Casa de Juscelino pede socorro em Diamantina
Gustavo Werneck, do Estado de Minas
Foto: Casa de Juscelino, museu, biblioteca e espaço de evntos, em Diamantina
No ano em que Brasília (DF) comemora meio século, parte da memória do seu fundador, o presidente Juscelino Kubitschek (1902-1976), corre o risco de desaparecer na sua terra natal, Diamantina, no Vale do Jequitinhonha. Preocupado com a falta de recursos para garantir aberta e em funcionamento a Casa de Juscelino, misto de museu, biblioteca, bar e praça de eventos, no Centro Histórico da cidade, o dirigente da instituição, Serafim Jardim, de 74 anos, conclama o empresariado a ajudá-lo a preservar a história do mineiro que foi prefeito de Belo Horizonte (1940-1945), governador de Minas (1951-1955) e chefe da República (1956-1961), além de médico.
A crise na Casa de Juscelino, sociedade civil sem fins lucrativos que completará 25 anos em dezembro, começou em 2009, a partir de problemas no repasse de verbas pela Secretaria de Estado da Cultura (SEC). Até então, diz Jardim, a instituição se beneficiava da Lei 9.722/88, que autorizava a ajuda financeira pelo estado, algo em torno de R$ 150 mil por ano. “Ficamos sem receber esse valor durante seis meses, no ano passado, e a situação ficou muito difícil, pois temos sete empregados, custos de manutenção, encargos sociais, fazemos uma revista bimensal e não há receita para arcar com os gastos”, afirma. Para Jardim, preservar a casa é mais do que uma missão, pois, 13 dias antes de morrer, JK lhe pediu que comprasse o imóvel, então em poder de uma família, e zelasse por ele.
Jardim explica que houve mudanças no sistema de repasse de verbas e que, agora, para ter direito a elas, é obrigado a firmar convênios com a SEC. Recentemente, o secretário Washington Mello liberou recursos considerados “insuficientes” para resolver a questão.
“Acredito que a campanha SOS JK vai sensibilizar os patrocinadores que entendem a importância de Juscelino na vida do país. Este aqui é o Memorial JK de Minas”, afirma, lembrando que a casa de 120 anos, onde o presidente viveu dos 3 aos 19 anos, é de propriedade do governo de Minas, embora a gestão esteja a cargo de uma organização de sociedade civil de interesse público (Oscip).
O imóvel fica em área tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e reconhecida como patrimônio da humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco).
A visitação mensal gira em torno de 1 mil pessoas, mas, nos fins de semana, feriado, época de vesperata e férias de julho, o turismo atinge o seu pico, com a média de 320 pessoas por dia. No restante do ano, o número cai para 30 visitantes diários.
“No carnaval, quando a cidade recebe muitos turistas, decidimos não mais abrir a casa, pois entravam foliões bêbados, que se deitavam na cama de Juscelino e causavam confusão”, conta Jardim. Com ingresso custando apenas R$ 2, o movimento de visitantes rende parcos R$ 1 mil mensais, quantia bem distante dos R$ 12 mil necessários para fechar as contas e deixar os responsáveis respirando aliviados.
Para o secretário Washington Mello, “a Casa de Juscelino é um patrimônio que precisa ser preservado a qualquer custo”. Ele adianta que toda a questão relacionada à SEC será formalizada em documento, sendo toda a liberação de recursos feita na época apropriada e periodicamente.
Fonte: Jornal Estado de Minas, de 30.05.10, com a lembrança do Passadiço Virtual
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