Espetáculo se inspira no imaginário do Vale do Jequitinhonha
Priscilla Duarte e Cristiano Peixoto se apresentam no Galpão
Priscilla Duarte e Cristiano Peixoto se apresentam no Galpão
O espetáculo A casa de lá está de volta a BH.
Dirigidos por Ricardo Gomes, os atores Cristiano Peixoto, Priscilla Duarte e Amanda Prates contam a história de um casal que se conhece na infância e compartilha experiências até a velhice. A peça foi apresentada no Rio de Janeiro e em São Paulo.
O drama retrata a vida – com seus nascimentos, mortes, encontros e despedidas.
“Esse casal representa todos os casais. A história deles seria compreendida mesmo sem palavras. Então, o texto entra num lugar mais simbólico”, explica Cristiano Peixoto.
Foi ele quem sugeriu a pesquisa sobre o tema por meio do projeto Cartografias do sertão.
“É a idéia de uma viagem de imersão para a criação do espetáculo”, explica o ator. O destino foi o Vale do Jequitinhonha.
“No teatro, a gente sempre fala de um processo em que ocorra a mudança, o deslocamento do olhar, a transformação atuante que também afeta o espectador. O deslocamento físico era condição interessante para o deslocamento do olhar”, conta Peixoto.
Teatrólgo Brook A idéia foi inspirada na experiência do diretor inglês Peter Brook. Em 1972, ele foi para a África em busca da essência da comunicação no teatro. “O objetivo era compreender por onde passam as linhas de contato com a plateia”, lembra Cristiano.
Ou seja: saber como artista e público que não falam a mesma língua conseguem se entender.
A experiência de Brook funcionou, o projeto Cartografias do sertão também.
“A gente fala a mesma língua do Vale do Jequitinhonha, mas há diferença entre o urbano e o rural. Algumas comunidades lá estão bem à parte de questões como a globalização”, lembra o ator brasileiro.
Na viagem, o grupo conheceu dois contadores de histórias: mestre Antônio, na cidade de Minas Novas, e dona Zefa, em Araçuaí. Mesmo separados por quase 100 quilômetros de distância, ambos, curiosamente, narraram a mesma história: a “releitura” do mito de Adão e Eva.
“Na Bíblia, esse trecho tem pouco espaço, mas os dois levaram uma hora para contá-lo. Há detalhes malucos: não é maçã, é uma romã, supercoerente para o Vale. Eva faz café para Adão e, na versão deles, a serpente bate palma”, revela Peixoto.
Depois de um mês no Vale do Jequitinhonha, a trupe voltou a Belo Horizonte em janeiro deste ano.
Inspirados nessa viagem e também na obra de Guimarães Rosa, atores e diretor finalizaram a dramaturgia de "A casa de lá".
A CASA DE LÁ
Sexta e sábado, às 21h; domingo, às 19h.
Galpão Cine Horto, Rua Pitangui, 3.613 - Horto - BH
Fone: (31) 3481-5580.
Preços ingressos: R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia).
Texto de Thaís Pacheco - Estado de Minas
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