sexta-feira, 31 de julho de 2020

Os tipos de ignorância na Covid

A forma ativa, na qual se gasta energia para se manter a ignorância, é a mais preocupante 30.jul.2020 às 23h15 Nossa ignorância a respeito da Covid se comporta um pouco como a pandemia. Diminuindo aqui e ali, mas em alguns pontos vai bem, obrigado, e crescendo. Estudar ignorância é traçar uma fronteira clara: a partir daqui, não sabemos mais. O que transforma o que não sabemos que não sabemos no que sabemos que não sabemos, parafraseando Donald Rumsfeld. Temos a ignorância nativa, o que não se sabe porque é desconhecido. Quanto tempo quem se curou continua protegido? Quão sazonal é o vírus? Teremos um descanso no verão? De onde veio o vírus? Essa ignorância estamos resolvendo com a ciência. Já temos 4 vacinas candidatas em teste, prontas para responder algo fundamental: será que funcionam? Temos a ignorância passiva. O que deixamos de saber porque não há tempo para se saber tudo. Pesquisadores de diversas áreas deixaram de lado sua vocação tradicional e suas áreas de estudo para entenderem a pandemia que parou o mundo. E provavelmente muitos não voltarão ao que faziam antes. Mas tem um tipo de ignorância mais preocupante. A ignorância ativa. Aquela que se gasta energia e tempo para se criar e se manter. Por vezes, é um esforço desejável. As empresas que desenvolvem e testam as vacinas candidatas atuais mantém a formulação do que testam e o andamento dos testes sigiloso, por questões de mercado, de propriedade intelectual e de privacidade dos voluntários. Mesmo assim, algumas foram invadidas por hackers que estavam justamente atrás dessa informação valiosa. Outras vezes é um esforço também ativo, mas sigiloso, feito para a manter o público propositalmente ignorante sobre algo. Um esforço que vai desde a tentativa de mascarar dados, ocultar números, até atitudes mais insidiosas como dificultar a testagem para Covid. E como a realidade da pandemia tem se tornando cada vez mais difícil de ignorar, pelo menos em terras brasileiras, esse esforço para manter as pessoas ignorantes fica cada vez mais agressivo. É aqui que entra a polarização da pandemia e a disputa de identidades. Humanos são animais sociais. E se tem uma forma de nos fazer ignorar a realidade, é condicionar nossa presença em um grupo a isso. Quer fazer parte do seu grupo querido, onde estão suas pessoas queridas? Aqui todos acreditam nesse pacote de ideias. Não se pode questionar nenhuma delas. Eles fazem do jeito deles, nós fazemos do nosso e não tem mistura. Quem fez algo errado? Foi alguém do outro grupo? Então é abominável. Foi alguém do seu grupo? Nem é aquilo tudo. Foi o líder? Com certeza teve motivos nobres para fazer o que fez. É assim que se nega evolução. É assim que se nega o aquecimento global. É assim que se empurram tratamentos que não funcionam contra a Covid. Mas com vacinas, não dá para se ter uma disputa de times. Não é uma questão de "quem gosta toma vacina, quem não gosta toma cloroquina". Não se vacinar é como dirigir bêbado, coloca a sua vida e a vida dos outros em risco. É uma atitude muito mais coletiva do que parece. Nem todos podem ser vacinados, como transplantados e outros imunocomprometidos. E nem todos que tomam a vacina se imunizam. Então, para se garantir que a população esteja protegida, quanto mais contagiosa a doença e quanto menor a eficiência de uma vacina, mais pessoas precisam ser vacinadas. Para parar a Covid e retomar nossa vida, provavelmente vamos precisar dos dois. Manter distanciamento e máscaras para diminuir seu contágio. E vacinar uma grande proporção da população, provavelmente mais de 70%, antes de quem está em risco poder circular sem medo. Em se tratando de ignorância, vacinas são como a democracia, a ignorância alheia também me põe em risco. Atila Iamarino Doutor em ciências pela USP, fez pesquisa na Universidade de Yale. É divulgador científico no YouTube em seu canal pessoal e no Nerdologi

segunda-feira, 27 de julho de 2020

Novo FUNDEB melhora condições de financiamento da educação em pequenos municípios

Gasto por aluno no Brasil não chega a metade da média de países ricos; aumento de despesas leva a debates 26.jul.2020 às 23h15 - Paulo Saldaña, na Folha de S.Paulo O novo Fundeb vai possibilitar uma expansão de recursos para a educação que tira ao menos 46% dos municípios brasileiros da condição de subfinanciamento. O esforço fiscal não será trivial. O novo modelo exigirá da União mais do que o dobro de dinheiro hoje destinado pelo fundo ao financiamento da educação básica. A PEC (proposta de emenda à Constituição) que torna o fundo permanente foi aprovada na Câmara na terça-feira (21.07.20). O texto ainda precisa passar pelo Senado. O gasto por aluno no Brasil não chega à metade da média de países desenvolvidos, e isso será impactado. Porém, há discussões sobre a pertinência de se elevar esses gastos. Alunos participam de aula na Escola Municipal Olívia dos Santos, na zona rural de Monteiro Lobato (SP) ; embora receba poucos recursos do Fundeb , o município possui bons rendimentos em avaliações de ensino (16.08.2018) - Rafael Hupsel/Folhapress Há especialistas que dizem que o país elevou recursos nas últimas décadas e não alcançou resultados a contento. Destacam ainda experiências exitosas com os orçamentos atuais, mesmo em cidade pobres. Isso reforçaria o argumento de que o problema é de gestão. O desafio do Brasil é a desigualdade. Desestruturadas, as escolas têm jornadas de aulas reduzidas e falta de professores. Há ainda mais de 7 milhões de crianças e jovens fora dos colégios. Principal mecanismo de financiamento à educação básica, o Fundeb reúne parcela de impostos de estados e municípios e uma complementação da União para atender estados e respectivos municípios que não atingem um valor mínimo por aluno a cada ano. As verbas são redistribuídas com base no número de estudantes e modalidade. Matrículas em creche e ensino integral têm valores maiores, por exemplo. A complementação da União representa hoje 10% —R$ 16 bilhões. Com o novo texto, subirá a 23% até 2026 —nas condições atuais, o percentual resultaria em R$ 38 bilhões. Parte dos recursos novos será distribuída com base na realidade dos municípios. Isso atinge cidades pobres hoje não contempladas. Estima-se que o novo texto deva levar mais dinheiro a 2.750 municípios, de 25 estados, atingindo 17 milhões de alunos. Só esse volume de estudantes representa mais de três vezes a população da Finlândia e quase equivalente à do Chile, de 18,9 milhões. No Brasil, nem 15% dos alunos brasileiros têm ao menos 7 horas de aulas diárias, jornada que praticamente é regra em países com bons resultados. A média no Brasil é de 4,5 horas. Quatro em cada dez escolas de ensino fundamental não têm biblioteca. E 12% não têm banheiro no prédio. A média salarial do professor não chega à metade dos países da OCDE (grupo de países ricos). Até no cenário da América Latina a situação do Brasil é desfavorável. Com baixos salários, a carreira docente atrai, em geral, os piores alunos da educação básica. Um estudo do Movimento Todos Pela Educação calculou a correlação entre investimento por aluno e desempenho no Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) nos anos iniciais do ensino fundamental (1º ao 5º ano). Redes com um orçamento por aluno de até R$ 4.300 em valores de 2015 (equivalente a R$ 5.400 atualizados pela inflação) não têm condições de atingir resultados satisfatórios de aprendizagem. Os dados mostram que 46% das redes municipais do país estão abaixo desse patamar. A análise leva em conta apenas as redes entre os 30% melhores Ideb, o que exclui prefeituras com falhas de gestão. A análise também pondera os efeitos do nível socioeconômico dos alunos, estatisticamente influente para o sucesso escolar. A expansão do Fundeb vai possibilitar uma alta de 55% no gasto mínimo por aluno no país, chegando a R$ 5.679,90. Para Priscila Cruz, presidente do Todos pela Educação, o Fundeb é uma política redistributiva com alta eficiência alocativa. "A gente começa um novo capítulo com todos os municípios em um patamar de financiamento em que é possível ter resultados, uma política educacional", diz. Segundo ela, não é coincidência que os resultados educacionais dos anos iniciais do ensino fundamental tenham tido avanços no Ideb em paralelo ao funcionamento do Fundeb, criado em 2007. A versão atual expira neste ano, daí a necessidade de renovação. Segundo Daniel Cara, da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, não é possível exigir resultados sem melhorias no padrão de escolas, de salários e carreira docente, número adequado de alunos por sala e insumos mínimos. "Esse conjunto de elementos tem de ser investido em nome de projeto pedagógico, sem isso não se consegue ter escala, porque o Brasil tem ilhas de excelência", afirma. O Fundeb representa hoje R$ 4 de cada R$ 10 investidos na educação básica no país. Ele tem enorme importância para as redes, mas sozinho não é suficiente para a manutenção do sistema educacional público, que reúne 39 milhões de matrículas (81% dos estudantes do Brasil). A complementação da União tem o objetivo de equalizar o esforço entre os entes. Atualmente, 80% dos recursos da educação básica saem dos cofres de estados e municípios. Há especialistas, porém, que dizem que o problema não é dinheiro. É gestão. O economista Marcos Mendes, professor do Insper, ressalta que o Brasil foi um dos países que mais investiram em educação nas últimas décadas, com percentuais do PIB (Produto Interno Bruto) similar a de países ricos. Contudo, segundo ele, não houve melhorias de resultados e priorização de gastos. "Onde houve preocupação com qualidade, com currículo estruturado, condições de trabalho para o diretor de escola, organização de tamanhos das turmas, seleção de diretor, a coisa foi para frente. Há municípios com baixa receita com desempenho melhor do que aqueles que gastam muito", diz. "A decisão de gastar foi tomada, agora tem de correr atrás da receita. Porque foi esse tipo de atitude que nos colocou na situação crítica que gerou recessão iniciada em 2014", afirma Mendes, que é colunista da Folha. Estudo do economista Ricardo Paes de Barros, também professor do Insper, indica ineficiência do Brasil na relação entre gasto por aluno e desempenho em matemática no Pisa, a avaliação internacional feita com estudantes de 15 anos. Países com menores dispêndios, como Indonésia, México, Colômbia, Turquia e Chile, conseguem resultados melhores. Na análise de Barros, nenhum país é mais ineficiente que o Brasil. O Brasil fez esforços recentes de inclusão. Em 1985, por exemplo, 35% das crianças e jovens de 4 a 17 anos estavam fora da escola. O percentual caiu a 6% em 2016. O percentual de investimento em educação no Brasil, em 1985, não chegava a 3% do PIB. Em 2018, foi de 5%, o que inclui também o ensino superior. O país, contudo, ainda tem mais de 6 milhões de crianças de até 3 anos fora da creche. Entre jovens de 15 a 17 anos, idade para o ensino médio, a exclusão atinge 676.509 pessoas. O professor Fernando Abrucio, da FGV (Fundação Getulio Vargas), diz que não há contradição entre aumentar gastos e melhorar gestão. Segundo ele, não colocar os desafios estruturais da área na conta é naturalizar a desigualdade no Brasil. "O gasto per capita é baixo, o que já justificaria o aumento, e o recurso também é mal distribuído. Então não pode só distribuir a miséria, tem de aumentar para distribuir melhor", diz. Educação no Brasil https://fotografia.folha.uol.com.br/galerias/1651895898990420-educacao-no-brasil#foto-1651895899483521 No Ceará, apontado como exemplo de eficiência porque municípios pobres conseguiram bons resultados com recursos limitados, o estado aprovou lei, em 2009, que alterou a distribuição do ICMS para municípios com base em resultados educacionais. A PEC do Fundeb também prevê a medida e dá aos estados prazo de dois anos para a criação da legislação. Em meio aos debates, Cara, da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, diz que mudanças não serão sentidas de um ano para o outro. “Educação é maratona,

quinta-feira, 23 de julho de 2020

IFNMG oferece 2.500 vagas de cursos gratuitos, à distância e de boa qualidade

novos caminhos 3
Na terceira fase do Pronatec/Novos Caminhos, o Instituto Federal do Norte de Minas Gerais (IFNMG) irá ofertar mais quatro novos cursos gratuitos e a distância de Formação Inicial e Continuada (FIC): Agente Comunitário de Saúde (400 horas), Assistente Administrativo (160 horas), Assistente Financeiro (160 horas) e Libras Intermediário (160 horas). 
Interessados devem se inscrever no período de 15 a 28 de julho de 2020, pelo formulário disponível aqui.
Para se inscrever, o candidato deve anexar histórico escolar ou atestado de conclusão, de acordo com o curso escolhido, e cópia da carteira de identidade. Cada candidato poderá fazer apenas uma inscrição. As vagas serão escolhidas por sorteio, obedecidos critérios de prioridade como estudantes do ensino médio da rede pública, inclusive da educação de jovens e adultos; trabalhadores; beneficiários dos programas federais de transferência de renda; e estudante que tenha cursado o ensino médio completo em escola da rede pública ou em instituições privadas na condição de bolsista integral. 
O resultado preliminar está previsto para ser divulgado dia 30 de julho, e a aula inaugural para o dia 3 de agosto.
No total são 2500, divididas pelos campi Almenara, Araçuaí, Arinos, Diamantina, Janaúba, Januária, Montes Claros, Pirapora, Porteirinha, Salinas e Teófilo Otoni e aos centros de referência de Buritis e de Corinto, além do CEAD. Mas como todas as aulas e atividades serão integralmente a distância, não haverá necessidade dos alunos comparecerem a estas cidades. Portanto, podem se candidatar pessoas de outros locais, inclusive outros estados ou até que estejam em outro país.
O Pronatec/Novos Caminhos é um programa do Ministério da Educação (MEC) em incentivo à qualificação para o mundo de trabalho em tempos de pandemia.
Clique aqui para acessar o Edital com todas as informações ou aqui para ter acesso aos documentos do processo.
Confira abaixo um resumo das vagas disponibilizadas:
Curso
Carga Horária
Número de vagas
Agente Comunitário de Saúde (Formação mínima exigida: Ensino Fundamental II completo e 18 anos)
400 horas
400 (divididas por oito unidades)
Assistente Administrativo (Ensino Fundamental II completo)
160 horas
850 (dividido por 14 unidades)
Assistente Financeiro (Ensino Fundamental II completo)
160 horas
550 (dividido por 11 unidades)
Libras Intermediário (Ensino Fundamental II completo)
160 horas
700 (dividido por 14 unidades)

Fim do garimpo no rio Jequitinhonha traz água limpa, vazantes e fartura de peixes

Com o fim do garimpo de ouro e diamante no Rio Jequitinhonha, na região da Areinha, nos municípios de Diamantina e Couto Magalhães de Minas, no Alto Jequitinhonha, onde já atuaram mais de 2 mil garimpeiros, o rio voltou a correr com água límpida e cristalina, levando ao renascimento da agricultura familiar, pesca e lazer das famílias de comunidades ribeirinhas.

Os moradores das comunidades rurais dos municípios de Olhos D'Água, Bocaiúva, Carbonita e Turmalina relatam alteração radical na qualidade de vida de quem vivia atormentado com a água poluída, contaminada e suja, por mais de 30 anos. 


Operação Salve o Rio Jequitinhonha

Em abril de 2019, a operação "Salve o Jequitinhonha" contou com a atuação de 120 agentes federais, 240 policiais militares e 12 servidores da Secretaria de Meio Ambiente. Os mandados foram expedidos pela Justiça Federal de Belo Horizonte. 
A PF apurou que cerca de 900 garimpeiros atuavam ilegalmente em cinco trechos do rio; havendo, por vezes, mais de uma cava de exploração nos pontos de garimpo. 
Além disso, a exploração era feita em larga escala, com o emprego de grande número de pás carregadeiras, tratores e caminhões, resultando em vasta degradação ambiental da região.
Com a deflagração, a Polícia Federal destruiu, com a utilização de explosivos, todos os instrumentos que vinham sendo utilizados especificamente na mineração ilegal.

 

Veja reportagem da Rede Record de Televisão:

Fim do garimpo ilegal traz Rio Jequitinhonha de volta à ...

https://noticias.r7.com/minas-gerais/mg-record/videos/fim-do-garimpo...
08/06/2020 · Um ano após o fim do garimpo ilegal as margens do Rio Jequitinhonha, o cenário é outro: água limpa, solo fértil e fartura de peixes. Para os moradores, o rio voltou a viver.





Leia reportagem da Operação Salve o Rio Jequitinhonha, da Polícia Federal, em abril de 2019:

Na pandemia, artesãs do Vale do Jequitinhonha vendem peças para grande rede varejista

Produtos comercializados reforçam o potencial criativo das comunidades mineirasFoto: Divulgação/Sede
FotoDivulgação/SEDE
Os produtos artesanais em cerâmica, desenvolvidos nas comunidades Coqueiro Campo e Campo Alegre, em Turmalina, no Vale do Jequitinhonha, ganharão as prateleiras de todo o país. Por meio de um empresário paulista, que conhece e admira os produtos desenvolvidos manualmente em Minas, as artesãs fecharam uma parceria e comercializaram, aproximadamente, nove mil peças para uma grande rede de varejo.
O grupo, formado por mulheres de 80 famílias, superou a crise econômica causada pelo novo coronavírus e bateu a marca de R$ 140 mil em vendas. “É muito gratificante ver o resultado do trabalho desenvolvido com as artesãs. Por causa da pandemia, não há nenhuma feira de artesanato ocorrendo no país, portanto não há como comercializar.  A conquista desta venda em grande proporção é a garantia de novas portas e outros mercados”, destaca o Superintendente de Desenvolvimento de Potencialidades Regionais, Frederico Amaral.
O esforço de logística para a entrega das mercadorias na capital paulista foi realizado pela Sede e pelo Instituto de Desenvolvimento do Norte e Nordeste de Minas Gerais (Idene), que descolocaram o caminhão do Programa do Artesanato Brasileiro, do Vale do Jequitinhonha até São Paulo. “Não temos palavras para agradecer o apoio que recebemos nesta venda. A logística de entrega foi fundamental. Estamos passando por momentos difíceis, com baixa nas vendas e a loja fechada temporariamente. O valor que recebemos irá ajudar muitas famílias”, ressalta a presidente da Associação dos Artesão de Coqueiro Campo, Terezinha Lopes dos Santos.
A coleção das peças vendidas para a rede de varejo passou por uma criação exclusiva. A inspiração foi baseada na cultura regional, respeitado o processo da tradição e a identidade cultural. Uma campanha publicitária será desenvolvida pela empresa para lançamento de vendas, valorizando o trabalho das comunidades.  
“Uma luz chegou no fim do túnel. Estávamos desanimadas com a atual situação enfrentada. A experiência com essa venda foi muito boa para nós. Trabalhamos muito para a entrega ser realizada. Estamos felizes com a valorização do artesanato mineiro”, conta animada a presidente da Associação dos Lavradores e Artesãos de Campo Alegre, Maria Aparecida Gomes.
A coordenação de logística e o acompanhamento da entrega dos produtos foi realizada pelo diretor de Artesanato da Sede, Thiago Tomaz. “Temos a certeza do reconhecimento de um produto de tradição. Ficamos felizes de ver que estamos ganhando espaço em lojas de departamento e mostrando a qualidade e a riqueza da cultura mineira”, disse.
Arte Salva
Para otimizar o deslocamento do caminhão que levou as peças artesanais de Minas até São Paulo, foram distribuídas nas regionais do Idene, representadas em 30 cidades das regiões Norte, Vale do Jequitinhonha e Vale do Mucuri, os produtos doados pela Bauduco dentro da campanha Arte Salva. Aproveitando o deslocamento até São Paulo, a entrega foi realizada também em cidades do Sul de Minas. Ao todo, três mil artesãos serão beneficiados. 
Fonte: SEDE - Secretaria de Desenvolvimento Econômico - SEDE/MG. Publicado: 21/07/2020 16:51, no site da SEDE.

quarta-feira, 22 de julho de 2020

Câmara aprova Fundeb, derrota governo e impede caos educacional

Por 449 votos a 7, o texto-base da PEC 15/15, que cria o novo Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação) foi aprovado pela Câmara dos Deputados. A proposta aprovada com um novo parecer amplia a parcela da União no fundo dos atuais 10% para 23%.

 21/07/2020 22h23 - atualizado às 23h23
Site do PT

A Câmara assumiu nesta terça-feira (21) o seu compromisso com a educação pública brasileira e aprovou o texto-base da PEC 15/15, que cria o novo Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação). A proposta foi aprovada na forma do substitutivo da deputada Professora Dorinha (DEM-TO), que apresentou hoje um novo parecer, ampliando a parcela da União no fundo dos atuais 10% para 23%. No texto anterior, a contribuição chegava a 20%. No 1º turno foram 449 votos a 7 e, no segundo, 492 votos a favor e 6 contrários. A PEC agora vai para o Senado Federal.
O texto-base aprovado torna o Fundeb permanente e aumenta a participação da União no financiamento da educação infantil e dos ensinos fundamental e médio. Conforme a PEC, a complementação da União para o Fundeb crescerá de forma gradativa ao longo dos próximos seis anos (2021 a 2026). A vigência do modelo atual termina em dezembro deste ano. Nesse momento, os parlamentares apreciam destaques que foram apresentados e que podem modificar pontos do texto.

Vitória dos profissionais da educação

O líder da Minoria, deputado José Guimarães (PT-CE), encaminhou o voto sim ao novo Fundeb. “Sim aos educadores e educadoras que fizeram nos últimos meses uma das maiores mobilizações em redes sociais. Eles são os grandes responsáveis por essa extraordinária vitória do Congresso Nacional e da Câmara dos Deputados”, afirmou. Guimarães enfatizou que o Fundeb, a partir de agora, passa a ser escrito na Constituição brasileira como uma lei perene. “Quase uma cláusula pétrea, que se transformará numa política de Estado”, completou.
Na avaliação do deputado Guimarães, a comissão especial que analisou a PEC 15/15 fez um trabalho extraordinário, construindo em parceria com o presidente da Casa, Rodrigo Maia, e com os líderes partidários o melhor texto, a melhor proposta, que significa não uma conquista de um ou de outro partido ou, muito menos, do governo. Mas uma conquista da educação pública brasileira. “Deputada Dorinha. V.Exa. foi a voz do Brasil, a voz da democracia, porque não existe democracia sem educação pública de qualidade, a voz das professoras e dos professores”, destacou.
A deputada Professora Rosa Neide (PT-MT), vice-presidente da comissão especial que analisou a PEC, considerou que foi uma noite vitoriosa, com a aprovação do novo Fundeb. “O meu sentimento é de gratidão aos profissionais de educação, principalmente da rede básica, e à comunidade educacional – professores, trabalhadores da educação, estudante e pais que se mobilizaram e que estão acompanhando a votação do novo Fundeb, que vai garantir educação de qualidade para milhares de brasileiros”, afirmou.

Esforço conjunto dos parlamentares

A deputada fez um agradecimento especial ao presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), que ela considerou decisivo para a votação do novo Fundeb. “Agradeço a professora Dorinha, que foi uma guerreira ao construir esse relatório a muitas mãos e agradeço, sobretudo, ao nosso líder Enio Verri (PR), que é professor e não mediu esforços para ajudar na construção das condições para a aprovação do novo Fundeb”.

O deputado federal Rogério Correia (PT-MG), que fez parte da Comissão Especial que examinou a PEC 15/15, ressaltou que essa é uma vitória dos educadores e dos movimentos sociais. Os bolsonaristas e o Partido Novo trabalharam contra, mas a mobilização popular garantiu a aprovação do fundo de recursos para a educação pública.

Padre João (PT-MG) ressaltou que essa é uma conquista do povo brasileiro que constitucionalizou a matéria. Graças ao Congresso Nacional, apesar do desgoverno Bolsonaro que nem sequer tem competência para nomear um Ministro da Educação de respeito.

Margarida Salomão (PT-MG) comemorou o grande consenso realizado pelos parlamentares que tornaram perene a destinação de recursos para o financiamento da educação pública. E ficou indignada com o governo Bolsonaro que quis criar problemas para garantir o pagamento do piso salarial do magistério, mas foi derrotado graças à mobilização dos professores.
Rosa Neide citou ainda o empenho da governadora do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra, e do governador do PiauíWellington Dias, que ajudaram na elaboração da carta dos 20 governadores em defesa do Fundeb. “Quero ainda citar o ex-presidente Lula, que foi quem promulgou o Fundeb em 2007, e o ex-ministro Fernando Haddad, que na época ajudou a pensar o fundo de financiamento da educação básica”, afirmou a deputada. Ela concluiu citando que, muitas vezes, a porta da escola é a única que centenas de estudantes encontram para ter uma perspectiva de futuro.
Para o deputado Waldenor Pereira (PT-BA), coordenador do Núcleo de Educação da bancada, esse dia 21 de julho se tornará a data magna da educação brasileira, com a aprovação da constitucionalização do novo Fundeb, para garantir a manutenção da educação básica pública no País. Ele também destacou que o Fundeb foi criado no governo Lula, com um avanço de 1% para 10% na cesta de tributos destinados ao fundo. “O Fundeb é de muita importância, de grande relevância, porque financia mais de 60% da educação básica pública no País. Ele é responsável por mais de 45 milhões de matrículas estudantis e pelo financiamento do pagamento do piso nacional de salário de mais de 2 milhões de professores”, enfatizou.

Bases para educação de qualidade

A deputada Maria do Rosário (PT-RS) destacou que o texto aprovado preserva a escola pública, os educadores, as educadoras, e constitui as condições para que, no próximo período, haja a ampliação da participação da União aos níveis de 20%, para o melhor desenvolvimento da educação pública no Brasil. “O Fundeb é o maior programa de repartição de renda do Brasil. Ele constrói desde a educação infantil e a creche até o final do ensino médio, passando pela educação de crianças com deficiência e pela Educação de Jovens e Adultos — EJA. Pelo ensino fundamental e médio, ele constrói a perspectiva de presente e de futuro”, enfatizou.
“Acreditando no Fundeb, digo sim ao relatório da deputada Dorinha. E digo sim, em nome dos colegas educadores e educadoras do Brasil e com o meu partido, com todos os educadores e educadoras que compõem essa nossa grande rede de educação, que acredita, como Paulo Freire nos ensinou, que a educação sozinha não muda o mundo, mas que a educação muda as pessoas, e as pessoas mudam o mundo. Nós, com mais educação, vamos mudar o mundo para muito melhor”, conclui Rosário.
E a deputada Benedita da Silva (PT-RJ) destacou a importância do Fundeb para a vida de mais de 48 milhões de estudantes e para os professores que, muitas vezes trabalham em ambiente desfavorável. “Meu voto é sim, em nome dos profissionais de educação e dos 48 milhões de meninos e meninas que têm esperança, para que eles possam dar saltos mais altos na nossa educação, para que a nossa educação de qualidade possa atendê-los ao ponto de desfrutarem do conhecimento e alcançarem os seus objetivos”, afirmou.
Fonte: PT na Câmara

terça-feira, 21 de julho de 2020

O PT assusta. De novo.


O programa de governo do PT e o início concreto das eleições
O colunista Gustavo Conde analisa o cenário eleitoral e o pânico que a democracia causa em certos setores da sociedade brasileira. ele diz: "o problema é que o PT não é um partido político nos moldes dessa avacalhação partidária brasileira. O PT é um fenômeno social, é o partido que abalou as estruturas conservadoras do país, é o partido que governou o país por 13 anos, que incluiu 40 milhões de pessoas no universo do consumo e que só saiu com um golpe (porque no voto estava difícil)"



Gustavo Conde*
O movimento "sufoca PT" está forte. Muita gente embarcando sem saber.
É a Globo querendo dividir o partido, é o PSB flertando com possível fusão com o PCdoB (sob a alusão ridícula de "MDB de esquerda"), é a candidatura Boulos-Erundina (que é maravilhosa) tomando a emocionalidade de setores progressistas que fazem ignorar completamente as articulações do PT em São Paulo (que, gostemos ou não, existem, são democráticas e representam grande massa eleitoral na capital).
Muita gente, afinal, querendo que o PT apoie Boulos de cara. Ingenuidade atroz. Se o PT fizer isso, pode até prejudicar a candidatura de Boulos (vide Freixo no Rio).
É muita impulsividade, muito trauma e muita aposta errada na hora errada.
O que se vê, concretamente, neste momento, é um movimento geral de sufocamento do PT.
O PT é muito grande para as pretensões gerais nesse esfacelamento partidário, político, econômico, sanitário, histórico e ideológico pelo qual o país passa.
Eles querem que o Brasil volte a ser Brasil do PT sem o PT.
O PT foi - é e sempre será - o partido mais agredido, perseguido e odiado por nossas elites. Ele ocupa essa posição porque incomoda de fato. Essas elites, com seu discurso fajuto de conciliação, seduzem até parte da esquerda a continuar proscrevendo o PT - já que ele ocupa o maior espaço dentro da esquerda.
O problema é que o PT não é um partido político nos moldes dessa avacalhação partidária brasileira. O PT é um fenômeno social, é o partido que abalou as estruturas conservadoras do país, é o partido que governou o país por 13 anos, que incluiu 40 milhões de pessoas no universo do consumo e que só saiu com um golpe (porque no voto estava difícil).
O PT deveria ter o apoio geral e irrestrito da população brasileira progressista que se dá ao respeito. O partido sofreu a mais impressionante violência já registrada a partidos políticos: golpe contra uma presidenta eleita e prisão do melhor e mais popular presidente da nossa história.
O PT sabe "apanhar". Passou a vida apanhando e não reclamando. Pelo contrário: optou por fazer, ganhando, perdendo, aceitando derrotas eleitorais, entendendo as vitórias e governando.
A Globo morre de medo de ter um PT gigantesco de novo cafungando no cangote das elites, mas com a inteligência de sempre - muita gente acha que o PT faz acordo com as elites; ledo engano: o PT, enquanto instituição e "ideia", sabe lidar com essa gente podre, sem sujar as mãos (haja vista o pânico que tais setores têm do partido). 
Eis que o momento é esse: medo do PT, de novo. Síndrome de Regina Duarte. Busque-se todas as alternativas possíveis para se evitar o PT em São Paulo, no Rio, em Porto Alegre (Manuela que se cuide, porque a irracionalidade política das militâncias que disputam o mesmo espaço dentro da esquerda pode favorecer o adversário na hora do "vamos ver" - anotem e rezem para eu estar errado).
Nós ainda estamos injustos e egoístas com relação ao PT, todos nós - não só a elite genocida.
A esquerda não petista quer montar partidos novos? Quer ter seus candidatos puro-sangue novos? Quer protagonizar?
Maravilha. Vão em frente, inclusive com a ajuda do PT.
Mas, seria interessante não ostentar ingratidão a níveis conhecidos de agressividade cirista, para citar um exemplo de um falso pretenso líder de esquerda. 
O Brasil não aguenta mais tanta burrice.
Publicado no Brasil247.com



terça-feira, 14 de julho de 2020

Que falta faz a medicina baseada na ciência

Coronavírus: da prata coloidal a água com vinagre, o perigo das ...Já passou da hora de levarmos em conta a ciência para adotar tratamentos que funcionam e abandonar os que não funcionam.
 Átila Iamarino*
Folha de S. Paulo - 9.jul.2020 às 23h15

Fazer o bem não é fácil na medicina. Diferenciar o que funciona, o que não funciona e quem melhorou sozinho é tarefa ingrata. Até a simples prática de lavar as mãos, prática que nos protege da Covid-19, de diarréias e de uma expectativa de vida de poucas décadas, já foi controversa.

Ignaz Semmelweis foi o médico que percebeu, em 1846, que mulheres que pariam em casa morriam menos do que aquelas que pariam no Hospital Geral de Viena, na clínica usada para aulas de medicina. A taxa de mortalidade era 300% (!) maior entre as que iam para o hospital.

Semmelweis reparou que médicos vinham das aulas de anatomia com as mãos e os instrumentos saídos dos cadáveres direto para as mulheres em parto. Ele fez uma observação, formulou uma hipótese e testou. Instituiu que os médicos lavassem as mãos em uma solução de água e cloro. As mortes por febre pós-parto caíram em 90%. Mas os médicos ignoraram suas conclusões, que iam contra as ideias da uma época onde não se sabia sobre bactérias.
Semmelweis morreu ignorado quase 20 anos depois, após apanhar de guardas em um manicômio, ainda fulo da vida. Pelo menos ganhou um reflexo em seu nome, o reflexo de Semmelweis, quando pessoas rejeitam o conhecimento correto, pois vai de encontro com crenças prévias. Só quando descobrimos os micróbios que entendemos a importância de lavar as mãos.
Um reflexo que certamente ainda acontece. Foi com muito custo que a medicina abandonou práticas como sangrar pacientes para deixar os maus humores saírem, que certamente levou mais vidas do que salvou. 

O que ajudou na mudança foi a medicina baseada em evidências, um método de tomada de decisões bem descrito pelo médico Jan Baptist van Helmont, em 1662, quando propôs usar 200 a 500 pobres doentes, para sangrar metade deles e outra metade não, e ver qual o grupo que tinha mais curas para saber se sangrias funcionavam. Isso é um teste clínico. Nada ético, mas bastante meticuloso. Que com um pouco mais de ética nos trouxe muitos avanços médicos. Como cura do escorbuto com vitamina C. A ele ainda incorporamos a estatística, o sorteio de quem recebe o tratamento e placebos. É graças a essa combinação nos testes clínicos que uma unidade básica de saúde distribui medicamentos modernos que salvam vidas, ao invés de sanguessugas.

Parece simples, mas pense em quantas outras áreas se baseiam em evidências. Quais medidas econômicas, sociais ou educacionais foram adotadas depois de comparar um grupo controle "tratado" com outro "não tratado"?
Tomar decisões baseadas em ciência assim ainda é difícil. O Brasil ainda reconhece homeopatia como prática médica, um tipo de tratamento que não passa em testes clínicos. É só ver o que acontece na pandemia de Covid-19. Testes clínicos randomizados, controlados, demoram para serem feitos. E estão sendo feitos e demonstrando alguns tratamentos, como o uso de corticóide que salva pacientes em estado grave. Mas no desespero por salvar vidas, já saímos tratando as pessoas com qualquer princípio promissor. Sem ter como saber quem melhorou por conta própria ou por algum dos vários tratamentos testados ao mesmo tempo.
No Irã, centenas morreram tomando metanol como cura da Covid. No Brasil, cloroquina e ivermectina seguem usadas como "preventivo" depois de mostrarem bons resultados em laboratório que não se confirmaram em testes clínicos.
Máscaras, distanciamento e ficar em casa são os preventivos que funcionam. Já passou da hora de levarmos em conta a ciência e as evidências para adotar tratamentos que funcionam e abandonar os que não funcionam. Só assim que salvaremos vidas. Semmelweis que o diga.
Esta coluna foi escrita para a campanha #CientistaTrabalhando, que neste mês de julho celebra o Dia Nacional da Ciência, abordando o processo científico.
Atila Iamarino
*Atila Iamarino
Doutor em ciências pela USP, fez pesquisa na Universidade de Yale. É divulgador científico no YouTube em seu canal pessoal e no Nerdologia