A degradação do Cerrado já é responsável pelo mesmo nível de emissões de CO2 da Amazônia e pelo dobro do desmatamento da floresta.
De olho na pressão sobre as comunidades tradicionais, o Programa de Pequenos Projetos Ecossociais (PPP-ECOS) destinará 675 mil dólares para projetos de uso sustentável da biodiversidade e fortalecimento comunitário no bioma.
Manifestação
Acossados pelo avanço da degradação, mais de mil indígenas, quilombolas, quebradeiras de coco, geraizeiros, vazanteiros e outras populações tradicionais que habitam o Cerrado marcharam este mês até o Congresso Nacional, onde voltaram a cobrar a aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 115/95.
Acossados pelo avanço da degradação, mais de mil indígenas, quilombolas, quebradeiras de coco, geraizeiros, vazanteiros e outras populações tradicionais que habitam o Cerrado marcharam este mês até o Congresso Nacional, onde voltaram a cobrar a aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 115/95.
Em tramitação há longos 14 anos, a PEC reconhece o bioma como patrimônio nacional, categoria em que já estão a Mata Atlântica, o Pantanal, a Amazônia, a Serra do Mar e a Zona Costeira.
A medida é considerada emblemática diante da escalada do desmatamento na região. Segundo dados divulgados este mês pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA), a degradação do Cerrado já é responsável pelo mesmo nível de emissões de CO2 da Amazônia e pelo dobro do desmatamento da floresta.
Com base em levantamentos dos satélites CBERS e Landsat, coletados entre 2002 e 2008, o MMA calcula que 6,3% do bioma tenham sido devastados no período. São 21 mil Km2 de mata nativa derrubados por ano, contra previsão de até 10 mil Km2 na Amazônia em 2010.
“Nos últimos 40 anos, a população rural do Cerrado diminuiu de 7 milhões para 3,5 milhões. Parte significativa desses migrantes corresponde justamente às populações tradicionais, que sabem como fazer o uso sustentável do Cerrado”, alerta Mônica Nogueira, uma das coordenadoras da Rede Cerrado.
Este mês, 1.300 pessoas estiveram reunidas para discutir o tema no Encontro Nacional dos Povos do Cerrado, realizado na capital federal. "O Cerrado está desaparecendo e levando tudo o que tem nele, inclusive o povo. Agora é hora de sair e gritar. Porque do jeito que está, não dá pra ficar mais", diz o geraizeiro e sócio-fundador do Centro de Agricultura Alternativa do Norte de Minas, Braulino dos Santos, da comunidade de Abóboras, em Montes Claros.
Vale do Cerrado
O Vale do Jequitinhonha tem quase todo o seu território no bioma do Cerrado. Há algumas manchas de Mata Atlântica no Baixo Jequitinhonha, e uma parte expressiva de caatinga, uma prima-irmã do cerrado.
É preciso que moradores e movimentos do Vale que se preocupam com o meio ambiente participem mais ativamente da mobilização pela aprovação da PEC 115/95.
Foto: Braulino dos Santos fala aos manifestantes, na Esplanada dos Ministérios, em Brasília.
Colaboração: Jorge dos Santos, o Jorjão, de Berilo/Taquaral, da Articulação do Semi-Árido - ASA.
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