Cuiabá, Gouveia: Ao natural
Pense num lugar em que não há barulho de trânsito, correria do dia a dia e nem preocupação com a violência, tão comum nas grandes cidades. Se ficou difícil imaginar, você vai viajar agora para um ambiente sossegado, com rica gastronomia e muitas atrações turísticas, onde vivem apenas cerca de 80 habitantes, de 32 famílias. É o vilarejo de Cuiabá, distrito de Gouveia, a 260 km de Belo Horizonte, no Alto Jequitinhonha, Minas Gerais.
Pequeno povoado de Cuiabá, em Gouveia, Minas Gerais
Cercado pela serra do Espinhaço, a 1.582 m de altitude, o local, descoberto no século XVIII, permaneceu por muito tempo desconhecido, mas, agora, entrou para a rota do Turismo de Vilarejo.
Ao redor de Cuiabá ficam as comunidades rurais de Caxambu, Barão de Guaicuí, Chapadinha e Bucaina. Em cada uma delas, um atrativo diferente, como grutas, sítios arqueológicos, cachoeiras e rios de água limpa e transparente, além de serras e mirantes, de onde é possível admirar o pôr do sol, considerado uma das visões mais belas de Minas. As visitas aos locais podem ser feitas por meio de cavalgadas e caminhadas ecológicas. Alguns trechos podem ser percorridos de bicicleta, com a passagem por trilhas e pela antiga estrada de ferro, por onde circulava a maria-fumaça.
Em clima rústico e caloroso
O que encanta ainda mais no distrito de Cuiabá é a hospedagem. Sem hotéis, as moradias foram transformadas em pequenas pousadas. Ao todo, são disponibilizados 40 leitos. Nas casas simples, com telhado colonial e chão de cimento batido ou, em alguns endereços, de cerâmica e de tábua, os quartos são espaçosos, sendo a maioria com portas e janelas de madeira, sem grades do lado de fora. Muros também são difíceis de encontrar e o que mais se vê são cercas de arame farpado.
"O ambiente é hospitaleiro, simples e aconchegante. Além disso, a paisagem e o clima interiorano nos remetem ao passado, diferente da agitação que vivemos atualmente", observa o empresário Sílvio Wagner da Silva, 35.
O empresário esteve hospedado na "pousada" da costureira Maria Ângela Costa Rosa, 69. Nascida lá, ela se mudou ainda jovem para Belo Horizonte, onde morou por quase 40 anos e teve três filhos. Em 2008, retornou sozinha à terra natal e construiu a casa na antiga fazenda do pai. São quatro quartos espaçosos, uma sala grande e cozinha com fogão a lenha, aceso o dia todo. De tão aconchegante, ela recebeu, no ano passado, o convite para participar do Turismo de Vilarejo.
Mapa com localização do município de Gouveia no Alto Jequitinhonha, região central de Minas
"Uma oportunidade de conhecer pessoas diferentes e voltar a ficar com a casa cheia. Além disso, ganho dinheiro com as diárias – só com café da manhã sai a R$ 30 e pensão completa, a R$ 50 – dos hóspedes, que ajudam nas despesas da propriedade", conta Maria Ângela, diante de uma mesa farta de café da manhã, repleta de queijo minas, rosca de nata e pão de queijo feito com ovo caipira, acompanhados de leite da roça e café passado na hora.
"A alimentação é oferecida nas moradias. A pessoa ainda tem a liberdade de almoçar no lugar de sua preferência", explica Cláudio Silva Ramos, diretor de projetos da Esfera Consultoria, responsável pelo projeto Turismo de Vilarejo.
Publicado no jornal O Tempo, em 14.06.11 e Passadiço Virtual
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