sexta-feira, 29 de junho de 2012

Anjo da terra e do céu, uma poesia para Dércio Marques

ANJO DA TERRA E DO CÉU
Cláudio Bento
Para Dércio Marques

O cantor partiu na asa do passarinho,
na poeira da estrela,
no pó dos caminhos,
nas veredas das noites do sertão.


O cantor partiu no rabo da primeira estrela,
contando segredos vegetais para os anjos,
cantando o canto forte das cantigas de estradar.

O cantor agora mora nestes simples versos
que ora escrevo com as tintas da ternura.
O cantor virou anjo com asas de avião,
misturou-se à terra, ao mar, ao rio que banhou sua infância.

O cantor virou cinzas
que alimentará as ervas, o pólen das flores,
o caule das àrvores e o bafejo do vento
que habita as praias e as florestas brasileiras.

O cantor partiu mas aqui viverá
eternizado no sentimento alado das canções.

Cláudio Bento é poeta. Natural de Jequitinhonha, vive há mais de 30 anos em Belo Horizonte. Publicou livros de poemas como Coração de Barro, e participa de várias antologias.
Esta é uma homenagem póstuma ao cantor, compositor e pesquisador de música de raiz, de cultura popular, Dércio Marques que nos deixou nesta terça-feira, 26.06. 
Dércio foi um grande divulgador da música e da cultura do Vale do Jequitinhonha. Em 1983, gravou Riacho de Areia-Beiramar novo, em seu disco Fulejo.

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