O antes e o depois da área degradada e, agora, recuperada em Araçuaí (Divulgação/Emater-MG)
Tudo começou quando produtor Selino Freire resolveu investir na recuperação de uma área que estava com solo descoberto de vegetação e afloração de cascalho. Para piorar, também já apresentava pontos de erosão causados por enxurradas.
“Era uma área de pastagem. Já estavam surgindo pequenas voçorocas por causa da falta de cobertura vegetal”, explica o produtor, que mora na fazenda que pertence à família.
A solução encontrada foi o cercamento da área a ser recuperada. Também foram construídas bacias de captação de água de chuva e curvas de nível.
“O próprio agricultor decidiu realizar algumas ações de recuperação da área, mantendo as espécies nativas lá existentes, como aroeira, carne de vaca, saca trapo e canelão. Junto foram plantadas várias árvores frutíferas”, explica o técnico da Emater-MG em Araçuaí, Paulo Edson.
Além do plantio de pés de goiaba, laranja, acerola, jambo, pitanga, urucum, manga e outras frutas, o produtor cultivou milho e o feijão irrigados, entre as fileiras das árvores. Para isso, foi instalado um sistema simples de irrigação por microaspersão.
O que se vê, três anos depois do início dos trabalhos, é uma área totalmente coberta de vegetação e com o solo rico em matéria orgânica. Até a fauna do local mudou, com o aparecimento pássaros e macacos, conhecidos na região como ‘soinhos’. “Hoje, 80% da área é com frutas. Está bem arborizada”, comemora Selino.
Na Fazenda Calhauzinho, a principal atividade é a pecuária leiteira. São aproximadamente 25 matrizes que utilizam o sistema de pastejo rotacionado. A produção anual é de aproximadamente 18 mil litros. Outra trabalho desenvolvido por Selino é a produção de cachaça, vendida na região. São cerca de 14 mil litros por ano. E, para isso, ele conta com um canavial onde usa apenas adubo orgânico.
Projeto internacional
Em 2016, o produtor Senilo Freire e os técnicos da Emater-MG cadastraram a propriedade em uma chamada pública do Projeto Rural Sustentável. O projeto tem o objetivo de incentivar práticas de uso da terra e manejo florestal pelos produtores nos biomas da Amazônia e da Mata Atlântica.
“Fizemos uma visita à propriedade para constatação das intervenções de recuperação da área degradada. Neste caso, o cadastro foi feito para que a propriedade sirva de apoio à utilização de tecnologia de área degradada. Após o envio de relato dos trabalho desenvolvidos, fotos e documentos, o projeto foi aprovado, com a Emater-MG sendo a responsável técnica”, explica Paulo Edson.
A ideia do projeto é promover o desenvolvimento sustentável, reduzir a pobreza, incentivar a conservação da biodiversidade e a proteção do clima. Os recursos do Rural Sustentável são doados pelo governo do Reino Unido, para execução pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e tem como beneficiário o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
A Fazenda Calhauzinho foi contemplada com R$ 20 mil do Rural Sustentável. Os recursos serão utilizados para novas ações de conservação. “Já separei uma nova área degradada para também fazer a recuperação. Fizemos curva de nível e três barraginhas para captação de água da chuva. Tiramos os animais da área, vamos cercar e arborizar. A intenção é também plantar frutíferas com irrigação”, explica o produtor.
Outra ação que será desenvolvida na fazenda é a utilização do local para a promoção de três dias de campo, em conjunto com os coordenadores do projeto. Desta forma, outros produtores da região poderão conhecer as tecnologias utilizada e adotá-las em outras propriedades.
Fonte: Agência Minas
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