quinta-feira, 1 de novembro de 2018

Turmalina denuncia violência contra a mulher

Mudança cultural pelo fim da violência contra a mulher
Durante o segundo semestre deste ano, a comarca de Turmalina, no Alto Jequitinhonha, nordeste de Minas, mobilizou-se pelo fim da violência contra a mulher. 

Na 11ª Edição da campanha “Justiça Pela Paz em Casa”, o grupo Rede de Enfrentamento à Violência Contra a Mulher promove uma série de ações na cidade, com foco nas crianças e jovens das escolas públicas e privadas, com o objetivo de alcançar uma mudança mais profunda e uma transformação cultural.


Reunião. Pais e alunos participam de conversa sobre violência doméstica. Fonte: TJ-MG

De acordo com dados do Diagnóstico da Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher de Minas Gerais elaborado pelas Regiões Integradas de Segurança Pública do Estado, entre os anos de 2013 a 2016, os municípios que integram as regiões dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, no nordeste de Minas, apresentaram um número expressivo de mulheres que são vítimas de violência, ficando acima da média estadual, que é de 6 casos de feminicídios em cada 100 mil habitantes.  

O ponta pé inicial da campanha foi a organização de um kit para que cada escola tivesse elementos e materiais para utilizar com os alunos das escolas do município. A partir do trabalho desenvolvido na salas de aula, foram desencadeadas diferentes ações. Dentre elas, o grupo Rede de Enfrentamento de Violência Contra Mulher organizou uma blitz educativa, com apoio da Prefeitura, da Polícia Civil e Militar, da Associação Comercial e da Rádio Turmalina.

A blitz tinha objetivo de dar visibilidade ao problema da violência contra a mulher. Como parte da ação os alunos produziram mensagens informativas e de conscientização do problema para distribuir aos motoristas. Também foi feita uma panfletagem na feira livre da cidade e houve apresentações musicais e teatrais na praça principal.   

Para Cleiton Chiodi, Juiz da Comarca de Turmalina, “esse tipo de ação é fundamental para que a mulher seja respeitada como sujeito de direitos”. Do mesmo modo, Aneliza Pinheiro, assistente social judicial, mencionou que foram realizados debates, rodas de conversa, produções de texto e poesia e exibição de filmes visando alcançar o maior número de pessoas.

Segundo Shirley Machado, Promotora de Justiça de Turmalina, a meta da campanha é que a Rede de Enfrentamento à Violência Contra a Mulher ganhe visibilidade e atinja resultados efetivos.

Além disso, foi observado que nos locais onde não há uma atuação articulada entre as instituições/ serviços governamentais, não-governamentais e a comunidade, os casos de violência aumentaram. É por isso que esse trabalho tem um papel fundamental na luta contra este tipo de violência.
 

Consenso. Os alunos das escolas de Turmalina debatem sobre violência contra as mulheres. Fonte: TJ-MG

Violência contra Mulher: números do Brasil
A violência doméstica contra a mulher é a forma mais disseminada e universal das violências contra as mulheres, o que conforma um grave problema de saúde pública. Neste sentido, em um ranking com 84 nações ordenadas pelas taxas de feminicídios, o Brasil ocupa o sétimo lugar.

A pesquisa revela que Minas só perde para o Espírito Santo, que é o estado com maior número de casos de homicídio femininos no Brasil. Outros dados importantes mostrados são os que configuram o perfil das mulheres vítimas de feminicídio no estado: negra (60%); baixa escolaridade (48%); idade entre 20 a 39 anos (54%). O perfil do agressor em mais de 50% dos casos quem é responsável pelo feminicídio é o companheiro, e em mais de 20% são os ex companheiros.

Os diversos tipos de violência (física, psicológica, patrimonial, sexual, dentre outros) prevalecem em todo o Estado, mas a maioria dos casos registrados no Jequitinhonha e Mucuri foi de violência física seguida de psicológica. 

É de extrema importância ressaltar que essas regiões de Minas Gerais apresentam uma população feminina significativa e, ainda, as maiores taxas de pobreza, analfabetismo e de desempregos formais do Estado.

Fonte: Polo Jequitinhonha da UFMG.

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