CHAPADA DO NORTE X IDENTIDADE
Estamos no mês em que se homenageia um dos lideres na luta pela liberdade e contra a escravidão dos negros no Brasil: Zumbi dos Palmares, um herói que liderou por anos o Quilombo dos Palmares.
É também um tempo de avaliar a luta contra o racismo no país, exaltar e homenagear outros lideres, e também comemorar as vitórias conquistadas ao longo do tempo.
Mas não pode ser o único momento para “TRABALHAR” com a conscientização como vemos ser feito principalmente nas escolas e em outros meios. A conscientização deve ser feita todos os dias, gradativamente.
Reporto-me à minha cidade Chapada do Norte, no Vale do Jequitinhonha, no nordeste de Minas.
Eu penso: Como numa cidade de 90% da população afrodescendente conhece tão pouco de sua própria ancestralidade? E por quê?
Isso deveria ser comum. Mas não é. Nós só assumimos nossa ancestralidade, nossa identidade no TAMBOR NA FESTA DO ROSÁRIO.
Mas, posterior a isso, ficamos alheios à nossa NEGRITUDE.
A subserviência nos é peculiar. Como assim, subserviência em um município onde uma de suas características de formação é quilombola?
Ou seja, um símbolo da luta pela LIBERDADE.
Porem, é fato, não confiamos a nós mesmos a nossa própria REPRESENTATIVIDADE. Sequer cogitamos essa possibilidade.
Somos subservientes à cultura branca, aos conceitos brancos, aos padrões brancos, e numa cegueira besteirol, batemos palmas alegremente quando isso sobrepõem a toda a subversividade em que os nossos ancestrais propuseram em seu tempo .
E o mais triste é, que quanto mais formação acadêmica conquistamos, mais alheios ficamos (salvo algumas exceções). Criamos uma casta que nos difere da realidade cultural, social e de identidade. A negritude e as “origens” parecem criar certa invisibilidade, e só a casta é vista. Não assumimos o nosso papel de que, quanto mais instruídos poderíamos tentar quebrar a barreira racista que oprime a essência do nosso povo.
Quando o negro de Chapada vai assumir o seu PROTAGONISMO, e quando vamos permitir-nos assumir esse protagonismo dentro do nosso próprio município? “Em um futuro tão, tão distante?”.
Quando as nossas escolas vão apresentar aos nossos filhos a nossa cultura, os nossos heróis?
Quando vamos falar de Marthin Luther King, Dandara, Zumbi, Malcon X, Mandela, Gama, entre outros?
Apenas no dia 20 de novembro?
Quando vamos deixar de nos apresentar como descendentes de escravos, ou escravos modernos, ou de simplesmente não nos apresentarmos?
Apenas na Festa do Rosário?
Texto: Edinaldo Soares, publicado no Facebook.
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