quinta-feira, 22 de novembro de 2018

Chapada do Norte: Consciência negra é o ano inteiro, afirmam lideranças

CHAPADA DO NORTE X IDENTIDADE
A imagem pode conter: 3 pessoas

Estamos no mês em que se homenageia um dos lideres na luta pela liberdade e contra a escravidão dos negros no Brasil: Zumbi dos Palmares, um herói que liderou por anos o Quilombo dos Palmares. 

É também um tempo de avaliar a luta contra o racismo no país, exaltar e homenagear outros lideres, e também comemorar as vitórias conquistadas ao longo do tempo. 

Mas não pode ser o único momento para “TRABALHAR” com a conscientização como vemos ser feito principalmente nas escolas e em outros meios. A conscientização deve ser feita todos os dias, gradativamente.


Reporto-me à minha cidade Chapada do Norte, no Vale do Jequitinhonha, no nordeste de Minas. 
Eu penso: Como numa cidade de 90% da população afrodescendente conhece tão pouco de sua própria ancestralidade? E por quê? 
Isso deveria ser comum. Mas não é. Nós só assumimos nossa ancestralidade, nossa identidade no TAMBOR NA FESTA DO ROSÁRIO. 
Mas, posterior a isso, ficamos alheios à nossa NEGRITUDE. 

A subserviência nos é peculiar. Como assim, subserviência em um município onde uma de suas características de formação é quilombola? 

Ou seja, um símbolo da luta pela LIBERDADE. 
Porem, é fato, não confiamos a nós mesmos a nossa própria REPRESENTATIVIDADE. Sequer cogitamos essa possibilidade. 
Somos subservientes à cultura branca, aos conceitos brancos, aos padrões brancos, e numa cegueira besteirol, batemos palmas alegremente quando isso sobrepõem a toda a subversividade em que os nossos ancestrais propuseram em seu tempo .

E o mais triste é, que quanto mais formação acadêmica conquistamos, mais alheios ficamos (salvo algumas exceções). Criamos uma casta que nos difere da realidade cultural, social e de identidade. A negritude e as “origens” parecem criar certa invisibilidade, e só a casta é vista. Não assumimos o nosso papel de que, quanto mais instruídos poderíamos tentar quebrar a barreira racista que oprime a essência do nosso povo.

Quando o negro de Chapada vai assumir o seu PROTAGONISMO, e quando vamos permitir-nos assumir esse protagonismo dentro do nosso próprio município? “Em um futuro tão, tão distante?”.

Quando as nossas escolas vão apresentar aos nossos filhos a nossa cultura, os nossos heróis?

Quando vamos falar de Marthin Luther King, Dandara, Zumbi, Malcon X, Mandela, Gama, entre outros? 
Apenas no dia 20 de novembro? 
Quando vamos deixar de nos apresentar como descendentes de escravos, ou escravos modernos, ou de simplesmente não nos apresentarmos? 
Apenas na Festa do Rosário?
Texto: Edinaldo Soares, publicado no Facebook.

Lideranças da cidade e da região comentaram o texto:


Ana Maria Oliveira Esse meu amigo é fantástico. Só conseguimos mudar uma situação, quando à conhecemos e infelizmente uma grande maioria não conhece e, pior, não está afim de conhecer a nossa História.

Gerir


Paulinho da Cachoeira Tenho certesa quando os negros de Chapada do norte for protagonistas das mudanças nesseçarias o nosso municipio vai ser melhor

Gerir


Adriana Moreira Edinaldo as suas colocações são importantíssimas. No entanto, atribuir a culpa da negação da nossa identidade negra aos negros é instrumentalizar a reprodução do discurso nos silencia. E isso é um processo histórico que apresenta marca subjetivas do quVer Mais

Gerir


Edinaldo Soares Oi Adriana. Muito pertinente seu comentário. E bom para que eu ressalte que a questão aí não é atribuir culpa, mas não isenta.la também. Precisamos perceber essas correntes que nos aprisiona. Mas pra isso é preciso buscar o conhecimento. O sistema atuaVer Mais

Gerir


Adriana Moreira E para isso é preciso buscar conhecimento sobre as nossas origens e a de Chapada também! Mas como o Ale comentou existe ali, uma negação subjetiva e isso é tao intenso que dificulta essa implicação a respeito de nosso papel enquanto negro de Chapada doVer Mais

Gerir


Responder23 h

Alê Do Rosário Chapada infelizmente neste caso ja vive um sistema construidos pelos poucos brancos e pela cultura de massa. Me lembro de ter ido palestrar em um 20 de novembro e as falas de aberturas do evento foram pra mim, desanimadoras.

Gerir


Adriana Moreira Exatamente, mas isso Alê sao as marcas estruturais do racismo da brancura presente em Chapada. A falta de representatividade na política, em contra partida temos lideres comunitários que sao extremamente importante na luta racial, quilombola e permanênVer Mais

Gerir


Alê Do Rosário Adriana Moreira tanto você como o Edinaldo precisam nos ajudar neste questão. Estamos com uma propsta de implantar em chapada um nucleo de estudos populares da cultura afro. Vejo um amor pelo tambor do Rosario, mas não vejo engajamento pela cultura que trouxe o tambor da africa. Precisamos de vcs

Gerir


Anísio Lemos Soares Texto bastante realista e provocador! Parabéns Edinaldo! Vamos tentar quebrar as correntes da alienação ideológica imposta pela cultura do embranquecimento que passa como você disse, pela busca do protagonismo e da afirmação da nossa cultura afrodescendente.

Gerir


Enisvaldo Moraes Belo texto Edinaldo,vc como sempre brilhante c as palavras e colocação das coisas,tive o prazer de conhecer vc pessoalmente e conviver profissionalmente e sei o quanto vc é guerreiro e batalhador, abraços

Gerir


Responder23 h

Adriana Lemos Parabéns pela colocação bem dita, mas ainda acredito que não foi abolida por completo a escravidão apenas quando nos aceitarmos por completo.

Gerir


Responder

Nenhum comentário:

Postar um comentário