ZÉ REIS: ESTAMOS MOSTRANDO A SOLUÇÃO
PARA OS PROBLEMAS DA ÁGUA.
Presidente de um consórcio pioneiro em gestão pública no estado de Minas, Zé Reis mostrou como os sete municípios participantes do CIMVALES (Chapada Gaúcha, Januária, Bonito de Minas, Cônego Marinho, Miravânia, Montalvânia e Juvenília) trabalham para o desenvolvimento de uma região esquecida pelo governo estadual.
"Enquanto os outros municípios estão falando em falta de água, estamos mostrando a solução para o problema dos recursos hídricos", disse Reis .
24 DE FEVEREIRO DE 2015.
Minas 247 - Em entrevista ao Minas 247, o presidente do Consórcio Intermunicipal do Norte de Minas, o prefeito de Bonito de Minas, Zé Reis, mostrou como um grupo de municípios de uma das regiões mais pobres do estado está desenvolvendo um programa de tecnologias hídricas que acaba com o problema de falta d'água na região, servindo de exemplo para todo o Brasil.
Atuando como um microestado dentro de Minas Gerais, o Cimvales é pioneiro nesta forma de administração e está em contato direto com o governo federal, o que facilita a logística de grandes projetos, difíceis de serem aprovados se fossem repassados ao governo de Minas.
247 - Como está acontecendo a implantação de tecnologias hídricas nos municípios que participam do Cimvales?
Na questão do uso da segunda água, da captação de água de chuva, o cimvales acaba ultrapassando o próprio estado por ter mais de equipe.
Na primeira etapa estávamos com 1288 tecnologias (de captação da água em casas na zona rural) e o estado estava com 1441, agora estamos terminando 1386 conseguindo fazer economia e ampliando a meta, enquanto o estado continua nas mesmas 1441 tecnologias. Nós buscamos a expertise para produzir estas tecnologias em outros estados, como Pernambuco e Bahia e trouxemos para cá, adaptando para nossa região.
Já está pactuado com o ministério para novas 2250 novas tecnologias para novas famílias que incluem, inclusive, a captação de água de chuva para escolas, que é de suma importância. Enquanto os municípios falam em falta de recursos hídricos, estamos dando a solução para o problema.
Esse desenvolvimento ocorreu em sete municípios do consórcio: Chapada Gaúcha, Januária, Bonito de Minas, Cônego Marinho, Miravânia, Montalvânia e Juvenília. Tivemos uma conversa muito superficial com o secretário do governo Paulo Guedes para a intervenção dos rios, nas veredas, que é necessário, é de suma importância. Então ficou essa conversa para levar a presidência mas não obtivemos resultados.
247 - Por que foi escolhido estar em contato com o governo federal diretamente, sem tramitar pelo estado de Minas Gerais? Essa via de contato estava mais rápida que pelo governo estadual?
Sim. Na verdade o estado continua com a ideia de trabalhar em doses homeopáticas, em conta-gotas, sendo que o esquecimento ao longo dos anos da nossa região necessita de doses farmacológicas - se eu ficar contando história de tecnologias para 20 famílias, 60 famílias isso não resolverá o problema. Nosso publico é trabalhado em 200 famílias por município (do consórcio) para equiparar com o investimento nos municípios do resto do estado. Quando chegamos no governo do estado, apresentavam projetos "a conta-gotas", e por isso a necessidade do consórcio de procurar diretamente o governo federal, o que deu certo.
Em um segundo momento do projeto hídrico, passaremos a trabalhar com 2250 famílias nos sete municípios. Consequentemente, quando o projeto estiver em funcionamento teremos quase 3600 tecnologias de captação hídrica na casa das famílias dos municípios pertencentes ao Cimvales.
247 -O governo estadual dá a devida importância ao Cimvales?
Ainda não. Na verdade encontrei com o governador Fernando Pimentel quando ele esteve em Montes Claros, junto com o secretário Paulo Guedes, e apresentei a ordem de serviço do consórcio mais foi levado como uma mera falácia.
Poderíamos estar muito além - vivemos em uma zona cinzenta - nós não somos nordeste nem sudeste. Minas Gerais nos vê como uma região que precisa ser tratada desproporcionalmente à zona da mata e triângulo mineiro.
Ficamos numa área sem investimentos, pois não tínhamos extração de minério nem larga produção industrial. Nosso IDH é ruim, porquê? Nosso acesso é ruim, o Proacesso chegou em apenas 2 anos, ainda não temos acesso as comunidades, o município não tem dinheiro para asfaltar, fica a cargo do estado e da união, se eles não veem esse trato desigual em relação aos municípios ricos, ficamos para trás no processo de evolução, e aí vem a importância do Cimvales ser reconhecido e respeitado. Certos equipamentos não são viáveis para um município, mas podem ser para o consórcio.
O Cimvales é uma ferramenta de descentralização. Como a máquina do estado é muito grande para que as coisas aconteçam, é necessário que se descentralize. A coisa se torna muito mais séria e mais frutífera do que burocrática, como era antes.
247 - Existem outros projetos que diversificarão a atuação do consórcio?
O consórcio deverá atuar em todos os segmentos, principalmente no desenvolvimento - o hídrico foi em virtude de uma necessidade. Mas temos um sonho de atacar na parte de acesso, de interligação das zonas rurais de municípios, pois de nada adianta produzir o alimento e não conseguir escoá-lo, transformar em capital no bolso do produtor.
O Cimvales é um consórcio multifinalitário, é intenção também abranger áreas que são problemáticas em nossa região, como a própria Saúde. Um hospital regional de especialidades gerido pelo Cimvales poderia ser de grande valia ou mesmo a redenção para o Norte de Minas. As potencialidades são imensas. O Governador Pimentel criou um hospital assim em Belo Horizonte em sua gestão, acredito que seja hora de conversarmos em prol do Norte de Minas.
247 – Quais as vantagens de trabalhar de forma consorciada?
A vantagem maior é a gestão e disponibilidade de recursos, quando um pequeno município como o Bonito de Minas de apenas 10.000 habitantes vai ao Ministério do Desenvolvimento Social solicitar 20 milhões de reais para programas de amparo social ele não é ouvido. Mas quando o prefeito de Bonito de Minas, representa 07 municípios que juntos possuem uma área equivalente a 85% do Estado de Sergipe, as coisas mudam de figura. E o próprio Governo tem mais confiança que o recurso chegará ao seu destino, sua meta, pois são 07 prefeitos gerindo todo o processo.
Onde fica o CIMVALES
O CIMVALES está localizado no extremo norte de Minas, na divisa com Bahia e Goiás, na microrregião de Januária. Dos municípios participantes, apenas Januária se destaca com 67.875 habitantes. Um possui mais de 15 mil habitantes. Os outros cinco têm menos de 10 mil habitantes e tem vida administrativa recente, tendo sido emancipados em dezembro de 1.995.
Confira a população de cada um, segundo o IBGE, de 2010:
Bonito de Minas - 9.671 habitantes;
Chapada Gaúcha - 10.792 habitantes;
Cônego Marinho - 7.089 habitantes
Januária - 67.875 habitantes;
Juvenília - 5.708 habitantes;
Miravânia - 4.561 habitantes;
Montalvânia - 15.682 habitantes.
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