Canal de transporte de minério através da água terá 482 km e atravessará 21 municípios.
9 são de Minas: Grão Mogol, Padre Carvalho, Fruta de Leite, Novorizonte, Salinas, Taiobeiras, Curral de Dentro, Berizal e Águas Vermelhas.
Foto: Mídia Ninja
Filipe Ribeiro Sá Martins, do Brasil de Fato.
No auge do debate sobre o uso da água, o estado de Minas Gerais pode receber mais um mineroduto. O Projeto Vale do Rio Pardo, empreendimento que prevê um mineroduto de 482 km do Norte de Minas até a Bahia, está prestes a obter a licença prévia do IBAMA.
Está marcada para esta quinta-feira (05.02), no município de Grão Mogol, no Vale do Jequitinhonha, no norte de Minas, uma audiência pública para apresentar à população a atualização do EIA/RIMA do Projeto Vale do Rio Pardo, considerado o maior projeto de mineração a céu aberto do norte de Minas e o segundo maior mineroduto do Brasil. O projeto é da empresa Sul Americana de Metais S/A – SAM.
Essa nova atualização traz uma expansão na estrutura e na exploração mineral do projeto aumentando ainda mais os seus impactos e colocando em risco todo o abastecimento de água da região. Movimentos sociais e entidades ambientais denunciam que os principais pontos questionados na primeira apresentação do licenciamento, em 2012, sequer foram considerados.
Pesquisadores apontam que o empreendimento vai afetar povos tradicionais da região, conhecidos como Geraizeiros, que dependem do cerrado vivo para sua reprodução. “O licenciamento não leva em consideração que o projeto vai iniciar um processo de desertificação na região, pelo uso e contaminação dos solos e dos mananciais”, afirma Alexandre Gonçalves, agrônomo e membro da Comissão Pastoral da Terra, uma das muitas entidades que lutam contra o empreendimento na região.
O Ministério Público Estadual (MPE) entrou com uma ação civil pública solicitando a suspensão do licenciamento ambiental da SAM em abril do ano passado, apontando diversas estratégias utilizadas pela empresa para burlar impedimentos na legislação ambiental.
O Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) acompanha o caso na região desde o início dos debates e afirma que têm feito denúncias ao Ibama e ao Ministério Público. “Tememos um verdadeiro crime socioambiental, com violações sistemáticas dos direitos humanos. A forma intensiva de exploração mineral é um ataque à soberania, levando nossa água e nossa biodiversidade pelos canos”, Elane Rodrigues, coordenadora estadual do MAB.
Entenda:
O Projeto Vale do Rio Pardo prevê a construção de uma mina para extração do minério de ferro no município de Grão Mogol, local onde o minério será também beneficiado, e a construção do mineroduto que atravessará 21 municípios. A SAM já tem a outorga, ou seja, o direito de uso, de 6.200 mm³/hora de água da Barragem de Irapé, localizada no município. O valor representa 14% de toda a capacidade de cessão da água da barragem, que está instalada no rio Jequitinhonha, um dos maiores da região, responsável por abastecer milhares de famílias e comunidades, que vivem basicamente da agricultura familiar.
O traçado do mineroduto passará por 21 municípios, sendo 9 em Minas Gerais (Grão Mogol, Padre Carvalho, Fruta de Leite, Novorizonte, Salinas, Taiobeiras, Curral de Dentro, Berizal e Águas Vermelhas) e 12 na Bahia (Encruzilhada, Cândido Sales, Vitória da Conquista, Ribeirão do Largo, Itambé, Itapetinga, Itaju do Colônia, Itapé, Ibicaraí, Barro Preto, Itabuna e Ilhéus) com uma extensão de 482 km.
Custo do mineroduto é 18 vezes mais barato que a Estrada de Ferro.
O diretor de Relações Institucionais da SAM, Geraldo Magela Gomes, informou em 2012, durante audiência pública na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), que o transporte do minério entre a mina, localizada nos municípios de Grão Mogol e Padre Carvalho, e o Porto Sul, em Ilhéus (BA), custaria cerca de US$ 18,00 a tonelada, se fosse realizado por estrada de ferro. Enquanto que pelo duto custo para escoar o mesmo volume ficará entre US$ 0,90 e US$ 1,00.
Dessa forma, somente com o duto, a implantação do projeto será viável. Ele explicou que o custo para produzir o minério na região será elevado, pois o teor de ferro é de 20% e a mineradora terá que beneficiar o mineral para alcançar um teor próximo de 65%..
O diretor de Relações Institucionais da SAM, Geraldo Magela Gomes, informou em 2012, durante audiência pública na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), que o transporte do minério entre a mina, localizada nos municípios de Grão Mogol e Padre Carvalho, e o Porto Sul, em Ilhéus (BA), custaria cerca de US$ 18,00 a tonelada, se fosse realizado por estrada de ferro. Enquanto que pelo duto custo para escoar o mesmo volume ficará entre US$ 0,90 e US$ 1,00.
Dessa forma, somente com o duto, a implantação do projeto será viável. Ele explicou que o custo para produzir o minério na região será elevado, pois o teor de ferro é de 20% e a mineradora terá que beneficiar o mineral para alcançar um teor próximo de 65%..
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