terça-feira, 25 de maio de 2010

Assassino de ex-prefeito de Berilo pega 14 anos de prisão

Assassino de ex-prefeito de Berilo pega 14 anos de prisão
Sentença judicial decepcionou parentes e amigos de Ioiô


Esta terça-feira, 25 de maio, está registrada na história de Berilo e da Comarca de Minas Novas, no Médio Jequitinhonha, nordeste de Minas.
Foi realizado o Júri que condenou Roberto da Rocha Gonçalves, o Gil, a 14 anos de prisão por ter assassinado o ex-prefeito de Berilo, Cláudio Waldete Coelhos Santos, o Ioiô,
A sentença judicial lida pelo Juiz Cristiano Araújo Simões Nunes foi recebida pelos parentes, amigos e cidadãos berilenses e de Minas Novas, com uma certa decepção. Esperava-se a pena máxima de 30 anos, pela qualificação de crime cruel, por tocaia, à traição, e ainda sob a acusação de ter sido encomendado por R$ 15 mil.
Os jurados comentavam, após o Júri, e tentavam analisar e entender, pois todos os 7 quesitos apontados pelo Juiz foram desfavoráveis para o réu. Segundo os Jurados, cada um deles marcou 7 vezes contra Gil. Foram 49 marcas de condenação máxima.

O Júri
O julgamento de Roberto da Rocha Gonçalves, o Gil, lavrador de 28 anos, teve início às 9 horas, com o sorteio de 7 jurados: Edna Lourenço, Elizabeth Soyer, Geraldina Pinheiro, Polyana Aguilar, Roberta Oliveira Amaral, Maria de Fátima Oliveira e Sérgio Batista Ramalho. Seis mulheres e um homem. Foram convocadas 9 testemunhas a pedido do advogado de defesa, Aristides Camargos Sena, e do Ministério Público, representado pela Promotora Luciana Teixeira Guimarães Christófaro. Para auxiliar na acusação, a família de Ioiô contratou o advogado de Belo Horizonte, Leonardo Costa Bandeira. No Plenário, parentes e amigos
Assistindo ao Júri estavam cerca de 120 pessoas. A maioria era do município de Berilo, mas havia gente de outros municípios, como o ex-prefeito de Chapada do Norte, Manoel Branco. Entre parentes de Ioiô estavam a viúva Aíres Maciel, seu filho Igor Maciel Coelho, quatro irmãos e primos, além de amigos e companheiros de vida partidária.
Iniciando o julgamento, o Juiz Cristiano Nunes leu a principal acusação contida no Processo 0418.08.013522-5: homicídio de Cláudio Waldete Coelho dos Santos, no dia 06 de junho de 2.008, às 22:15 horas, na residência da Av JK, de Alaíde Assis do Amaral. Crime praticado por Roberto da Rocha Gonçalves que atirou com uma cartucheira, pelas costas, de tocaia, no Ioiô, que gritou e caiu, morto no mesmo local, com 27 perfurações de chumbo, sendo 3 perfurações no coração.
As testemunhas foram chamadas. A primeira foi Natanael Gonçalves, amigo de Gil. A segunda, Rosarinha Coelho, então companheira do Gil. Paulo José foi a terceira testemunha a prestar depoimento. Outras seis testemunhas foram dispensadas.
Depoimento de Gil
Gil confessou que matou Ioiô por estar com medo de ser morto pelo médico Luiz Nogueira, que o ameaçou. Ou ele matava ou morria.
Disse que trabalhou na Fazenda de Luiz Nogueira, durante 8 meses. Nos últimos 5 meses trabalhando passou também a acompanhar o médico em suas viagens.
Luiz Nogueira falou que queria que ele fizesse um serviço. Gil perguntou o que era mas ele não respondia. Falou que diria na hora certa.
Em abril de 2008, 2 meses antes da tragédia, o médico o chamou e falou o que queria que ele fizesse. Gil disse: - Não, não posso. Luiz Nogueira insistiu e disse que ele faria sim. E lhe deu um revólver. Gil se recusou a pegar a arma. Depois, acabou levando a arma com ele. 20 dias depois, Luiz cobrou o serviço. Gil tentou desconversar, mas Luiz Nogueira insistia. Gil disse que não faria o serviço com o revólver. Os dois foram para Sete Lagoas, onde Luiz Nogueira passou-lhe uma cartucheira 12. No final de maio, Luiz cobrou dele o trato e não queria que ele inventasse mais desculpas. Deu uma semana de prazo. Gil alugou uma casa nos fundos da casa de Lalá, como é conhecida a professora Alaíde Assis do Amaral, namorada de Ioiô, segundo os autos do processo. Vigiou os passos e costumes de Ioiô na casa. Na quinta-feira, dia 05 de junho, Luiz Nogueira o chamou e disse: - Ou você faz o serviço ou vou ter que te matar. E disse que o prazo era só de um dia. Gil disse que queria conversar com ele, mas o médico disse que a conversa tinha acabado.
No dia seguinte, Gil pegou a cartucheira e foi, às 18 horas, para a casa de Lalá. Ele disse que ficou escondido, atrás da casa, nos fundos. Ioiô chegou por volta das 20 horas. Teve momentos que podia atirar quando o avistava na sala ou cozinha. Porém, quando Ioiô ia embora, ele pulou o muro. Quando Ioiô chegava ao portão, Gil disse que fechou os olhos e atirou. Ioiô gritou e caiu, já morto. Gil conta que pulou o muro e foi para casa. Ligou para seu amigo Natanael e perguntou se Ioiô tinha morrido, o que foi confirmado. Gil conta que foi até o Hospital, onde o cropo de Ioiô estava, esperando encaminhamento. Ficou observando o movimento das pessoas. Lá ficou até 3 horas da manhã.
Ele conta que fugia de Luiz, mas ele mandava recado. Como estava passando mal, devido à falta de ar foi até o Hospital, onde foi consultado. De lá, foram os dois até a casa do médico, que pediu a arma. Foram até o local onde havia escondido a arma e lhe entregou. Luiz ameaçou e pediu pra ficar de bico calado.
Gil conta que no dia 10.06.08, recebeu R$ 100 como pagamento de outros serviços prestados para o médico, e nada mais recebeu. Luiz Nogueira pediu para esperar baixar a poeira para pagar o prometido. Depois não viu mais o Luis. Ele fugiu.
Luiz ligou para um amigo seu e propôs encontrar com Gil no trevo da estrada de Turmalina. Gil não foi com medo de ser emboscada.
Gil afirmou ser somente ele e Luiz Nogueira os envolvidos no assassinato de Ioiô. Ninguém mais.
Ameaças
Gil afirmou sofrer ameaças até hoje. È informado que até dentro da cadeia ele pode morrer. Disse que tinha muito medo do médico. Depois que ocorreu o crime, perdeu o medo do médico.
Denunciou que após ser preso foi torturado por policiais civis. Informou que foi retirado por 18 vezes da cela para tentar incriminar outras pessoas, sofrendo pressões e ameaças do Delegado de Polícia de Minas Novas. A ordem era incriminar o ex-prefeito João Amaral, de Berilo.
O Juiz deu um intervalo de 11:00 h às 12:30 h para almoço. Promotoria e advogado contestam Gil e pedem condenação
A Promotora Luciana Teixeira e o advogado Leonardo Costa Bandeira desqualificaram todas as justificativas de Gil. Disseram que ele podia muito bem denunciar as ameaças à Polícia e não praticar o crime. A Promotora qualificou o crime como hediondo, premeditado, por tocaia, à traição, de emboscada, e por motivo torpe, acompanhando a vítima por dois meses, e ainda mais, motivado pela promessa de recebimento de R$ 15 mil para executar Ioiô.
O advogado Leonardo Bandeira destacou o crime como vil, bárbaro, covarde, mercenário, frio e calculista, caindo no “discurso sedutor do dinheiro fácil”. Destacou a vida de Ioiô como prefeito e disse que ele se preparava para a Convenção partidária naquele fatídico mês de junho.
Afirmou que Gil poderia ter desistido da empreitada, mas preferiu escrever sua história de um modo diferente que fez sofrer não só a família de Ioiô, mas da comunidade berilenses.
Defesa de Gil
O advogado Aristides Camargos Sena disse que não estava ali para denegrir, demonizar a imagem da vítima, do Ioiô, pois tinha com ele um relacionamento respeitoso.
Denunciou as torturas do Delegado de Polícia de Minas Novas e pressões com tapas, empurrões e sevícias sobre Gil para incluir João Amaral como um dos envolvidos no crime. Afirmou que o Delegado forjou um documento com versão duvidosa.
Relatou as atrocidades cometidas por Luiz Nogueira e o medo que ele impunha por onde passava.
Pediu aos jurados que fizessem um julgamento humano do Gil, mesmo que o condenassem, pois aquele foi primeiro ato criminoso dele. Sentença
Às 15:20 horas, o Juiz esvaziou o plenário para que os Jurados respondessem a 7 quesitos sobre a condenação ou não do Gil.
Vinte minutos depois, a sentença era lida.
Roberto da Rocha Gonçalves foi condenado a 14 anos de prisão, em regime fechado.
Decepção geral
Houve um silêncio total e troca de olhares de decepção. Descendo as escadarias do Fórum só se ouvia que deveria ter sido a pena máxima de 30 anos. A Justiça não estava sendo praticada direito.
Os Jurados diziam que todos registraram condenação do Gil e não entendem porque a pena foi de apenas 14 anos.
Xingamentos
Quando Gil saiu do Fórum, conduzido por policiais militares, foi xingado por “Passa-fome, matando por dinheiro”, “assassino”, “morra na cadeia, desgraçado”, “você arrasou nossas vidas”.
Alguns correram atrás da viatura policial gritando para se fazerem ouvir os desabafos.
Julgamento de Luiz Nogueira
Durante seu pronunciamento, o advogado Aristides Camargos Sena denunciou que o Ministério Público da Comarca de Minas Novas estava aceitando o desforamento, ou seja, a transferência do julgamento de Luiz Nogueira para o Fórum de Belo Horizonte. E afirmou que ele teria que ser julgado na Comarca de Minas Novas e não em BH.
O julgamento do médico não foi ainda marcado, nem há uma previsão da data em que pode acontecer, segundo informações de servidores do Fórum.

Um comentário:

sansan disse...

14 ANOS???MUITO POUCO... A JUSTIÇA DO BRASIL É UMA MERDA MESMO...POR ISSO QUE O BRASIL NÃO VAI PRÁ FRENTE!!! NÃO TEMOS JUSTIÇA...

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