Mudança cultural pelo fim da violência contra a mulher
Durante o segundo semestre deste ano, a comarca de Turmalina, no Alto Jequitinhonha, nordeste de Minas, mobilizou-se pelo fim da violência contra a mulher.
Na 11ª Edição da campanha “Justiça Pela Paz em Casa”, o grupo Rede de Enfrentamento à Violência Contra a Mulher promove uma série de ações na cidade, com foco nas crianças e jovens das escolas públicas e privadas, com o objetivo de alcançar uma mudança mais profunda e uma transformação cultural.
Na 11ª Edição da campanha “Justiça Pela Paz em Casa”, o grupo Rede de Enfrentamento à Violência Contra a Mulher promove uma série de ações na cidade, com foco nas crianças e jovens das escolas públicas e privadas, com o objetivo de alcançar uma mudança mais profunda e uma transformação cultural.
Reunião. Pais e alunos participam de conversa sobre violência doméstica. Fonte: TJ-MG
De acordo com dados do Diagnóstico da Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher de Minas Gerais elaborado pelas Regiões Integradas de Segurança Pública do Estado, entre os anos de 2013 a 2016, os municípios que integram as regiões dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, no nordeste de Minas, apresentaram um número expressivo de mulheres que são vítimas de violência, ficando acima da média estadual, que é de 6 casos de feminicídios em cada 100 mil habitantes.
O ponta pé inicial da campanha foi a organização de um kit para que cada escola tivesse elementos e materiais para utilizar com os alunos das escolas do município. A partir do trabalho desenvolvido na salas de aula, foram desencadeadas diferentes ações. Dentre elas, o grupo Rede de Enfrentamento de Violência Contra Mulher organizou uma blitz educativa, com apoio da Prefeitura, da Polícia Civil e Militar, da Associação Comercial e da Rádio Turmalina.
A blitz tinha objetivo de dar visibilidade ao problema da violência contra a mulher. Como parte da ação os alunos produziram mensagens informativas e de conscientização do problema para distribuir aos motoristas. Também foi feita uma panfletagem na feira livre da cidade e houve apresentações musicais e teatrais na praça principal.
Para Cleiton Chiodi, Juiz da Comarca de Turmalina, “esse tipo de ação é fundamental para que a mulher seja respeitada como sujeito de direitos”. Do mesmo modo, Aneliza Pinheiro, assistente social judicial, mencionou que foram realizados debates, rodas de conversa, produções de texto e poesia e exibição de filmes visando alcançar o maior número de pessoas.
Segundo Shirley Machado, Promotora de Justiça de Turmalina, a meta da campanha é que a Rede de Enfrentamento à Violência Contra a Mulher ganhe visibilidade e atinja resultados efetivos.
Além disso, foi observado que nos locais onde não há uma atuação articulada entre as instituições/ serviços governamentais, não-governamentais e a comunidade, os casos de violência aumentaram. É por isso que esse trabalho tem um papel fundamental na luta contra este tipo de violência.
Além disso, foi observado que nos locais onde não há uma atuação articulada entre as instituições/ serviços governamentais, não-governamentais e a comunidade, os casos de violência aumentaram. É por isso que esse trabalho tem um papel fundamental na luta contra este tipo de violência.
Consenso. Os alunos das escolas de Turmalina debatem sobre violência contra as mulheres. Fonte: TJ-MG
Violência contra Mulher: números do Brasil
A violência doméstica contra a mulher é a forma mais disseminada e universal das violências contra as mulheres, o que conforma um grave problema de saúde pública. Neste sentido, em um ranking com 84 nações ordenadas pelas taxas de feminicídios, o Brasil ocupa o sétimo lugar.
A pesquisa revela que Minas só perde para o Espírito Santo, que é o estado com maior número de casos de homicídio femininos no Brasil. Outros dados importantes mostrados são os que configuram o perfil das mulheres vítimas de feminicídio no estado: negra (60%); baixa escolaridade (48%); idade entre 20 a 39 anos (54%). O perfil do agressor em mais de 50% dos casos quem é responsável pelo feminicídio é o companheiro, e em mais de 20% são os ex companheiros.
Os diversos tipos de violência (física, psicológica, patrimonial, sexual, dentre outros) prevalecem em todo o Estado, mas a maioria dos casos registrados no Jequitinhonha e Mucuri foi de violência física seguida de psicológica.
É de extrema importância ressaltar que essas regiões de Minas Gerais apresentam uma população feminina significativa e, ainda, as maiores taxas de pobreza, analfabetismo e de desempregos formais do Estado.
Fonte: Polo Jequitinhonha da UFMG.
É de extrema importância ressaltar que essas regiões de Minas Gerais apresentam uma população feminina significativa e, ainda, as maiores taxas de pobreza, analfabetismo e de desempregos formais do Estado.
Fonte: Polo Jequitinhonha da UFMG.
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