Casal é contestado pelos católicos que acusam manifestação satânica.
"Gostamos de rock, de cores escuras, e vestimos de uma maneira singular. Não cometemos nenhuma infâmia contra o catolicismo", afirma o casal.
O casal Wesley Aurélio Mendes Chaves e Fernanda Alves Martins resolveram dizer sim de uma maneira diferente. O casamento no estilo gótico, realizado em janeiro deste ano, em uma igreja católica de Rubim, no Vale do Jequitinhonha, causou muitas polêmicas na cidade.
Wesley e Fernanda se casaram no dia 11 de janeiro em uma paróquia da cidade de Rubim. (Foto: Wesley Chaves/Arquivo Pessoal)
Wesley Aurélio conta que ele e sua esposa Fernanda namoraram por cerca de dois anos e marcaram o casamento para o dia 11 de janeiro de 2014. Antes de escolherem a data, os dois procuraram o padre João Carlos, da paróquia de Rubim, e expressaram a vontade de realizar o casamento no estilo heavy metal e gótico.
“Eu e minha esposa somos católicos. Não cometemos nenhuma infâmia contra às regras impostas pelo catolicismo. Gostamos de rock, de cores escuras, e vestimos de uma maneira singular. Queríamos ter um matrimônio que fosse a nossa cara. Meu casamento é legítimo e não tem nada que alguém possa questionar”, diz o marido.
Mas o casamento gótico não agradou alguns fiéis da cidade. Mesmo com aprovação do padre, segundo Wesley, no dia do casamento, o casal passou por diversos problemas.
“Os moradores começaram a dizer que fazíamos parte de uma seita satânica e que não podíamos por os pés nas igreja. O estilo de vida e roupa não têm relação com a religião. No dia do casamento, minha noiva foi difamada na porta da igreja e aquelas declarações preconceituosas me prejudicam até hoje”, desabafa.
Wesley conta que abriu um estúdio de tatuagem e a clientela tem se afastado. “Trabalhar como tatuador já não é uma tarefa fácil. Agora que todos na cidade acreditam que eu participo de uma seita satânica, a coisa ficou pior ainda”.
Para ele, o gótico não é uma pessoa pálida, vestida de preto, que aprecia a noite, tem uma personalidade melancólica e solitária. “Somos normais. Apenas gostamos de rock e de roupas escuras. Estou tendo tantos problemas que, dias após o casamento, registrei um boletim de ocorrência por calúnia e difamação”, afirma.
O casal passou por todos os pré-requisitos para a celebração religiosa na Igreja Católica como batizado, primeira comunhão, crisma e curso de noivos.
Divergências
As polêmicas em torno do casamento gótico não param por aí. Além dos transtornos enfrentados no dia da cerimônia, o casal e o padre vêm sofrendo ameaças por parte de alguns fiéis.
“Isso é errado e a Igreja não pode admitir casamentos como esse. A casa de Deus é um santuário. Não é um lugar para fazer o que bem queremos. As regras do catolicismo e a Bíblia ditam um padrão para casamentos, não podemos celebrar nada de diferente do tradicional”, comenta uma vendedora que não quis se identificar.
A dona de casa Maria das Graças Santos também é contra a realização de casamentos góticos no templo católico. Ela diz não ser contra o estilo de vida do casal, mas acredita que a igreja é uma casa santa e segue regras.
“Estamos tentando levar o caso para a Diocese de Almenara, mas ainda não oficializamos as reclamações. Queremos um posicionamento da Igreja em relação a essa situação. E se não obtivermos resultado, vamos até Brasília procurar o bispo responsável”, afirma.
Maria das Graças diz ainda que os fiéis querem a anulação do casamento para servir de exemplo para demais noivos. Eles também buscam a transferência do padre. “Vai que essa moda pega! Depois deste episódio não existe mais clima durante as missas”.
Procurado pela reportagem, o padre João Carlos disse que não poderia se pronunciar formalmente sem autorização da Diocese de Almenara. A secretária da Diocese informou que não tem conhecimento do caso e que não recebeu qualquer reclamação formal.
Apoio ao casal
Dos aproximadamente 9.500 habitantes da pequena cidade de Rubim, nem todos são contra a união do casal gótico. Parentes e amigos dizem entender o estilo de vida de Wesley e Fernanda e muitos deles estiveram presentes no dia do casamento.
Wesley disse que, desde os 13 anos, admira o estilo roqueiro e que desde então passou a adotar o figurino em seu dia-a-dia. Já Fernanda aderiu a moda há mais de cinco anos. O casal conta que, quando disseram para os familiares e colegas que iriam promover um casamento “diferente”, todos curtiram a ideia.
“Todos até aderiram ao estilo. Os convidados e padrinhos vieram de roupa escura. Fizemos uma pequena festa, após a celebração, estilo baile de rock. Só temos a agradecer aqueles que nos conhecem e sabem que somos pessoas do bem e também aos que não fazem um pré-julgamento”, finaliza.
Convidados aderiram ao estilo gótico do casamento. (Foto: Wesley Chaves/Arquivo Pessoal)
Fonte: Inter TV dos Vales/G1
Um comentário:
Esse povo da igreja, principalmente os mais antigos, ou mais influentes, são sempre alienados e não gostam de nada novo...
Achei legal e interessante já que não é todo dia que se vê um casamento desses,
agora questão de pessoas contra, em qualquer cidade, e em qualquer igreja, sempre ha pessoas que é contra tudo e só o que eles ditam é o certo,
porem esquecem, que não é roupa, nem estilo de vida que agrada a deus, e sim o coração da pessoa
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