma Comissão Extraordinária de Barragens, para apurar o crime ambiental de Brumadinho, cobrar providências do Estado e da empresa Vale, além de propor e debater medidas mais duras de controle e monitoramento das mais de 400 barragens de rejeitos de minérios em Minas.
Fonte: Brasil De Fato.
Fonte: Brasil De Fato.
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