domingo, 31 de agosto de 2014

O Vale do Jequitinhonha e o Bolsa Família.

Por Nathalia Duarte.

Dona Lena, moradora de Alfredo Graça. [foto minha]

        Acabo de voltar de uma intensa e transformadora viagem no Vale do Jequitinhonha. Nós, pesquisadoras do NEPEM - Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre a Mulher*, visitamos quatro comunidades da área rural de Araçuaí e ouvimos mais de cem beneficiarias do Bolsa Família a fim de entender quais foram os impactos de dez anos do programa na vida das mulheres. Dentre as quatro comunidades, duas eram comunidades rurais, Alfredo Graça e Baixa Quente, uma era indígena, Cinta Vermelha Jundiba (fruto de um casamento Pankararu-Pataxó) e uma quilombola, Baú Santana.                                                                                                      
As histórias que ouvimos, as realidades que vimos, as experiências que vivenciamos mexeram muito comigo. E, mesmo longe de concluída a análise do vasto material que colhemos durante essa pesquisa (que visitou também outros municípios de Minas Gerais), já percebemos que o Bolsa Família é um divisor de águas na vida das populações pobres do país. Ouvimos relatos marcantes de mulheres que antes do benefício davam a seus filhos fubá com água, por não terem mais nada de comer. Ou o relato das(os) quilombolas, que antes do programa tinham renda zero. Ou de mulheres na faixa dos 50 anos que já estão muito adoecidas, sem condições de fazer trabalhos pesados, sem possibilidade de conseguir outros empregos e que ainda não podem se aposentar, cuja única renda são os 70 reais mensais do Bolsa Família.

Este texto não é nem propriamente um elogio, nem propriamente uma crítica aos governos de Lula e Dilma. Ou talvez seja os dois. O que vi no Vale foi uma mistura complexa de enormes avanços e absurdo abandono. Claro que é preciso fazer a ressalva de que a maior parte dos avanços é crédito do governo federal do PT e que a maior parte do abandono é responsabilidade do governo estadual do PSDB. Ressalva feita, há muito que o governo federal deveria ter feito e não fez. Para exemplificar essa complexidade, vou escrever com mais detalhes sobre a situação das duas comunidades que mais me marcaram: a aldeia Cinta Vermelha Jundiba e o quilombo do Baú.

A situação das comunidades indígenas e quilombolas no Brasil é alarmante. Enfrentam todos os tipos de violências de todos os lados, dos fazendeiros, da Polícia Militar, da burocracia e descaso estatais, dos vizinhos preconceituosos, etc. O caso da aldeia Pankararu-Pataxó é emblemático: os índios que residiam na região do Vale foram dizimados pela colonização, e os que restaram foram escravizados e/ou militarizados e foi feito lá um presídio indígena (por mais absurdo que isso pareça). Os Pankararu, originários do Estado de Pernambuco, vieram para o Vale em busca de familiares presos no presídio e, após um casamento com um Pataxó, quiseram permanecer na região. Buscaram a ajuda da Funai, que lavou as mãos, deixando-os sem seus direitos. Estes, sem alternativa, resolveram, com a ajuda de um crédito fundiário (que não conseguiram pagar até hoje), comprar uma terra para fazer sua aldeia. Esse é um exemplo claro da ambiguidade da atuação do governo federal: se, por um lado, o Bolsa Família é essencial para a sobrevivência dessas(es) indígenas, por outro temos uma situação absurda na qual indígenas, moradorxs originárixs das terras que vieram a ser o Brasil, têm hoje que comprar, com financialmento governamental, um pedacinho de terra pra reconstruírem suas aldeias.


O caso do Quilombo do Baú é igualmente estarrecedor. As(os) quilombolas estão lá há 300 anos e foram escravizadas(os) até a década de 1970 (!), trabalhando posteriormente em regime semi-escravo para os fazendeiros da região, que hoje se negam a empregá-las(os). Antes do primeiro mandato do PT, a comunidade sequer tinha o reconhecimento de quilombola, assim como não tinha luz, água, e praticamente nenhuma renda. Com o Bolsa Família, hoje as famílias beneficiarias conseguem comprar o básico e um pouquinho mais, o programa Luz para Todos levou a energia e o programa Água para Todos está começando o processo para levar a água (por enquanto eles têm que usar água escassa e suja, com sódio e ferrugem, já que o caminhão pipa que ia lá de tempos em tempos parou de ir). Transporte simplesmente não existe e, depois que a CEMIG desativou a balsa próxima ao quilombo, para ir a Araçuaí é preciso sair às 4h da manhã, andar 8 km (!) para pegar o único ônibus que sai às 7h da manhã. A Escola da comunidade tem uma única professora que dá aula desde o maternal até a quinta série, e depois da quinta série, não há mais escola. As ameaças dos fazendeiros da região são constantes e o Antônio, presidente da associação do quilombo, está ameaçado de morte por ter ousado lutar por direitos. Há somente uma assistente do CRAS que, de vez em quando, vai até lá e, segundo Antônio, ela só faz isso porque também é de uma comunidade quilombola, não fosse isso, a comunidade estaria totalmente abandonada. E, para piorar, apesar de terem já há dez anos o reconhecimento de quilombolas, o INCRA ainda não deu a titulação da terra para eles, e segundo funcionárias(os) do governo, a água só chegará quando a terra estiver no nome da comunidade.

Apesar de todo esse sofrimento, de tantas violências e preconceitos, as(os) indígenas e quilombolas protagonizam uma linda resistência e resgate de suas culturas, ao mesmo tempo que constroem novas noções de igualdades. Na Aldeia Cinta Larga, por exemplo, nos surpreendemos com um discurso expressivo de igualdade de gênero (até cartaz feminista vimos por lá). No Quilombo do Baú, fomos lindamente recebidas, e de modo particularmente carinhoso pelas crianças, que jogaram capoeira conosco, nos ensinaram danças e canções tradicionais e, ao final, anotaram o telefone de cada uma de nós (apesar de não haver sinal de celular na comunidade).

Com todas as críticas que tenho aos governos do PT (o genocídio indígena, o desrespeito intenso ao meio-ambiente, os despejos, repressões e violências da Copa do Mundo, para citar apenas algumas), é visível e inegável o processo de erradicação da miséria em curso no país. Se tem um aspecto do governo da Dilma que não pode ser criticado são os programas de enfrentamento a pobreza, e quem os critica, nunca foi ao Vale de Jequitinhonha. A visita ao Vale deveria ser currículo de todas as escolas e estágio obrigatório de qualquer pessoa que quisesse se candidatar a um cargo político. Voltei virada do avesso, mas eternamente grata às pessoas que conheci pelos muitos ensinamentos e exemplos de vida.

sexta-feira, 29 de agosto de 2014

Marina abre o jogo: deixa o pré-sal para os gringos! Energia, só de catavento e espelhinho!


29 de agosto de 2014 | 12:05 Autor: Fernando Brito, no Tijolaço.
latuff
Não foi preciso nem que a diretora da Chevron, Patrícia Pradal, fosse pedir, como fez com José Serra, em 2010.
Marina Silva, espontaneamente, anunciou que vai deixar o petróleo do pré-sal lá embaixo, bem enterradinho, para que, um dia, os gringos venham  tirar.
Seu programa, dizem os jornais, vai tirar a prioridade “da exploração do petróleo da camada do pré-sal na produção de combustíveis”.
Ou seja, deixar por lá mesmo uma quantidade imensa de petróleo, tão grande que faz a Agência Internacional de Energia prever que o crescimento da oferta de petróleo no mundo, nas próximas décadas, virá mais do Brasil do que do Oriente Médio.
Adeus, 75% da renda do petróleo do pré-sal para a educação. Goodbye, 25% para a saúde! Tchau, indústria naval, engenharia nacional e empregos!
Fiquem lá esperando até que os gringos venham te buscar!
O que ela sugere no lugar ma maior reserva de petróleo descoberta no século 21?
Energia eólica e energia solar.
Claro que ninguém é inimigo, muito pelo contrário, do uso da energia dos ventos e do sol para gerar eletricidade, e o Brasil vem avançando muito neste campo.
Só que, com a ciência de almanaque de Marina Silva, deixa-se de lado a sinceridade.
Um  parque eólico  muito  bom – que é caríssimo –  vai gerar perto de 40% de sua capacidade instalada, porque o vento, óbvio, não é constante. Ou seja, para produzir um 1 megawatt é preciso instalar  turbinas capazes de gerar pelo menos 2,5 MW.
O parque eólico de Osório, do Rio Grande do Sul, um dos maiores da América Latina, ocupa com seus cataventos uma área de 130 km², quase tanto quanto a usina de Santo Antonio inundou além da área que já era antes ocupada pela calha do Rio Madeira, para gerar  de meros 51 Mw médios, menos que uma só das 30 turbinas que já operam naquela usina!
E a energia solar?
A maior usina solar do mundo só consegue abastecer – se tiver sol todo o tempo – a cidade de Niterói!
Produz 340 Mw, o que é meio por cento do que o Brasil consome!
Recém inaugurada pela empresa Google, gera menos que 15% da energia gerada por Santo Antônio e para isso transforma 13 km² do deserto de Mojave, na Califórnia, numa fornalha solar. São 3.150 campos de futebol cobertos de espelhos refletindo energia do sol para caldeiras a vapor!
Só para cobrir o crescimento da demanda, precisaríamos fazer umas dez fornalhas gigantes destas por ano!
E, claro, com problemas ambientais, só que trocando a ecologia do bagre pela do calango.
Qualquer pessoa com conhecimento técnico ouve o que Marina diz com o espanto de quem olha um energúmeno.
E qualquer empresa de petróleo do mundo ouve o que Marina diz  com o salivar de quem tem grandes apetites.
Ela só agrada aos bobos e aos muito espertos.
Marina Silva  seria  a P-36 do petróleo brasileiro.
Fonte: http://tijolaco.com.br/blog/?p=20579

Marina quer entregar o pré-sal para estrangeiros e tirar R$ 112,5 bilhões da educação, em 10 anos.

Ex-Marina defende interromper exploração do pré-sal. 

Sabe o que significa?

Por Renato Rovaiagosto 29, 2014 12:37
O Globo de hoje anuncia em primeira página que a candidata do PSB, Marina Silva, planeja reduzir a importância do pré-sal na produção de combustíveis. Num encontro com produtores de etanol, na Feira Internacional de Teconologia Sucroenergética (Fenasucro), em Sertãozinho, Marina, para foi ovacionada quando disse: “temos que sair da idade do petróleo”. E também quando prometeu disse vai revigorar o álcool, dando incentivo para os produtores do setor.
O governo estima que em dez anos o Brasil extrairá US$ 112,5 bilhões em recursos para a área de saúde e educação com o pré-sal. E que em pouco tempo o país se tornará um exportador de petróleo.
Isso significará não apenas a nossa auto-suficiência energética, mas o Brasil também se tornará um país mais importante do ponto de vista geopolítico.
É isso que está em jogo e que incomoda profundamente os falcões americanos. Eles não querem o desenvolvimento do Brasil e muito menos o nosso fortalecimento internacional.
Um Brasil forte não interessa aos EUA. Desde sempre.
E por isso, sempre houve pressão para que a extração nas camadas de pré-sal fosse entregue a grandes empresas privadas, se possível americanas. E não fosse realizada pela Petrobras.
Os gringos querem o pré-sal para eles.
Mas como a campanha de Marina vai lidar com o assunto, segundo o Globo. Ela vai criar um grupo de especialistas para avaliar os riscos envolvidos na exploração do pré-sal e vai apresentá-los à sociedade.
Que especialistas, cara-pálida? A turma do Eduardo Gianetti da Fonseca, que defende a cobrança de mensalidade para “estudantes que podem pagar” nas universidades públicas.
O Globo procurou um especialista que pelo jeito não é da turma do Gianetti e a resposta à consulta foi óbvia. Nivaldo de Castro, coordenador do setor Elétrico da UFRJ disse que “seria uma decisão estratégica que alteraria substancialmente a capacidade de investimentos do país em duas áreas fundamentais para o Brasil entrar numa rota de desenvolvimento social, a Educação e a Saúde”.
Castro ainda acrescenta que diminuir investimento não seria uma boa estratégia porque o país perderia a liderança tecnológica na exploração da camada do pré-sal.
Mas aí vem a pergunta. Não seria uma boa estratégia para quem interromper os investimentos da Petrobras no pré-sal para o Brasil perder a liderança tecnológica neste setor?
Só não seria uma boa estratégia para o Brasil, os brasileiros e a Petrobras. Para os EUA e para suas empresas de exploração, como a Exxon isso seria lindo e maravilhoso.
Mesmo que depois de interromper a exploração por um determinado tempo o Brasil decidisse voltar a explorar o pré-sal, já estaríamos defasados tecnologicamente. E superados. E aí teríamos de terceirizar a exploração.
É um jogo absolutamente bruto que está por trás dessa decisão. Em nome de uma causa em tese ecológica, vamos entregar nossas reservas e abrir mão do nosso futuro.
Ao mesmo tempo que promete interromper o pré-sal para discutir as consequências da exploração, Marina diz que nunca foi contra os transgênicos.
E ainda está se comprometendo a priorizar acordos bilaterais em detrimento do Mercosul.
Marina está virando ex-Marina. É muita mudança em pouquíssimo tempo.
PS: A defesa do Banco Central independente e da interrupção da exploração do pré-sal vão ajudar muito a campanha do PSB a arrecadar. Por isso o tesoureiro Márcio França já disse que não tem essa de não aceitar recursos de empresas de armas ou qualquer outra área. Vale tudo, desde que seja legal, segundo ele. Vai chover dinheiro na hortinha do PSB com esses novos compromissos que passam a a ser assumidos agora. Não vai ser necessário nem usar semente transgênica para multiplicar os recursos.

Datafolha de 29.08 mostra Dilma e Marina empatadas com 34%; Aécio tem 15%.

Na pesquisa anterior, divulgada dia 18, Dilma tinha 36% e Marina, 21%.

Na simulação de segundo turno, Marina atinge 50% e Dilma, 40%.

Do G1, em São Paulo
Pesquisa Datafolha sobre a corrida presidencial, divulgada nesta sexta-feira (29), indica uma situação de empate entre a presidente Dilma Rousseff (PT), candidata à reeleição, e a ex-senadora Marina Silva, candidata do PSB. Cada uma aparece com 34% das intenções de voto. A seguir, vem o senador Aécio Neves (PSDB), com 15%. Na pesquisa anterior do Datafolha, divulgada no último dia 18, Dilma tinha 36%, Marina, 21% e Aécio, 20%.
Na simulação de segundo turno entre Dilma e Marina, a ex-senadora alcançou 50% contra 40% da presidente. Na pesquisa anterior, Marina tinha 47% e Dilma, 43%.
Notícias, pesquisas e apuração de votos
No levantamento desta sexta, Pastor Everaldo (PSC) obteve 2%. Os outros sete candidatos somados têm 1%. Segundo o levantamento, os que disseram votar branco ou nulo são 7%, mesmo percentual dos que não sabem em quem votar.
Veja os números do Datafolha para a pesquisa estimulada (em que uma cartela com a relação dos candidatos é apresentada ao entrevistado):
Dilma Rousseff (PT): 34%
Marina Silva (PSB): 34%
Aécio Neves (PSDB): 15%
Pastor Everaldo (PSC): 2%
José Maria (PSTU): 0% *
Eduardo Jorge (PV): 0% *
Luciana Genro (PSOL): 0% *
Rui Costa Pimenta (PCO): 0% *
Eymael (PSDC): 0% *
Levy Fidelix (PRTB): 0% *
Mauro Iasi (PCB): 0% *
- Brancos/nulos/nenhum: 8%
- Não sabe: 9%
(*) Os candidatos indicados com 0% são os que não atingiram 1% das intenções de voto; somados, os sete têm 1%.
A pesquisa foi encomendada pela TV Globo e pelo jornal "Folha de S.Paulo". O Datafolha fez 2.874 entrevistas em 178 municípios nestas quinta (28) e sexta (29). A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos. O nível de confiança é de 95%. Isso significa que, se forem realizados 100 levantamentos, em 95 deles os resultados estariam dentro da margem de erro de dois pontos prevista.
A pesquisa está registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob o número BR-00438/2014.
Espontânea
Na modalidade espontânea da pesquisa (em que o pesquisador somente pergunta ao entrevistado em quem ele pretende votar, sem apresentar a lista de candidatos), os resultados são os seguintes:
- Dilma Rousseff: 27%
- Marina Silva: 22%
- Aécio Neves: 10%
- Outras respostas: 3%
- Em branco/nulo/nenhum: 3%
- Não sabe: 32%
Segundo turno
Nas simulações de segundo turno, o Datafolha avaliou os seguintes cenários:
- Marina Silva: 50%
- Dilma Rousseff: 40%
- Brancos/nulos/nenhum: 7%
- Não sabe: 3%
- Dilma Roussef: 48%
- Aécio Neves: 40%
- Brancos/nulos/nenhum: 9%
- Não sabe: 4%
O Datafolha não realizou simulação de segundo turno entre Marina e Aécio.
Rejeição
A presidente Dilma tem a maior taxa de rejeição (percentual dos que disseram que não votam em um candidato de jeito nenhum). Nesse item da pesquisa, os entrevistados puderam escolher mais de um nome.
- Dilma Roussef: 35%
- Pastor Everaldo: 23%
- Aécio Neves: 22%
- Zé Maria: 18%
- Eymael: 17%
- Levy Fidelix: 17%
- Rui Costa Pimenta: 16%
- Luciana Genro: 15%
- Marina Silva: 15%
- Eduardo Jorge: 14%
- Mauro Iasi: 14%
Avaliação da presidente
A pesquisa mostra que a administração da presidente Dilma Rousseff tem a aprovação de 35% dos entrevistados – no levantamento anterior, eram 38%. O índice se refere aos entrevistados que classificaram o governo como "ótimo" ou "bom".
Os que julgam o governo "ruim" ou "péssimo" eram eram 23% e agora são 26%, segundo o Datafolha. Para 39%, o governo é "regular" – 38% no levantamento anterior.
- Ótimo/bom: 35%
- Regular: 39%
- Ruim/péssimo: 26%
- Não sabe: 1%
A nota média atribuída pelos entrevistados ao governo foi 5,9 – na pesquisa anterior, foi 6,0.
Pesquisa Datafolha presidente 29.08.2014 (Foto: Editoria de Arte / G1)

Pimentel mantém dianteira, com 13 pontos de vantagem

De acordo com levantamento, petista tem 33,9% das intenções de voto contra 21% do tucano

PUBLICADO EM 29/08/14 - 11h00

Pesquisa realizada pelo DataTempo/CP2, entre os dias 21 e 25 de agosto, aponta estabilidade nas intenções de voto dos candidatos ao governo de Minas. Mas o que chama a atenção é o grande percentual de indecisos que, na comparação com o levantamento anterior, cresce mais do que a margem de erro de 2,16 pontos percentuais, passando de 25% para 28,9%. O número mostra que a disputa pelo governo de Minas ainda está aberta.


O candidato do PT ao governo de Minas, Fernando Pimentel, lidera a pesquisa com 33,9% das intenções de voto. Em 8 de agosto, ele contabilizava 33,2%. O seu concorrente mais próximo é Pimenta da Veiga, que passou de 20,7% da preferência do eleitorado no levantamento anterior para 21% agora. O candidato do PSB, partido da ex-senadora Marina Silva, Tarcísio Delgado, tem 2,6% das intenções de voto. Antes tinha 2,8%. Todos os outros concorrentes registram percentual igual ou inferior a 1,1%. A diferença entre o primeiro e o segundo colocados cresceu de 12,5 pontos para 12,9 pontos percentuais.

Fernando Pimentel vence Pimenta da Veiga e Tarcísio Delgado nas simulações de segundo turno. No cenário em que ele disputa com Pimenta da Veiga, o petista obtém 40,9%, e seu adversário tucano, 24,8%. A situação ainda é mais confortável para Pimentel quando o embate direto é com Tarcísio Delgado. Nessa situação, ele tem 48,7% das intenções de voto, seu melhor desempenho, contra 10% do concorrente do PSB.

No confronto entre Pimenta da Veiga e Tarcísio Delgado, o tucano sai vitorioso com 38,3%. Delgado está com 13,3%, o mais alto percentual obtido por ele neste levantamento.

Espontânea. Quando não são apresentados os nomes dos concorrentes para o entrevistado, o número de indecisos ainda é maior do que na pesquisa estimulada, atingindo 39%. Outros 29,8% dizem que não conhecem os candidatos. Ou seja, dois terços dos pesquisados ainda estão com o voto indefinido, quando não têm uma lista dos concorrentes ao governo de Minas em mãos.
Apesar da indefinição, Fernando Pimentel lidera o levantamento espontâneo, com 14,3% das intenções de voto. Pimenta da Veiga tem 7,9%. Tarcísio Delgado tem 0,5%.

Nomes que não concorrem ao governo do Estado, como Antonio Anastasia, que é candidato ao Senado, e Aécio Neves, que disputa a Presidência da República, também foram citados.

Rejeição. Ao contrário do que foi verificado no levantamento DataTempoanterior, Pimenta da Veiga é o candidato mais rejeitado pelos pesquisados. Dizem que não votariam nele 10,5%. Em 8 de agosto eram 9,5%. Já a rejeição a Fernando Pimentel caiu de 11,8% para 7,9% – queda superior à margem de erro de 2,16 pontos percentuais.

O candidato menos rejeitado é o professor Túlio Lopes, que não receberia o voto de 2% dos entrevistados. 
Dados
Registro
. O levantamento, realizado de 21 a 25 de agosto, foi registrado na Justiça Eleitoral com protocolo MG-00067. Foram feitas 2.066 entrevistas. A pesquisa foi encomendada pela Sempre Editora. 

quinta-feira, 28 de agosto de 2014

7 motivos pelos quais Marina Silva não representa a “nova política”

Se a sua intenção este ano é votar em uma "nova forma de fazer política", leia este texto antes de encarar a urna eletrônica

por Lino Bocchini — publicado 27/08/2014 14:10, última modificação 27/08/2014 16:07
Léo Cabral/ MSILVA Online
Marina-Silva-visita-a-Bienal-do-Livro-de-Sao-Paulo-foto-Leo-Cabral-MSILVA-ONLINE201408250010 (1).jpg
Neca Setúbal, herdeira do Itaú e coordenadora do programa de governo de Marina Silva, a candidata e seu vice, Beto Albuquerque.
É comum eleitores justificarem o voto em Marina Silva para presidente nas Eleições 2014 afirmando que ela representaria uma “nova forma de fazer política”. Abaixo, sete razões pelas quais essa afirmação não faz sentido:
1. Marina Silva virou candidata fazendo uma aliança de ocasião. Marina abandonou o PT para ser candidata a presidente pelo PV. Desentendeu-se também com o novo partido e saiu para fundar a Rede -- e ser novamente candidata a presidente. Não conseguiu apoio suficiente e, no último dia do prazo legal, com a ameaça de ficar de fora da eleição, filiou-se ao PSB. Os dois lados assumem que a aliança é puramente eleitoral e será desfeita assim que a Rede for criada. Ou seja: sua candidatura nasce de uma necessidade clara (ser candidata), sem base alguma em propostas ou ideologia. Velha política em estado puro.
2. A chapa de Marina Silva está coligada com o que de mais atrasado existe na política. Em São Paulo, o PSB apoia a reeleição de Geraldo Alckmin, e é inclusive o partido de seu candidato a vice, Márcio França. No Paraná, apoia o também tucano Beto Richa, famoso por censurar blogs e pesquisas. A estratégia de “preservá-la” de tais palanques nada mais é do que isso, uma estratégia. Seu vice, seu partido, seus apoiadores próximos, seus financiadores e sua equipe estão a serviço de tais candidatos. Seu vice, Beto Albuquerque, aliás, é historicamente ligado ao agronegócio. Tudo normal, necessário até. Mas não é “nova política”.
3. As escolhas econômicas de Marina Silva são ainda mais conservadoras que as de Aécio Neves. A campanha de Marina é a que defende de forma mais contundente a independência do Banco Central. Na prática, isso significa deixar na mão do mercado a função de regular a si próprio. Nesse modelo, a política econômica fica nas mãos dos banqueiros, e não com o governo eleito pela população. Nem Aécio Neves é tão contundente em seu neoliberalismo. Os mentores de sua política econômica (futuros ministros?) são dois nomes ligados a Fernando Henrique: Eduardo Giannetti da Fonseca e André Lara Rezende, ex-presidente do BNDES e um dos líderes da política de privatizações de FHC. Algum problema? Para quem gosta, nenhum. Não é, contudo, “uma nova forma de se fazer política”.
4. O plano de governo de Marina Silva é feito por megaempresários bilionários. Sua coordenadora de programa de governo e principal arrecadadora de fundos é Maria Alice Setúbal, filha de Olavo Setúbal e acionista do Itaú. Outro parceiro antigo é Guilherme Leal. O sócio da Natura foi seu candidato a vice e um grande doador financeiro individual em 2010. A proximidade ainda mais explícita no debate da Band desta terça-feira. Para defendê-los, Marina chegou a comparar Neca, herdeira do maior banco do Brasil, com um lucro líquido de mais de R$ 9,3 bilhões no primeiro semestre, ao líder seringueiro Chico Mendes, que morreu pobre, assassinado com tiros de escopeta nos fundos de sua casa em Xapuri (AC) em dezembro de 1988. Devemos ter ojeriza dos muito ricos? Claro que não. Deixar o programa de governo a cargo de bilionários, contudo, não é exatamente algo inovador.
5. Marina Silva tem posições conservadoras em relação a gays, drogas e aborto. O discurso ensaiado vem se sofisticando, mas é grande a coleção de vídeos e entrevistas da ex-senadora nas quais ela se alinha aos mais fundamentalistas dogmas evangélicos. Devota da Assembleia de Deus, Marina já colocou-se diversas vezes contra o casamento gay, contra o aborto mesmo nos casos definidos por lei, contra a pesquisa com células-tronco e contra qualquer flexibilização na legislação das drogas. Nesses temas, a sua posição é a mais conservadora dentre os três principais postulantes à Presidência.
6. Marina Silva usa o marketing político convencional. Como qualquer candidato convencional, Marina tem uma estrutura robusta e profissionalizada de marketing. É defendida por uma assessoria de imprensa forte, age guiada por pesquisas qualitativas, ouve marqueteiros, publicitários e consultores de imagem. A grande diferença é que Marina usa sua equipe de marketing justamente para passar a imagem de não ter uma equipe de marketing.
7. Marina Silva mente ao negar a política. A cada vez que nega qualquer um dos pontos descritos acima, a candidata falta com a verdade. Ou, de forma mais clara: ela mente. E faz isso diariamente, como boa parte dos políticos dos quais diz ser diferente.
Há algum mal no uso de elementos da política tradicional? Nenhum. Dentro do atual sistema político, é assim que as coisas funcionam. E é bom para a democracia que pessoas com ideias diferentes conversem e cheguem a acordos sobre determinados pontos. Isso só vai mudar com uma reforma política para valer, algo que ainda não se sabe quando, como e se de fato será feita no Brasil.
Aécio tem objetivos claros. Quer resgatar as bandeiras históricas do PSDB, fala em enxugamento do Estado, moralização da máquina pública, melhora da economia e o fim do que considera um assistencialismo com a população mais pobre. Dilma também faz política calcada em propósitos claros: manter e aprofundar o conjunto de medidas do governo petista que estão reduzindo a desigualdade social no País.
Se você, entretanto, não gosta da plataforma de Dilma ou da de Aécio e quer fortalecer “uma nova forma de fazer política”, esqueça Marina e ouça Luciana Genro (PSOL) e Eduardo Jorge (PV) com mais atenção.
De Marina Silva, espere tudo menos a tal “nova forma de fazer política”. Até agora a sua principal e quase que única proposta é negar o que faz diariamente: política
.