Comissão
Especial devolve benefício ao setor rural e retira R$ 84 bi da
Previdência.
Passava
de
2h
da
madrugada
desta
sexta-feira, 05.07.19, quando
os
deputados
aprovaram
requerimento
Adriana
Fernandes, Eduardo Rodrigues e Camila Turtelli,
O Estado de S.Paulo
05
de julho de 2019 | 02h09
A Comissão Especial da Reforma da Previdência encerrou
a votação da proposta, depois
de
16
horas
de
debates,
devolvendo
ao
setor rural
um
benefício
tributário
que
retira
R$
83,9
bilhões
da
economia
esperada
de
R$
1,071
trilhão.
Passava
de
2h
da
madrugada
desta
sexta-feira,
quando
os
deputados
aprovaram
requerimento (sugestão
de
mudança
de
um
ponto
específico)
apresentado
pelo
bloco
formado
pelos
partidos
PP,
MDB
e
PTB.
O
texto
mantém
a
isenção
da
alíquota
de
2,6%
sobre
a
comercialização
de
produção
agrícola
como
contribuição
previdenciária,
desde
que
parte
seja
exportada.
O
destaque
também
retira
a
trava
que
impedia
o
perdão
da
dívida
do Funrural,
a
contribuição
paga
pelo
produtor
rural
para
ajudar
a
custear
a
aposentadoria
dos
trabalhadores.
A
aprovação
por
23
a
19
do
destaque
significa
um
recuo
de
quase
R$
84
bilhões
na
economia
prevista
com
a
reforma
da
Previdência,
que
perdeu
a
marca
de
R$
1
trilhão
tão
perseguida
pelo
ministro
da
Economia,
Paulo
Guedes.
Agora,
em
dez
anos,
a
proposta,
se
aprovada,
economiza
R$
987,5
bilhões.
A
medida
atendeu
ao
lobby
dos
ruralistas
que fizeram uma grande
mobilização
com
a
bancada
na
Câmara
e
com
Confederação
da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA)
junto
ao
presidente
Jair
Bolsonaro.
Na
quinta-feira, 04.07,
Bolsonaro
reforçou
sua
“lealdade”
à
bancada
ruralista,
em
café
da
manhã
com
deputados
da
Frente
Parlamentar
da
Agropecuária
(FPA).
“Como
deputado,
em
100
%
das
vezes
votei
acompanhando
a
bancada
ruralista.
E
vocês
sabem
que
votar
com
bancada
ruralista
é
quase
como
parto
de
rinoceronte,
recebendo
críticas
da
imprensa
de
organizações
não
governamentais
e
de
governos
de
outros
países”,
afirmou.
“Eu
e
Ramos
(presidente
da
Comissão
Especial
da
reforma
da
Previdência)
devemos
lealdade
a
vocês
que
nos
colocaram
no
Palácio.
Continuamos
juntos”,
concluiu
ao
fim
do
discurso.
O
benefício
ao
setor
rural
foi
o
último
destaque
que
precisava
ser
avaliado
pela
comissão.
O
relatório
da
reforma
da
Previdência
foi
aprovado
no
começo
da
tarde
de
quinta,
por
36
votos
a
13
na
Comissão
Especial.
Após
ser
aprovada
na
comissão,
a
proposta
de
emenda
à
Constituição
(PEC)
segue
para
o
plenário
da
Câmara,
onde
terá
de
passar
por
dois
turnos
de
votação
e
necessitará
do
apoio
de
ao
menos
308
dos
513
deputados.
Depois,
se
aprovada,
vai
para
o
Senado.
Considerada
a
principal
aposta
da
equipe
econômica
do
governo
para
o
equilíbrio
das
contas
públicas,
a
reforma
da
Previdência
modifica
as
regras
de
aposentadoria
para
funcionários
do
setor
privado
e
servidores
públicos
da
União.
O
texto
propõe
que
os
homens
só
poderão
se
aposentar
aos
65
anos
e
as
mulheres,
aos
62
anos,
com
um
tempo
mínimo
de
contribuição,
de
20
anos
(homens)
e
15
anos
(mulheres).
A
modalidade
da
aposentadoria
por
tempo
de
contribuição
–
que
exige
tempo
mínimo
de
35
anos
(homens)
e
30
anos
(mulheres)
vai
acabar,
caso
a
reforma
seja
aprovada
da
forma
como
está.
Os
novos
critérios
valerão
para
quem
ainda
não
começou
a
trabalhar.
Quem
já
está
trabalhando
e
contribuindo
para
o
INSS
ou
o
setor
público
terá
regras
de
transição.
Além
do
fim
da
taxação
sobre
as
exportações
agrícolas
(que
caiu
depois
com
a
aprovação
do
destaque),
o
relator
incluiu
o
aumento
de
impostos
sobre
bancos
para
aumentar
o
valor
da
economia
esperada
em
dez
anos.
Houve
uma
tentativa
de
incluir
a
previsão
de
que
a
reforma
também
valesse
para
servidores
estaduais
e
municipais,
mas
não
houve
acordo.
“Nós
esperávamos
um
resultado
maiúsculo.
Foi
um
pouco
maior
até
do
que
os
cálculos
que
nós
tínhamos.
Pensávamos
em
34
e
[tivemos]
36
votos,
o
que
demonstra
aí,
eu
acredito,
uma
possibilidade
de
que
isso
possa
ser
replicado
no
plenário
da
Câmara.
Há
um
ambiente
favorável”,
afirmou
o
secretário
especial
de
Previdência
e
Trabalho
do
Ministério
da
Economia,
o
ex-deputado
Rogério
Marinho.
Depois
da
votação,
o
relator Samuel Moreira ( PSDB-SP) defendeu
a
necessidade
de
inclusão
dos
Estados
e
municípios
na
reforma
da
Previdência.
“A
meu
ver,
nós
precisamos
lutar
para
que
eles
[Estados
e
municípios]
entrem
na
reforma
ainda”,
disse.
O
relator
também
mencionou
a
atuação
de
categorias
de
servidores
públicos,
que
buscavam,
nessa
reta
final
de
votação
na
Comissão
Especial,
alterar
seus
regimes
de
aposentadoria.
“As
corporações
têm
legitimidade,
mas
sempre
à
luz
da
sociedade”,
declarou.
“Quem
não
gostaria
de
dar
novos
benefícios?
Todos.
Mas
o
momento
é
de
reajustar
a
Previdência”.
Policiais
O Presidente Jair Bolsonaro e lideranças do governo e Congresso costuraram um acordo na quinta-feira que atendeu o pleito dos policiais militares e bombeiros,
mas
deixou
de
fora
agentes
das
Polícias
Federal,
Rodoviária
Federal,
Legislativa
e
guardas
municipais.
A
primeira
categoria
conseguiu
que
suas
regras
para
aposentadorias
e
pensão
permaneçam
sob
responsabilidade
dos
Estados.
No
texto
que
tinha
sido
aprovado,
as
exigências
seriam
vinculadas
às
das
Forças
Armadas,
que
ainda
serão
analisadas
pelo
Congresso.
Com
a
aprovação
do
destaque,
porém,
cada
Estado
é
responsável
por
suas
regras.
A
mudança
foi
considerada
benéfica
porque
em
alguns
Estados
é
permitido
a
PMs
e
bombeiros
se
aposentarem
com
menos
tempo
de
contribuição
do
que
os
35
anos
exigidos
pelo
projeto
que
trata
da
Previdência
dos
militares
federais.
Já
os
policiais
federais,
rodoviários
federais
e
legislativos
não
conseguiram
emplacar
o
destaque
do
deputado
Hugo
Leal
(PSD-RJ),
que
aproximaria,
em
parte,
as
carreiras
policiais
às
regras
previstas
para
os
militares
das Forças Armadas.
A
sugestão
rejeitada
previa
que
a
idade
mínima
para
essas
categorias
fosse
de
55
anos
(homem)
e
52
anos
(mulher).
O
governo
propôs
e
o
texto
aprovado
na
comissão
manteve
55
anos
para
ambos
os
sexos.
Junto
houve
a
tentativa
de
uma
regra
mais
suave
para
quem
já
está
na
carreira,
que
permitira
se
aposentar
após
trabalhar
17%
a
mais
sobre
o
período
restante
para
cumprir
o
tempo
mínimo
de
contribuição.
Essa
é
a
mesma
taxa
proposta
pelo
governo
para
as
Forças
Armadas.
Na
quarta
e
na
quinta,
o
governo
chegou
a
propor
pedágio
de
100%,
o
que
foi
recusado
pelas
categorias.
Outros
destaques
A
Comissão
Especial
analisou
15
destaques
(sugestões
de
mudanças
em
pontos
específicos
do
texto)
e
aprovou
dois:
o
que
retirou
a
equiparação
das
regras
dos
PMs
e
bombeiros
às
das
Forças
Armadas
e
o que devolveu a isenção para exportações agrícolas.
Professores
A
Comissão
Especial
rejeitou
destaque
do
PL
que
propunha
manter
as
atuais
regras
de
aposentadoria
para
professores:
sem
idade
mínima
e
com
25
anos
de
contribuição
para
mulheres
e
30
anos
para
homens.
Com
isso,
fica
mantida
a
proposta
no
parecer
aprovado
pela
comissão:
idade
mínima
de
57
anos
e
25
anos
de
contribuição
(mulheres)
e
idade
mínima
de
60
anos
e
30
anos
de
contribuição
(homens).
Na
votação
do
destaque,
Samuel
Moreira
pediu
aos
deputados
da
comissão
que
tivessem
responsabilidade
orçamentária
e
fiscal.
Segundo
ele,
o
destaque
não
resolve
do
ponto
de
vista
social
e
"destrói"
do
ponto
de
vista
fiscal.
O
texto
original
do
governo
previa
60
anos
de
idade
mínima
e
30
anos
de
contribuição
para
homens
e
mulheres.
Após
a
rejeição
do
destaque,
deputados
de
oposição
levantaram
cartazes
e
gritaram
palavras
de
ordem,
dizendo
que
o
governo
é
contra
a
educação.
Pensões
Os
deputados
da
Comissão
Especial
rejeitaram
o
destaque
apresentado
pela
bancada
do
PCdoB
que
sugeria
retirar
do
texto
a
previsão
de
pagamento
de
pensão
por
morte
em
valor
abaixo
do
salário
mínimo
(R$
998),
caso
o
beneficiário
tenha
outra
fonte
de
renda.
A
proposta
do
governo
previa
uma
fórmula
de
cálculo
da
pensão
que
poderia
reduzir
o
benefício
para
valores
abaixo
do
salário
mínimo. A
fórmula
prevê
o
pagamento
de
60%
do
benefício
mais
10%
por
dependente
adicional.
O
relator
da
proposta
na
Câmara,
deputado
Samuel
Moreira
(PSDB-SP),
alterou
o
texto
duas
vezes
para
fazer
uma
ressalva:
se
a
pensão
for
a
única
renda
de
todos
os
dependentes,
não
poderá
ser
menor
que
o
salário
mínimo.
Com
a
rejeição
do
destaque,
esta
foi
a
regra
que
ficou.
Idade
mínima
A
Comissão
Especial
rejeitou
sugestão
do
partido
Novo
para
reincluir
na
reforma
um
gatilho
para
aumentar
a
idade
mínima
de
aposentadoria
em
caso
de
elevação
da
expectativa
de
sobrevida
da
população.
A
proposta
original,
enviada
pelo
presidente
Jair
Bolsonaro,
previa
que,
a cada
quatro
anos,
a
idade
mínima
de
aposentadoria
seria
elevada
em
75% sobre
o
aumento
apurado
na
expectativa
de
sobrevida
do
brasileiro
aos
65 anos. Para
cada
quatro
meses
de
aumento
na
expectativa,
três
meses
seriam adicionados
à
idade
mínima
proposta
pelo
governo,
de
62 anos (mulher)
e 65
anos
(homem).
O
relatório
do
deputado
Samuel
Moreira
(PSDB-SP)
eliminou
o
gatilho
da
reforma,
deixando
as
idades
mínimas
fixas,
podendo
apenas
ser
alteradas
com
a
aprovação
de
nova
Emenda
à
Constituição.
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