Obama teria encorajado Lula a obter acordo com o Irã, diz agência
Pedido atendido. Mensagem obtida pela 'Reuters' indica que presidente americano incentivou brasileiro a convencer Ahmadinejad para que aceitasse os termos contidos no Acordo de Teerã, anunciado na véspera de Washington encaminhar à ONU proposta de sanções
22 de maio de 2010 0h 00
O presidente dos EUA, Barack Obama, reconheceu a seu colega Luiz Inácio Lula da Silva que um acordo com o Irã sobre a troca de urânio por combustível nuclear "criaria confiança e diminuiria as tensões" no Oriente Médio. Essa ponderação estaria em trechos de uma carta confidencial obtida ontem pela agência Reuters.
O documento teria sido enviado por Obama há cerca de 15 dias, pelo menos uma semana antes do acordo firmado em Teerã com mediação de brasileiros e turcos. A carta não foi divulgada na íntegra e os trechos que vazaram foram justamente os que confirmam a versão do governo brasileiro de que o acordo atendeu as exigências de Washington. O vazamento das informações ocorre no momento em que o Itamaraty trabalha para evitar a aprovação de novas sanções ao Irã no Conselho de Segurança.
A Presidência e o Itamaraty não confirmaram a veracidade dos trechos da carta e resistiam em liberar seu conteúdo integral, sob o argumento de que se trata de uma comunicação pessoal entre chefes de Estado.
"Do nosso ponto de vista, uma decisão do Irã de enviar 1.200 quilos de urânio de baixo enriquecimento para fora do país criaria confiança e diminuiria as tensões regionais por meio da redução do estoque iraniano de LEU (urânio levemente enriquecido na sigla em inglês)", disse Obama.
Trata-se exatamente do principal tópico do acordo de Teerã, que prevê o depósito de LEU na Turquia no prazo de um mês e a entrega de 120 quilos de combustível nuclear ao Irã em até um ano. Segundo a Reuters, Obama expressa na carta sua preocupação com a possibilidade de o Irã acumular, em um ano, estoque suficiente para a construção de "duas ou três armas nucleares". Autoridades americanas já haviam mencionado ao Estado essa suspeita.
Em relação ao esforço do presidente Lula em convencer o Irã a cooperar, de acordo com a Reuters, Obama reconheceu que Teerã estava flexibilizando sua posição. "Nós observamos o Irã dar sinais de flexibilidade ao senhor e a outros, mas, formalmente, reiterar uma posição inaceitável pelos canais oficiais da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA)", afirmou o presidente dos EUA.
Segundo a Declaração de Teerã, firmada com a mediação de brasileiros e turcos, o Irã se compromete a notificar a AIEA, por escrito, por meio dos canais oficiais, sua concordância com os termos do acordo em até sete dias a contar da data de assinatura do documento, prazo que se expira na segunda-feira.
Em outro trecho, Obama é ainda mais explícito. "O Irã continua a rejeitar a proposta da AIEA e insiste em reter seu urânio de baixo enriquecimento em seu próprio território até a entrega do combustível nuclear", escreveu Obama na carta. Mas, segundo a Declaração de Teerã, "a República Islâmica do Irã diz estar pronta a depositar seu LEU dentro de um mês".
Fonte: http://br.reuters.com
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