quinta-feira, 30 de abril de 2020

Ex-Ministro da Saúde alerta: podemos ter um milhão de mortos se medidas urgentes não forem tomadas.

Artur Chioro: Crise está subestimada. País tem mais de 800 mil casos de Covid-19

Ex-ministro da Saúde alerta na reunião do Diretório Nacional do PT que situação epidemiológica atual é grave, o relaxamento do isolamento social vai levar ao aumento do contágio e que as  perspectivas de saída da crise estão distantes. 
José Gomes Temporão , também ex-Ministro da Saúde, reforça que o confinamento é necessário e adverte que o vírus não é democrático: vai afetar os mais frágeis, que vivem nas periferias
 29/04/2020 18h19

Elza Fiúza / Agência Brasil

Arthut Chioro: “Estamos ainda no início, na 18ª semana de contágio e o pico será na 24ª semana, no final de maio e começo de junho”
O ex-ministro da Saude Arthur Chioro, que ocupou a pasta no governo Dilma, alertou nesta quarta-feira (29.04) que a crise epidemiológica brasileira está se agravando por conta da irresponsabilidade do presidente Jair Bolsonaro. O número de mortos pode chegar a 1 milhão de pessoas nos próximos meses, diante da possibilidade de relaxamento da quarentena que vem acontecendo. “Viveremos ainda cenas muito trágicas no país, dada a negligência, a irresponsabilidade e a conduta criminosa do governo federal”, denunciou.
Médico sanitarista, o ex-ministro condenou a estratégia de enfrentamento do governo Bolsonaro, que não promoveu testes amplos quando era possível, no início da pandemia. Agora, o país não tem dados precisos sobre a contaminação. “A subnotificação mascara a realidade: o número de contagiados é muito maior do que os dados oficiais, com a taxa de mortalidade atingindo 7%”, advertiu Chioro. “Os casos considerados leves, assintomáticos e que representam 85% não estão contidos entre os casos confirmados”. Ele recomenda que não se afrouxe o distanciamento social para evitar uma explosão ainda maior de casos.
Chioro estima que o país tenha hoje entre 800 mil e 1 milhão de brasileiros infectados pelo Covid-19. Ele responsabilizou a gestão de Henrique Mandetta pela não realização de testes em massa, limitando o foco a casos graves. O Brasil fez apenas 339.552 testes, o que dá 1.597 para cada milhão de habitantes. Em Portugal, são 37.223 testes por milhão de pessoas. “Não checamos ainda ao pico do contágio”, destacou. “Estamos ainda no início, na 18ª semana de contágio e o pico será na 24ª semana, no final de maio e começo de junho” (veja quadro). Se não houver um isolamento severo, o número de óbitos pode superar 1 milhão de casos.
O diagnóstico foi feito pelo ex-ministro ao Diretório Nacional do PT, por videoconferência, na manhã de quarta-feira (29.04), num encontro virtual que contou ainda com a presença dos ex-ministros da Saúde José Gomes Temporão, Humberto Costa e Alexandre Padillha, além dos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Roussef.

QUADRO DE PROJEÇÃO SOBRE CORONAVÍRUS NO BRASIL
CONTAMINADOS
MORTOS

Sem intervenção

188 milhões

1,1 milhão

Distanciamento social

122 milhões

627 mil
Distanciamento social e isolamento de idosos

121 milhões

530 mil

Supressão tardia

49,6 milhões

206 mil

Supressão precoce

11 milhões

44 mil
Fonte: Adaptação dos cenários produzidos pelo Imperial College para o Brasil (27 março 2020)



Quadro comparativo
Temporão concordou com a análise de cenário de Chioro, e lembrou que o número de óbitos dobra a cada cinco dias, enquanto nos Estados Unidos, Espanha e Itália, dobrava a cada seis dias. “O mês de maio vai ser dramático”, alertou, para advertir, em seguida: “A disseminação vai afetar mais diretamente os mais pobres”.
Temporão também denunciou o processo de interiorização da pandemia. “Os municípios com população entre 50 mil e 100 mil habitantes, 80% das cidades já têm casos confirmados de Covid-19”, disse. “À medida que a doença vai se instalando em municípios menores, a demanda para as regiões pólo vai aumentar cada vez mais, ampliando a pressão da rede pública de saúde. “Não há outra saída, diante da falta de vacina e remédio, que  manter o isolamento social”, recomendou o ex-ministro da Saúde.
Uma eventual saída do confinamento – que ainda vai demorar a ocorrer – obedeceria a quatro critérios, de acordo com Temporão: 
1) evidências epidemiológicas que mostram uma queda sustentada do número de óbitos e de casos confirmados; 
2) pelo menos entre 30% e 50% de leitos de UTI instalados em cidades-pólo com ociosidade, assim como respiradores; 
3) ampliação da testagem da população; e 
4) uso de máscaras para todos. 
“A abertura será gradual, por etapas, por setores de atividade econômica e, se isso não for planejado de maneira consistente, ouvindo a ciência, podemos ter um rebote, um novo ciclo e um novo surto da doença”, avalia o ex-ministro.
EBC

José Gomes Temporão: “Não há outra saída, diante da falta de vacina e remédio, que não manter o isolamento social”
“Infelizmente, estamos vivendo no tempo da incerteza”, diz Temporão, que atuou como ministro da Saúde no governo Lula. “Não teremos tão cedo uma vacina e um medicamento”. O ministro chamou Bolsonaro de irresponsável, que todos os dias se presta a desautorizar e desdizer as recomendações das autoridades sanitárias, incluindo da Organização Mundial de Saúde (OMS). A construção de outra infraestrutura de controle da pandemia – formada por prefeituras, governos estaduais e o Consórcio do Nordeste – mereceu elogios de Temporão.
Ele defendeu o realinhamento estratégico do país para retomar o protagonismo da indústria farmacêutica, inclusive para a produção de vacinas, equipamentos e outros medicamentos. “É impossível pensar em enfrentar esse quadro sem um Estado forte, com capacidade de liderar o país e de implementar políticas para proteger a sociedade”, disse.
“Precisamos de ciência e de um SUS forte, além de uma nova política econômica que ampare as pessoas, mas os R$ 600 do auxílio emergencial é absolutamente insuficiente”, ressaltou Temporão. “Essa crise desnuda o futuro e nos coloca um desafio: a questão da desigualdade”, disse. “O vírus não é democrático. Está afetando e vai matar os mais frágeis, como nos Estados Unidos, onde negros e latinos são os mais afetados”, advertiu. “Aqui, os mais pobres e que vivem na periferia vão sofrer mais”.
Fonte: www.pt.gov.br

Coronavírus: sem isolamento social, mortes podem chegar a mais de um milhão no Brasil

Estudo projeta que Brasil terá entre 44 mil a um milhão de mortos. Depende das medidas restritivas tomadas.

Este Blog publicou em 27.03.20. Confira:

quarta-feira, 29 de abril de 2020

Ações de Bolsonaro na pandemia são irresponsáveis, criminosas e genocidas, acusa o Conselho Nacional de Saúde

Conselho Nacional de Saúde transmitirá reunião da Câmara Técnica ...

Conselho Nacional de Saúde afirma que  políticas de Guedes são desastrosas e cobra R$ 22,5 bilhões pro SUS 

Conselho Nacional de Saúde emitiu Carta Aberta criticando o governo federal em meio à Covid-19.

O CNS Conselho Nacional de Saúde, órgão deliberativo do SUS - Sistema Único de Saúde, denuncia a política genocida de Bolsonaro e a situação caótica no enfrentamento à COVID-19, prevendo milhares de mortes, se não houver defesa do isolamento social, proteção à população mais pobre, investimentos na saúde e prioridade à defesa da vida. Depois, se pensa em economia.  
Confira a íntegra da Carta Aberta do CNS:

Nesse momento de pandemia que o mundo e o Brasil sofrem, e de todas as dificuldades enfrentadas pelas trabalhadoras e pelos trabalhadores nas cidades, nas periferias e no campo, o Conselho Nacional de Saúde (CNS) – instância colegiada, deliberativa e permanente do Sistema Único e Saúde (SUS) – reitera o alerta para que a população continue em casa, mantendo o isolamento social, seguindo as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS).
O quadro epidemiológico do país se agrava rapidamente, à medida que o Coronavírus começa a atingir as camadas mais pobres da população, num contexto em que a gritante subnotificação e a falta de testes nos impedem de saber a verdadeira dimensão e evolução da Covid-19. Além do mais, considerando a prevalência de doenças transmissíveis como dengue, zika, chikungunya, malária, sarampo e influenza, o estresse causado pelo coronavírus sobrepõe-se às necessidades relacionadas às doenças crônicas (diabetes, hipertensão, neoplasias etc.) e às causas externas – principais causas de morbimortalidade no Brasil.
Não bastasse atitudes irresponsáveis, criminosas e genocidas, além da campanha de desinformação disseminada pelo Presidente da República, o Ministro da Economia Paulo Guedes aplicou e aplica uma política de austeridade fiscal danosa, que se encontra sob fogo cruzado nas principais economias do mundo, inclusive por aquelas que a defendiam como única alternativa pouco tempo atrás.
Dada à regra do teto de gasto da União, estabelecida pela Emenda Constitucional n.º 95, que retirou R$ 22,5 bilhões do SUS desde 2018, a liberação de recursos tem sido pequena para o combate da Covid-19, quer para as ações de saúde (menos de 11% do orçamento federal) – onde a atenção primária cumpre papel essencial na prevenção e no controle do contágio, quer para as ações econômicas – contribuindo para que a adesão da população à quarentena tenha ficado abaixo dos 70% recomendado.
Devido à falta de transparência das informações, assistimos atônitos a subida do número de casos e óbitos, diante do colapso da oferta de leitos do SUS: o Brasil passa dos 70 mil infectados e tem mais de 5 mil mortes, bem como o governo só entregou 350 dos 2 mil leitos novos de UTI prometidos para enfrentar a doença. O número de mortes no Brasil, em média, está dobrando a cada cinco dias e, em vários lugares, os sistemas de sepultamentos já estão, também, colapsando.
Diante do Decreto de Calamidade Pública, o atual Ministro da Saúde, Nelson Teich não pode omitir-se diante de tais fatos, tampouco compactuar com qualquer tipo de sabotagem ao combate à doença e à economia popular, jamais renunciando ao objetivo de salvar vidas, preservar empregos e cuidar dos profissionais da saúde. Atender a pauta econômica, sobrepondo a necessidade de zelar pela vida dos cidadãos e cidadãs, não é uma estratégia segura nem coerente neste momento. Capital se ganha, se perde e se recupera novamente, mas vidas perdidas não podem ser recuperadas.
Pautado pelos princípios éticos que norteiam a administração pública, o CNS é comprometido com a efetividade do gasto público, garantida entre outras medidas com a lisura e transparência dos contratos, coibindo sobrepreço e superfaturamento. Contudo, a falta de coordenação tripartite e a política desastrosa de Paulo Guedes estrangulam a destinação de verbas para estados e municípios, para pequenas e médias empresas, para os trabalhadores formais, informais e desempregados, inviabilizando na prática as estratégias de isolamento social das famílias brasileiras.
Esse artifício promove de modo irresponsável e obscuro uma falsa dicotomia entre saúde e economia. Não temos dúvida de que as mortes causadas pelo novo coronavírus pesarão sobre os ombros do governo Bolsonaro, em meio à crescente crise política e ao desarranjo do pacto federativo inaugurado na Constituição de 1988, e pode culminar no seu impeachment.
Representando os anseios da sociedade brasileira e do conjunto dos conselhos estaduais e municipais de saúde, o Conselho Nacional de Saúde se dirige às forças políticas democráticas e progressistas e as instituições da República, conclamando-as a construir um acordo suprapartidário, em defesa da vida, da democracia e do SUS, num gesto de grandeza e retidão neste grave momento da vida nacional.
Nessa direção, pedimos o apoio da Academia Brasileira de Ciências, da Associação Brasileira de Imprensa, da Comissão de Defesa dos Direitos Humanos Dom Paulo Evaristo Arns, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, do Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde, do Conselho Nacional de Secretários de Saúde, da Ordem dos Advogados do Brasil, da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência e de todas as entidades do Movimento da Reforma Sanitária Brasileira para somar esforços e para pressionar em caráter de urgência o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal na defesa das seguintes propostas:
  • revogação permanente do teto de gastos (EC 95);
  • aplicação imediata de dinheiro novo no SUS e aprovação de piso emergencial em 2021, com incorporação definitiva dos créditos extraordinários ao orçamento da pasta da saúde;
  • aprovação de Projeto de Lei, onde os leitos de UTI da rede privada obedeçam à fila única do SUS, respeitando definições de uma central regulatória de leitos e as unidades de referência definidas pelo governo federal;
  • aplicação imediata de dinheiro novo nas universidades, centros de pesquisa e laboratórios, preferencialmente públicos, e aprovação de piso emergencial na área de ciência e tecnologia em 2021;
  • aprovação de Projeto de Lei que ampare e auxilie os dependentes de profissionais de saúde que morreram e os que vierem a morrer no exercício de suas funções,em decorrência da Covid-19..
Entre a civilização e a barbárie, entre o direito fundamental à vida e o lucro, estamos seguros de qual caminho o Brasil precisa escolher: CIVILIZAÇÃO E VIDA.

Brasília, 29 de abril de 2020.
Conselho Nacional de Saúde (CNS)
Fonte: Conselho Nacional de Saúde.https://conselho.saude.gov.br

O Conselho Nacional de Saúde (CNS) é formado por 48 conselheiros(as) titulares e seus respectivos primeiro e segundos suplentes. De acordo com o Regimento Interno do CNS, a composição do Conselho é definida da seguinte forma:
  1. Entidades e Movimentos Sociais de Usuários do SUS;
  2. Entidades Nacionais de Profissionais de Saúde/Comunidade Científica na Área da Saúde;
  3. Entidades Nacionais de Prestadores de Serviços de Saúde e das Nacionais com Atividades na Área da Saúde;
  4. Segmento do Governo Federal.
I – 50% dos membros representantes de entidades e dos movimentos sociais de usuários do SUS, escolhidos em processo eleitoral direto;
II – 50% dos membros representantes de entidades de profissionais de saúde, incluída a comunidade científica da área de saúde, entidades de prestadores de serviços de saúde, entidades empresariais com atividade na área de saúde, todas eleitas em processo eleitoral direto; os representantes do governo, do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) e Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems) são indicados pelos seus respectivos dirigentes.
A fim de manter equilíbrio dos interesses envolvidos, a distribuição das vagas é paritária, ou seja, 50% de usuários, 25% de trabalhadores e 25% de prestadores de serviço e gestores.
O CNS é o principal órgão deliberativo da política de saúde do Brasil. Porém, o governo nem sempre cumpre tudo aquilo que o CNS decide. Por isso, o CNS decidiu denunciar à população brasileira o perigo que correm os brasileiros de morrerem centenas de milhares de pessoas se providências não vierem a ser tomadas urgentes, inclusive o afastamento do presidente Bolsonaro, apontado como criminoso e genocida.

terça-feira, 28 de abril de 2020

Engenheiros da USP criam ventilador pulmonar 15 vezes mais barato

Ventilador pulmonar criado por engenheiros da USP é aprovado nos testes.

O Inspire foi desenvolvido pela equipe do professor da Poli, Raul González Lima. Além da rapidez de produção, o equipamento tem como principal vantagem o custo: enquanto os ventiladores convencionais custam, em média, R$ 15 mil, o valor do Inspire é de R$ 1 mil.

Ventilador pulmonar
Jornal USP - O ventilador pulmonar emergencial Inspire, protótipo econômico para produção em até duas horas criado por um grupo de engenheiros da Escola Politécnica (Poli) da USP, passou pelas etapas finais de testes. Como próximos passos, os documentos relativos ao projeto serão enviados aos órgãos competentes, inclusive à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
O Inspire foi desenvolvido pela equipe do professor da Poli, Raul González Lima. Além da rapidez de produção, o equipamento tem como principal vantagem o custo: enquanto os ventiladores convencionais custam, em média, R$ 15 mil, o valor do Inspire é de R$ 1 mil.
Animais e seres humanos
A Poli informou que nos últimos dias dias 17, 18 e 19 de abril foram realizados estudos com pacientes humanos, seguindo os trâmites da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa. O ensaio, sob a coordenação do professor José Otávio Auler Junior, teve também a colaboração da professora Filomena  Galas, da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP), e do fisioterapeuta Alcino Costa Leme. Os testes foram realizados com quatro pacientes, nas dependências do Instituto do Coração (Incor) do Hospital das Clínicas (HC) da FMUSP, e o respirador foi considerado aprovado em todos os modos de uso. Não houve nenhum problema com os pacientes ventilados.
Antes disso, em 13 e 14 de abril, também havia sido realizado um estudo com animais, coordenado pela professora Denise Fantoni e com auxílio da professora Aline Ambrósio, ambas da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ) da USP. Os ensaios foram realizados no Laboratório de Investigações Médicas 8 (LIM8), da FMUSP. O equipamento foi testado em dois animais e considerado aprovado.
O aparelho desenvolvido pelos pesquisadores da Poli foi registrado com uma licença open source, que permite a qualquer pessoa ou empresa acessar o protocolo de manufatura e fabricá-lo, bastando, para tanto, obter uma autorização da Anvisa. Para mais informações sobre a licença, clique aqui.
Provas técnicas
Uma das avaliações técnicas que antecederam os ensaios clínicos foi realizada no último dia 12 de abril, com a colaboração do Laboratório de Diagnóstico Avançado de Combustão do Fapesp Shell Research Centre for Gas Innovation (RCGI), sediado na Poli. O laboratório coordenado pelo professor Guenther Krieger Filho tem como objetivo original analisar reações de combustão com técnicas a laser, mas se juntou aos pesquisadores nos esforços para conter a pandemia.
“Era necessário testar o protótipo para conhecer as vazões e as concentrações de oxigênio que o equipamento consegue oferecer aos pacientes, nas diferentes frequências que simulam o processo de respiração pelo pulmão humano”, explica Krieger Filho. “O laboratório tem um analisador de gases e um medidor de vazão de gases, e por isso ofereceu ajuda, já que havia urgência em fazer esses testes.”
Segundo Krieger Filho, na corrida contra o tempo que caracteriza esse período de pandemia, o mais importante é conseguir prover ajuda real em tempo hábil. “A equipe do Inspire tinha pressa e o laboratório estava lá para ajudá-los”, ressalta. “Neste caso, provavelmente não haveria a opção de esperar a situação ideal para testar em outro laboratório, também ideal – no sentido de mais adaptado ao projeto. Ficamos felizes de poder ajudar. É uma contribuição valiosa do RCGI nesses tempos difíceis que atravessamos.”
As linhas de gases (oxigênio, nitrogênio e dióxido de carbono), bem como medidores e analisadores de gases do laboratório para desenhar um teste que conseguisse indicar o teor de oxigênio entregue pelos respiradores. Segundo o professor Krieger Filho, como os medidores do laboratório são voltados para a análise de processos de combustão em motores veiculares e queimadores industriais, foi preciso usar a criatividade para adaptar às condições da estrutura aos testes do Inspire no prazo exíguo que a tarefa exigia.
“Por exemplo, o medidor de gases de que dispomos só mede a presença de oxigênio na mistura gasosa até 31%; é o que ele permite. Mas, neste caso, era preciso saber o máximo de oxigênio que o respirador conseguiria entregar ao paciente”, relata. “Sabia-se que era necessário ser mais de 31%, então foi colocando dióxido de carbono ou nitrogênio em lugar do oxigênio. À medida em que eram colocados, proporcionalmente, era possível determinar o quanto de O2 estaria sendo entregue”.

Criatividade

Segundo Krieger Filho, tal procedimento não se presta a uma análise para uma certificação do equipamento, por exemplo, mas mostrou-se útil para que a equipe responsável pelo ventilador pulmonar conseguisse ter uma estimativa laboratorial do teor de oxigênio presente na mistura de gases que sai do aparelho para o paciente. Busca-se um equipamento que consiga entregar algo próximo a 100% de oxigênio. “O mais importante é que, ao final do dia, conseguimos ser úteis e prover uma medição que se mostrou muito próxima das estimativas teóricas acerca do equipamento”, aponta. “Se houvesse um aparelho que conseguisse medir a presença de oxigênio em até 100%, teria sido perfeito, mas não existia e o tempo era curto. Então, improvisou-se com criatividade.”
Os testes incluíram a simulação de um reservatório para conectar a saída do respirador ao analisador de gases. Aqui também a criatividade contou positivamente. “Foi utilizado um balão de festa de aniversário, uma bexiga. A ponta do medidor de vazão de oxigênio era mais ou menos do diâmetro de um lápis, e encaixava na boca da bexiga. Na parte de baixo do balão, fizemos um outro orifício, e então fomos aumentando o volume do balão, enchendo de ar”, descreve Krieger Filho. “Neste caso, o objetivo era ter medidas na frequência da respiração do paciente, para permitir a sincronização do fornecimento de oxigênio do aparelho com a frequência respiratória. Foram testadas várias frequências respiratórias, porque havia controle das variáveis, tais como pressão e vazão”.

Respirador foi aprovado em testes com humanos

O respirador foi aprovado em testes com humanos. O equipamento tem custo 15 vezes mais baixo que média de preços no mercado e pode ficar pronto em menos de duas horas. Testes já foram feitos com quatro pacientes do Instituto do Coração do Hospital das Clínicas, em São Paulo.

"Não houve nenhuma intercorrência com os pacientes ventilados com o Inspire [nome dado ao equipamento]". Os documentos referentes aos testes realizados foram encaminhados à Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e outros órgãos para que seja liberado.
Fonte: Jornal da USP

segunda-feira, 27 de abril de 2020

Cultura na quarentena é luz na escuridão de nossa solidão

Cultura é luz no breu dos dias: artistas se movimentam na quarentena

Confiram o que produtores e instituições culturais de MG oferecem para 

curtir em casa
'Romeu e Julieta', um clássico do Grupo Galpão disponível via internet
'Romeu e Julieta', um clássico do Grupo Galpão disponível via internet (Divulgação/Grupo Galpão)
Paulo Barcala*
Em tempos de pandemia e reclusão, quem pode fica em casa. Ou devia.
Abraços adiados, a cidade vista da janela. A vida, virtual como nunca.
Já deixamos para trás a marca dos 30 dias de distanciamento social em
BH. Depois de um mês confinados, tédio, solidão e desalento costumam
se enroscar na alma da gente.
Se por ora não há a opção de ganhar a rua, a cultura, mais uma vez,
salva e adoça a boca. Centenas de ações culturais voluntárias tomam
conta da Internet. Desde as grandes lives, como a do último sábado,
que desfilou por oito horas brilhos do quilate de Rolling Stones, Paul
McCartney, Elton John, Steve Wonder e Lady Gaga, além de diversos
artistas de várias partes do planeta, até a leitura dramática de Meus 
lábios se mexem, texto de Jorge Furtado interpretado por Ângela Mourão,
Antônio Grassi, Bernardo Mata Machado, Cida Falabella e Eduardo Moreira
, com direção de Adyr Assumpção, oferecida pelo Youtube em vídeo ao
vivo, no dia 1º de abril, por iniciativa da Diretoria de Ação Cultural da
UFMG.
Teatro, dança, exposições, shows musicais, cinema, debates, atividades
educativas: tem de tudo no grande palco digital, misturando tradição e
invenção. O Galpão, conta o ator e diretor Chico Pelúcio, “decidiu manter
suas portas físicas fechadas também em maio, mas vem publicando, de
dois em dois, três em três dias, nas redes sociais do grupo, leituras de
trechos de peças, fragmentos, poemas e textos selecionados”. Já o Cine
Horto tem duas frentes: “uma para o público interno, que dá continuidade,
agora online, a aulas e trabalhos; e outra, aberta, que preparou para abril
quatro encontros virtuais”. Toda segunda tem um novo assunto postado,
com debate às quintas. Já rolou a história do grande sucesso do Galpão,
Romeu e Julieta, em Londres, com vídeo de apresentação e bate-papo
com o próprio Chico e Lydia Del Picchia. O tema do terceiro encontro,
nesta quinta (23), será “Novas Dramaturgias”.
Por fim, o último do mês, com post dia 27 e conversa no dia 30, terá por
lastro vídeo produzido pelo Sesc-SP sobre as áreas de criação da
produção teatral.
Na música, rola um mundo. Entre os regionais, Tau Brasil e seu filho
Augusto Cordeiro mandam ver na dupla Tau Pai Tal Filho, que se
apresenta no Show da sacada, na casa do artista em Contagem,
toda quinta-feira às 20h. É um show para a vizinhança, que chega a
colocar mesinhas do lado de fora para assistir, e pela internet.
“Acalenta o coração, deixa a semana mais leve”, diz Tau. “O momento
é de solidariedade, não sabemos o que vem pela frente, todo mundo
tá se mobilizando.”
O rock, claro, marca presença. No embalo da canção que, em vários
países, virou tema para os pacientes que recebem alta da Covid-19,
40 músicos daqui gravaram, cada um em seu cantinho, Don't stop 
believin' (Não pare de acreditar), da banda californiana Journey,
disponível aqui.
A ideia, do Circuito do Rock, grupo que mantém duas casas de show
na capital, é manter acesa a trempe com várias outras produções virtuais
enquanto durar o isolamento. “Que a música continue nos unindo em
todos os momentos. Essa é a missão do Circuito do Rock”, dizem os
organizadores Gustavo Jacob e Carlos Velloso.
O Circuito Liberdade reserva muitas viagens. O CCBB-BH tem extensa programação no Instagram (aqui) e no Facebook (aqui). Exposições,
shows, espetáculos teatrais e um vasto material sobre mostras
cinematográficas e arte-educação podem ser acessados gratuitamente.
Entre os destaques, pontua a Exposição Vaivém, até 18 de maio, que
investiga as relações entre as redes de dormir e a construção da
identidade nacional. O catálogo está aqui. O CCBB ainda oferece
“visitas” ao histórico prédio inaugurado em 1930 para sediar a Secretaria
de Interior e Justiça. Visite aqui.
A Fundação Clóvis Salgado (FCS) também está no rolê do aconchego
do lar, com o programa #palacioemsuacompanhia. Pelo Facebook (aqui)
e pelo Instagram (aqui), distribui pílulas dos artistas em pleno processo
criativo, bastidores das produções, dicas e reflexões das artes por
curadores e conteúdo formativo em arte e cultura. Transmissões de
concertos do Coro e da Orquestra e apresentações da Cia. de Dança
Palácio das Artes, gravados no Grande Teatro, enriquecem o cardápio.
A Casa Fiat de Cultura preparou uma série que relembra suas principais
obras, exposições internacionais e mostras temáticas. Serão 10 episódios
e o primeiro é Caravaggio e seus seguidores, de 2012. A série de vídeos
 inéditos será exibida no YouTube (aqui). Mais informações aqui.
O Memorial Vale, também na Praça da Liberdade, proporciona online
aulas de bordado, meditação e shantala, oficina de fuxico e brincadeiras
pra divertir as crianças em casa (aqui).
Com a campanha #OutonoEmCasa, o projeto Sempre um Papo vai
selecionar e indicar, ao longo da quarentena, programas com escritores
e escritoras como Adélia Prado, Leonardo Boff, Frei Betto, Milton Hatoum
e Fernanda Young, entre as mais de 400 gravações disponíveis no You
Tube (aqui).
Para as crianças, diversos canais estão promovendo lives com contação
de histórias, entre eles Mãe que Lê (maequele), Fafá conta Histórias
(fafaconta), Carol Levy (carollevy) , Marina Bastos
(marinabastoshistorias) e Camila Genaro (camila.genaro).
Mesmo não sendo de BH, vale lembrar a saborosa sequência musical
do Sesc-SP, que nos brinda com shows de Céu (23), Paulo Miklos (24),
João Bosco (25) e Maria Gadu (26 de abril). As apresentações correm pelo InstagramYouTube e Facebookdo Sesc paulista. Com tanta
criatividade solidária em cena, até o barracão mais acanhado vira
mirante largo. O coração agradece. As mãos aplaudem.
LEIA AMANHÃ: A segunda parte da reportagem sobre a cultura em
tempos de quarentena. 
Paulo Barcala é jornalista. Trabalhou como assessor de imprensa em diversos 
órgãos públicos e empresas. Tem três livros publicados. Site: https://paulobarcala.wixsite.com/deletra.

domingo, 26 de abril de 2020

Coronavírus: É preciso cassar Bolsonaro, antes da morte de milhares de brasileiros


Chega
É hora de avaliar uma denúncia com os crimes de responsabilidade do Presidente

“O presidente da República, embora possa muito, não pode tudo”
Ministro do STF Celso de Melllo

Não posso esconder as lágrimas que correm livremente enquanto assisto à live "One World: Together At Home". E olhe que nem conheço esses cantores. O que me comove é a solidariedade. O mundo inteiro demonstra respeito, gratidão e até amor a todos os que se entregam, com risco pessoal e com o sacrifício de não ver ou encontrar as pessoas queridas, em nome do enfrentamento a este vírus maldito, a esta tragédia.
Os países se dão as mãos sem credo ou ideologia. Todo final da tarde, no mundo inteiro, as pessoas vão para as varandas aplaudir, bater panela e cantar em homenagem aos trabalhadores da saúde, da segurança hospitalar e de todos os que se dedicam e se expõem ao enfrentamento da pandemia.

Não sou dos que acreditam que o mundo sairá melhor desta. O homem é naturalmente ruim, mal; mas é um fato que, neste momento, as pessoas estão mais dispostas a serem menos piores, com mais sentimento humanista. É muito tocante ver a música, pelos mais diversos sons e atores, os mais inimagináveis, falar um único som: o som da solidariedade.
O mundo, de alguma forma, querendo dar chance à vida. Mas, infelizmente, temos que registrar: qual é a nota fora do concerto mundial? O que desafina?
Meu Deus, aqui, no Brasil, nós não temos tido tempo de sermos só solidários, de só sofrermos pela dor —certamente hoje já próxima de todos e de cada um, pela morte ou doença de alguém querido. Não podemos sequer acompanhar o movimento mundial de tentar sair desse buraco, desse drama. Nós temos que acompanhar diariamente, em tempo real, um psicopata inimputável, que já havia esvaziado a ciência em tempos normais, aprofundar o grau de ignorância em tempos de guerra.
Nós, brasileiros, não conseguimos falar a língua universal da fraternidade. Este
governo fascista e assassino nos distrai. Nós não conseguimos ter solidariedade com nossos irmãos, nem no medo nem na angústia. Em todo o mundo, os partidos e os políticos baixaram as armas. Há um inimigo comum. Vejam Portugal, onde um partido da oposição cumprimenta o governo por ter trabalhado bem. Sem uso da política. Com lealdade à gravidade do momento.

Não sou dos que acreditam que o mundo sairá melhor desta. O homem é naturalmente ruim, mal; mas é um fato que, neste momento, as pessoas estão mais dispostas a serem menos piores, com mais sentimento humanista.
É muito tocante ver a música, pelos mais diversos sons e atores, os mais inimagináveis, falar um único som: o som da solidariedade.
O mundo, de alguma forma, querendo dar chance à vida. Mas, infelizmente, temos que registrar: qual é a nota fora do concerto mundial? O que desafina? Meu Deus, aqui, no Brasil, nós não temos tido tempo de sermos só solidários, de só sofrermos pela dor —certamente hoje já próxima de todos e de cada um,
pela morte ou doença de alguém querido. Não podemos sequer acompanhar o
movimento mundial de tentar sair desse buraco, desse drama. Nós temos que acompanhar diariamente, em tempo real, um psicopata inimputável, que já havia esvaziado a ciência em tempos normais, aprofundar o grau de ignorância
em tempos de guerra.
Nós, brasileiros, não conseguimos falar a língua universal da fraternidade. Este
governo fascista e assassino nos distrai. Nós não conseguimos ter solidariedade com nossos irmãos, nem no medo nem na angústia. Em todo o mundo, os partidos e os políticos baixaram as armas. Há um inimigo comum. Vejam Portugal, onde um partido da oposição cumprimenta o governo por ter trabalhado bem. Sem uso da política. Com lealdade à gravidade do momento.
Não se trata mais de falar só em incompetência. Se não existirem condições políticas para o impeachment, e penso que há, cabe a nós, operadores do direito, darmos uma solução constitucional para o caso. Mas temos que enfrentar essa dura e cruel realidade, não podemos permitir que esse inimputável siga à frente do governo. A história nos cobrará pela omissão. Proponho que avaliemos uma denúncia, fácil de fundamentar, com os inúmeros crimes de responsabilidade do presidente, a ser apresentada junto a Corte Suprema.
Nenhum presidente, nem ninguém, tem o poder de propor reiteradamente políticas genocidas. E defender essa política desdenhando de um povo. Ele ofende a todos, inclusive os que o apoiam. Tornar inimputável e afastar um presidente eleito legitimamente por 57 milhões de brasileiros, com uma interpretação constitucional e com uma visão dos tratados internacionais, não é tarefa fácil. Mas nós, operadores do direito, que militamos no dia a dia no Supremo e que conhecemos sua jurisprudência, já vimos “milagres” serem feitos, quando a Corte quer, em nome de uma interpretação da Constituição.
A história e o momento exigem coragem. Senão, para que vale o direito, para que vale a evolução internacional da consciência humanista? Uma denúncia que propicie a oitiva não só do Ministério Público Federal (que, talvez, mais uma vez falte à nação), mas que ouça o Congresso Nacional, nossa Casa Soberana.
Se o Congresso e o Supremo entenderem que não podemos continuar caminhando docilmente para a morte, para a catástrofe, nós teremos como afastar este homem que faz da morte o seu legado. Para os que questionarem, de maneira óbvia, sem olhar o mar revolto onde estamos, a falta de jurisprudência ou algo assim, eu responderei com Clarisse Lispector: “Enquanto eu tiver perguntas e não houver respostas continuarei a escrever”. Com a palavra, o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal.

Antônio Carlos de Almeida Castro (Kakay)
Advogado criminalista



Coronavírus: 83 mil indígenas são ameaçados por pandemia.

Coronavírus ameaça 81 mil indígenas em mais de 230 territórios.

Em Minas, são cerca de 13 mil indígenas em situação de risco.
De acordo com o pesquisador do Instituto Socioambiental, Tiago Moreira, "avaliando a infraestrutura desses municípios e estados onde estão as terras indígenas reconhecidas, o que acontece é que grande parte desses locais não têm estrutura suficiente para atender nem a população indígena, nem a população não indígena"

(Foto: EBC)

Rede Brasil Atual - Até quinta-feira (23.04), a Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) já contabilizava 42 casos de coronavírus confirmados entre indígenas, que levou a óbito quatros pessoas que viviam nos territórios tradicionais. O número, no entanto, pode ser ainda maior, de acordo com o Instituto Socioambiental (ISA), que acompanha o avanço da pandemia sobre as terras indígenas. 
No início de abril, a organização lançou uma plataforma de monitoramento, e verificou que a vulnerabilidade social, a qual estão expostos os povos tradicionais, pode ser um motor para propagação da covid-19 entre a população indígena. 
“O que eu posso dizer é que o Estado anteriormente (à pandemia) já não estava preparado para cuidar da saúde indígena. Inclusive a questão da falta de articulação e da falta de estrutura e de um atendimento adequado, são um dos componentes da vulnerabilidade social dessas populações”, explica o integrante do programa de monitoramento do ISA Tiago Moreira, em entrevista à Rádio Brasil Atual. 
“No caso da covid-19, que é um problema mais complexo de saúde, esses casos devem ser distribuídos para os municípios e os estados. E, avaliando a infraestrutura desses municípios e estados onde estão as terras indígenas reconhecidas, o que acontece é que grande parte desses locais não têm estrutura suficiente para atender nem a população indígena, nem a população não indígena. É uma situação muito dramática”, alerta o pesquisador. 
Interiorização
De acordo com o Tiago, historicamente os povos tradicionais já são as principais vítimas de doenças epidêmicas. Com a implantação da saúde indígena, nos anos 2000, por meio do Ministério da Saúde, a defasagem começou a ser corrigida, mas, desde 2016 para cá, as entidades notam que o sistema vem piorando muito, principalmente após o desmonte do programa Mais Médicos pelo governo de Jair Bolsonaro. 
Nesta quinta, a Agência Pública divulgou um estudo recém-publicado pela Associação Brasileira de Estudos Populacionais (Abep), apontando que 239 Terras Indígenas da Amazônia Legal têm índices de vulnerabilidade intensos ou altos em relação ao coronavírus. Outras sete territórios também apresentam maior fragilidade. 
Um levantamento realizado por antropólogos e geógrafos da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) ainda calculou que, por conta dessa vulnerabilidade crítica, mais de 81 mil indígenas estão mais suscetíveis a contrair o vírus. 
A preocupação fica ainda maior com a ocorrência da subnotificação, destaca o pesquisador do ISA. 
“Estamos em um momento agora de interiorização da epidemia, ela está indo para municípios cada vez menores e começando a atingir justamente esses municípios que têm uma menor estrutura para atendimento da saúde. O primeiro caso indígena, para a gente ter uma ideia, aconteceu na fronteira com a Colômbia, no extremo oeste do estado dos Amazonas e, desde então, os casos vêm aumentando. A gente tem uma grande preocupação também em relação a subnotificação, porque essa falta de estrutura também atinge a identificação das pessoas que têm o vírus”.
Fonte: www.redebrasilatual.org.br
Minas possui cerca de 13 mil indígenas; 
10 mil nas aldeias dos Xakriabá, no norte de Minas. Todos em vulnerabilidade social.
Os povos indígenas de Minas Gerais são representados por 13 etnias, com cerca de 13 mil indígenas. Estão nos Vales do Jequitinhonha, Mucuri e Rio Doce. Mas, também espalhados em grupos do sul de Minas, na Grande BH, mas principalmente no território Xakriabá, em São João das Missões, no norte de Minas, com cerca de 10 mil indígenas.