sábado, 27 de fevereiro de 2016

II Festival Internacional de Música Histórica de Diamantina celebra as influências “o Ibéricas na tradição musical do Brasil”


O Festival conta com importantes nomes locais, nacionais e internacionais, que permitem ao público uma oportunidade singular de encontro com a música histórica, de descobrir as ricas influências das culturas ibéricas na tradição musical do Brasil. Todas as atividades são gratuitas.

Entre os destaques da programação para o último final de semana de festival estão a apresentação do grupo Caixa de Assovio, marcada para este sábado. O Caixa de Assovio é um grupo de dançantes, da cidade do Serro/MG, que atua na tradicional festa de Nossa Senhora do Rosário. A instrumentação resume-se a pífanos e caixas, uma espécie de parente das bandas de pífanos do Nordeste brasileiro, embora apresente repertório bastante distinto. Dos antigos grupos deste perfil que atuaram em Minas Gerais desde o século XVIII, apenas três resistem até os dias atuais, sendo a Caixa de Assovio, um destes. O atual chefe do grupo, Seu Jadir Canela, é um dos ícones vivos da festa do Rosário do Serro, dela participando desde a década de 1960, a princípio, integrando a Marujada e posteriormente, em 1988, passando a atuar na Caixa de Assovio.
Encerrando a programação do II Festival Internacional de Música Histórica de Diamantina, no domingo, o grupo Ilumiara apresentará o concerto Romanceiro popular brasileiro, com a participação especial de Ori Harmelin(Alaúde), Hudson Lacerda(violão) e Aline Cantia (narração de textos). O Ilumiara é formado por cinco músicos que também atuam como pesquisadores. O grupo traz em seu espetáculo a contextualização histórico-social dos cantos de trabalho no Brasil. Sua apresentação levará ao público um repertório de cantos de trabalho recolhidos da tradição, diretamente em suas fontes, ou a partir de registros de pesquisadores pioneiros como Mário de Andrade, Oswaldo de Souza e Ayres da Mata Machado. O grupo interpreta vissungos, cantigas de ninar, canto de lavadeiras, entre outros, em arranjos elaborados a partir de uma visão estética contemporânea.
Em sua segunda edição, o Festival adota o termo “Música Histórica”, substituindo a expressão “Música Antiga” utilizada na edição anterior, como forma de integrar, para além da música erudita, registrada em partituras, os saberes passados de geração a geração pela tradição oral, o conhecimento popular, as ricas experiências culturais dos processos históricos. Para o diretor artístico do Festival, Marco Brescia, a mudança visa, nesta edição, “abarcar o fazer musical ibérico disseminado pela tradição oral, ancestral, vernacular, custodiada pelas gentes dos Sertões do Brasil, que juntos conformam o riquíssimo arcabouço da cultura brasileira mais autêntica”.
A cidade não é utilizada como mero palco/cenário para o festival. Ela também é proponente/executora do evento, participando ativamente de todos os processos. A preparação de cada edição começa há muitos meses do festival e envolve estudos e análises dos bens e riquezas patrimoniais, vocações e sobre a contribuição deixada para a cidade a partir de cada edição do evento. Estreitando os laços com a comunidade de Diamantina, o evento abre espaço para manifestações musicais que estão inseridas dentro do contexto histórico e social local.
Com o objetivo de preservar um bem material com função imaterial e divulgar um importante patrimônio brasileiro, o órgão Almeida e Silva/Lobo de Mesquita, localizado no interior da Igreja de Nossa Senhora do Carmo, o festival se volta para a valorização musical e histórica e também para a relação com a população da cidade e suas riquezas. Com um precioso acervo de partituras, toques de sinos, bandas musicais, toques de tambores, tradição das serestas, instrumentos musicais, conservatório e artistas, a cidade, também abriga o órgão Almeida e Silva/Lobo de Mesquita, instrumento montado integralmente no Brasil no século XVIII, e que teve sua restauração concluída em 2014. O processo de restauração levou 8 anos e foi realizado em três etapas. A equipe de restauro contou com a direção do mestre organeiro Frédéric Desmottes, que desmontou o instrumento e inventariou cada parte. ​O organista Marco Brescia e o mestre organeiro Frédéric Desmottes identificou todas as inscrições originais de Almeida e Silva para reconstituir o plano sonoro original do instrumento. O órgão Almeida e Silva/Lobo de Mesquita foi devolvido para a comunidade de Diamantina, após um hiato de 70 anos sem atividades.
Grupo Ilumiara – Foto Kika Antunes / Divulgação

Programação do último final de semana do Festival
27 de Fevereiro – Sábado
11h00 – Caixa de Assovio do Serro e Daniel Magalhães (Brasil)
Local: Mercado Velho
20h00 – Concerto: O órgão cervantino no contexto pan-hispânico – Cristina García Banegas (Uruguai)
Local: Igreja do Carmo
28 de Fevereiro – Domingo
11h00 – Concerto: Romanceiro popular brasileiro – Ilumiara (Brasil) convida Ori Harmelin (Alaúde), Hudson Lacerda (violão) e Aline Cantia (narração de textos)
Local: Igreja do Rosário
Serviço
2º Festival Internacional de Música Histórica – De la Mancha ao Sertão: o Ibérico na tradição musical do Brasil.
Até 28 de fevereiro de 2016
Diamantina – Minas Gerais
Informações e Programação: www.musicahistoricadiamantina.com
Fonte: Agência Minas

Nenhum comentário:

Postar um comentário