Comunidades quilombolas do Vale do Jequitinhonha têm sua primeira remanescente a ingressar no Mestrado em Antropologia Social da UFMG, em Belo Horizonte
Raquel de Souza Pereira, 23 anos, é da comunidade quilombola de Morrinhos, em Berilo, no Médio Jequitinhonha. Foto: Arquivo Pessoal de Raquel |
Quantas vezes ouvimos a frase “sonhar não é poder" e muitas vezes desistimos de sonhar porque muitos não acreditam que você realmente pode? Dependendo de sua etnia e da posição social que você se encontra este direito de sonhar é cortado a todo momento. Mas, essa realidade vem mudando. Nosso povo está empoderando-se, no reconhecimento fisicamente e intelectualmente. Assim, as portas vão se abrindo pela persistência do estudar. O estudo é o caminho que nos leva a realizar sonhos.
E agora, uma dessas sonhadoras acaba de mostrar para todos nós que pode e deve ter sonhos cada vez mais altos. Raquel de Souza Pereira tem 23 anos. Filha de agricultores familiares, nascida na comunidade quilombola de Morrinhos, localizada no município de Berilo, no Médio Jequitinhonha, nordeste de Minas, sempre foi uma menina engajada nas ações de luta pelos direitos de seu povo. Seja na luta contra o avanço da monocultura do eucalipto, na luta por igualdade de gênero ou na luta pela garantia dos direitos das comunidades quilombolas. Dedicada, sempre estudou em escola pública, e teve nos livros a inspiração dos sonhos possíveis.
Graduou-se no Curso Superior de Tecnologia em Gestão Ambiental pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Norte de Minas Gerais – IFNMG /campus Araçuaí.
Participou, num período de 06 meses, do processo seletivo no Programa de Pós - Graduação em Antropologia Social (PPGan) da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas - FAFICH, na Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG. Foi selecionada com uma excelente nota, tornando-se a primeira descendente de quilombolas do Vale do Jequitinhonha a ingressar no Programa de Antropologia da UFMG.
Essa área é de suma importância para as comunidades de remanescência quilombola, tendo em vista que são os profissionais da área antropológica que fazem os estudos para titularização coletiva dos territórios quilombolas e há poucos profissionais com este perfil, o que dificulta este trabalho.
Sonhar é sim, possível. Basta acreditarmos em nós mesmos. Não há limites para os sonhos.
Que outros e outras Raquéis continuem a sonhar.
Todos nós temos os mesmos direitos, o direito de ocuparmos as Universidades Federais, seja em graduação, mestrado ou doutorado.
Que Raquel sirva de inspiração a todos os nossos jovens que mantêm vivo dentro de si o direito de sonhar alto, porque sonhar é sim, poder!
Publicado no Blog do Jô Pinto
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