Maioria tem
medo de coronavírus e apoia medidas de contenção, diz Datafolha.
Em pesquisa, 73% aprovam quarentena; jovens e mais ricos predominam
entre os que pararam de trabalhar.
Folha de S.Paulo, 22.03.2020 - Datafolha.
A chegada da pandemia do novo coronavírus assustou o brasileiro e mudou
seu cotidiano.
Medidas recentes adotadas por
diferentes governos modificaram a vida nas cidades. Já não se pode circular
livremente, e diversos estabelecimentos —públicos e privados— tiveram que fechar suas portas nos
últimos dias.
Ainda assim, a maioria dos entrevistados
pelo Datafolha diz concordar com esse tipo de ação mais severa.
A percepção foi colhida por pesquisa
do Datafolha de quarta (18) a sexta (20), feita por telefone devido à pandemia.
Foram ouvidas 1.558 pessoas e a margem de erro é de três pontos percentuais
para mais ou menos.
As ações oficiais para tentar conter
o vírus têm alta aceitação: 92% concordam com a suspensão de aulas, 94% aprovam
a proibição de viagens internacionais e 91% são favoráveis à interrupção nos campeonatos de futebol do
país, por exemplo.
Para prevenir contágio você acha necessário:
Resposta estimulada e única
O fechamento de fronteiras é apoiado por 92%.
O encerramento do comércio, em vigor em várias cidades, divide opiniões: 46%
são a favor, 33% são contra e 21%, aprovam parcialmente.
A suspensão de celebrações
religiosas, ponto contencioso com alguns líderes evangélicos, é aprovada por
82%.
Já a quarentena temporária, ou seja,
o isolamento forçado em casa, tem apoio de 73%, ante 24% que a rejeitam e 2%
que se dizem indiferentes.
Neste sábado (21), o governo
paulista anunciou uma quarentena de 15 dias no estado,
a partir da terça (24).
Você é a favor ou contra que o governo proíba por algum tempo todas as pessoas de saírem nas ruas para diminuir o contágio do coronavírus?
Resposta estimulada e única, em %
A favor
Contra
Indiferente
Não sabe
Evitar bares e restaurantes, que
ainda estão abertos na maior parte do país, é medida aprovada por 86%. Já o
veto a reuniões em casa tem apoio de 76%.
A população tem bastante conhecimento
sobre o vírus e teme ser contagiada. Praticamente todos (99%) dizem saber da
questão, 72% deles se considerando bem informados. Para 24%, o grau de
informação é mediano, e 3% se veem desinformados.
Você diria que está bem informado, mais ou menos informado ou mal informado sobre o coronavírus?
Resposta estimulada e única, em %
Está mal informado
Está mal informado
Está bem informado72
Está mais ou menos informado24
3
Está mal informado
Três quartos dos ouvidos (74%) têm
medo de ser infectados pelo vírus que causa a Covid-19. Desses, 36% dizem ter
muito medo, e 38%, um pouco. Mulheres são mais preocupadas: 44% têm muito medo,
ante 35% dos homens.
Você diria que tem muito medo, um pouco de medo ou não tem medo de ser infectado pelo coronavírus?
Resposta estimulada e única, em %
Um pouco de medo38
Muito medo36
Não tem medo26
O maior índice de pessoas que acham
que não serão contaminadas é justamente entre o grupo de risco mais evidente, aqueles com mais
de 60 anos: 19%.
E você diria que a chance de você ser infectado pelo coronavírus é grande, média, pequena ou não existe chance de ser contaminado?
Resposta estimulada e única, em %
Tem chance
Grande
Média
Pequena
Não tem chance
Não sabe
No momento, 97% dizem estar tomando
precauções acerca do risco de ser infectado. A maioria (63%) afirma lavar mão e
rosto, 59% buscam algum tipo de isolamento social, 46% adotaram a desinfecção
com álcool em gel e 25% estão evitando aglomerações.
Quais atitudes você está tomando para evitar ser infectado pelo coronavírus?
Resposta espontânea e múltipla, em %
Está tomando atitudes para evitar o contágio
Lava as mãos/rosto/nariz
Evita sair de casa/Quarentena/Isolamento social
Utiliza álcool gel
Evita aglomerado de pessoas
Evita abraçar e beijar as pessoas
Usa máscara
Mantém a casa limpa
Alimentação correta/boa alimentação
Cuida da higiene pessoal aumentando o número de banhos por dia
Evita contato com as pessoas/Não cumprimenta as pessoas/Evita contato físico
Higiene/higienização (sem especificação)
Redobra a higiene (sem especificação)
Usa luvas
Lava roupas/calçados quando chega da rua
Mantém a casa arejada/sempre aberta para o ar circular
Toma medicamentos naturais/vitaminas diariamente
Trabalha em regime de home office
Evita levar as mãos no rosto
Utiliza braço/antebraço ao espirrar ou tossir
Higienização de objetos/celular
Outras respostas
Não está tomando nenhuma atitude
Já o impacto da pandemia sobre o
cotidiano é visível: 37% pararam de trabalhar, 55% deixaram de ir a aulas, 76%
interromperam atividades de lazer e 46% não saem mais às ruas. Além disso,
entre os ouvidos, 10% relataram ter alguma dificuldade para comprar alimentos,
e 14%, remédios.
Durante os últimos dias, por causa do surto do coronavírus, você teve alguma dificuldade para:
Resposta estimulada e única, em %
Sim, muita dificuldade
Sim, um pouco de dificuldade
Não teve dificuldade
O contato físico, central para a
transmissão do vírus, cessou segundo o relato dos entrevistados: mais de 75% já
não beijam, dão a mão em cumprimentos ou abraçam as pessoas. Também cancelaram
viagens 43%.
Durante os últimos dias, por causa do coronavírus, você deixou de:
Resposta estimulada e única, em %
Abraçar outras pessoas
Cumprimentar outras pessoas com aperto de mão
Sair para atividades de lazer
Beijar outras pessoas
Sair para ir à escola/faculdade/curso
Sair na rua
Fazer alguma viagem que estava programada
Sair para trabalhar
Entre aqueles que pararam de
trabalhar, a maioria era composta de jovens, mais ricos e escolarizados.
O percentual daqueles que dizem
ter adotado o trabalho em casa é mínimo: 1%.
A pandemia é vista com gravidade.
Para 88%, trata-se de um problema sério, ante 11% que a relativizam e 1% que
não sabem dizer.
Você acredita que o surto do corona vírus é muito sério e todos devem se preocupar ou não há motivo para tanta preocupação?
Resposta estimulada e única, em %
Muito sério
Não há motivo para tanta preocupação
Não sabe
Já a percepção da taxa de letalidade
da doença é dividida. Para 45%, muitos morrerão no Brasil; 46% acham que
poucos, e 9% não sabem avaliar.
E quem vai morrer? O Datafolha mostra
que, para o brasileiro, serão os mais velhos (85% acham isso), os mais pobres
(50%) e homens (40%, ante 13% de mulheres e 37% que creem em isonomia).
Na sua opinião, quais grupos serão mais atingidos pelo coronavírus?
Resposta estimulada e única, em %
Mais homens
Ambos/indiferente
Mais mulheres
Não sabe
Na sua opinião, quais grupos serão mais atingidos pelo coronavírus?
Resposta estimulada e única, em %
Mais velhos
Ambos/indiferente
Mais jovens
Não sabe
Na opinião dos entrevistados, a crise
vai durar, em média, 98 dias. Acham que ela será curta, menos de 30 dias, 22%,
enquanto outros 22% creem num período de 30 a 60 dias. Já 17% veem um horizonte
de 60 a 90 dias, e 8%, de 90 a 120 dias.
Quanto tempo, em média, você acredita que vai durar a situação pela qual estamos passando por causa do coronavírus?
Em %
Até 30 dias
Mais de 30 a 60 dias
Mais de 60 a 90 dias
Mais de 90 a 120 dias
Mais de 120 dias até 1 ano
Mais de 1 ano
Não sabe
Foram entrevistados 1.558 brasileiros adultos que possuem telefone celular em todas as regiões do país. A margem de erro é de três pontros percentuais. Coleta de dados feita por telefone entre 18 e 20 de março de 2020.
No universo entrevistado, 45% têm em
casa uma pessoa do grupo de risco etário (60 anos para cima) e 35% possuem
plano de saúde - são 84% entre os mais ricos.
Há pessoas com mais de 60 anos na sua casa?
Resposta estimulada e única, em %
Não55
Sim45
Há bastante homogeneidade nas
opiniões segundo os diversos estratos da pesquisa.
No geral, os entrevistados consideram
o Brasil um pouco preparado para a crise (54%), enquanto 34% acham que o país
não está pronto. Acham que está muito 10%, índices que se assemelham na
avaliação do brasileiro em si, do SUS, da rede privada de saúde e de empresas.
Na sua opinião, o Brasil está preparado para enfrentar o coronavírus?
Resposta estimulada e única, em %
2
Não sabe
10
Muito preparado
54
Um pouco preparado
34
Nada preparado
2
Não sabe
Na sua opinião, em relação ao novo coronavírus, os brasileiros de um modo geral estão:
Resposta estimulada e única, em %
Mais preocupados do que deveriam
Menos preocupados do que deveriam
Na medida certa
Não sabe
INSTITUTO
EVITOU PESQUISA NA RUA DEVIDO AO VÍRUS
A pesquisa Datafolha realizada de
quarta (18) a sexta-feira (20) utilizou o método telefônico para evitar o
contato pessoal entre pesquisadores e entrevistados em meio à pandemia.
Os limites impostos pela técnica não
prejudicaram as conclusões devido à amplitude dos resultados apurados e pelos
cuidados adotados. A pesquisa procurou representar o total da população adulta
do país.
Esse método não se compara à eficácia
das pesquisas presenciais feitas nas ruas ou nos domicílios. É por isso que,
apesar de aproximadamente 90% dos brasileiros possuírem acesso pelo menos à
telefonia celular, o Datafolha não adota esse tipo de método em pesquisas
eleitorais, por exemplo.
O método telefônico exige
questionários rápidos, sem utilização de estímulos visuais, como cartão com
nomes.
Além disso, torna mais difícil o
contato com os que não podem atender ligações durante determinados períodos do
dia, especialmente os de estratos de baixa classificação econômica.
Assim, mesmo com a distribuição da
amostra seguindo cotas de sexo e de idade dentro de cada macrorregião, e da
posterior ponderação dos resultados segundo escolaridade, dados com método
telefônico não são comparáveis com os de pesquisa de rua anteriores.
Foram entrevistados 1.558 brasileiros
adultos que possuem telefone celular em todas as regiões do país. A margem de
erro da pesquisa é de três pontos percentuais, para mais ou para menos.
Fonte: Folha de S.Paulo, 22.03.2020.1h00.
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