O secretário de planejamento do governo de Minas Gerais, Otto Levy, é um legítimo representante do estilo Romeu Zema de fazer política. Incapaz de diálogo, distante das regras democráticas, autoritário sem carranca, ele compõe o que poderia ser qualificado como bolsonarismo diet. É tão antipopular como o modelo federal, mas esconde seu reacionarismo com modos menos grosseiros. A dramática situação da saúde pública e a relação com a ciência são exemplos do mesmo comportamento irresponsável dos dois níveis de governo. Um grita, outro geme. Os dois mentem.
Assim como o presidente, Zema espalha seu negacionismo arrogante em relação à pandemia, evitando a compra de testes para se escorar em irresponsáveis números subdimensionados. Chegou ao extremo anticientífico e desrespeitoso de afirmar que os exames servem apenas para o trabalho de pesquisadores, não contribuindo em nada para os doentes. Mais que falso, é ato de má fé. Com isso, está a jogar o estado numa escuridão perigosa e que vai gerar uma explosão de casos e mortes evitáveis. A dissonância do discurso do governador e seus técnicos é absoluta, embora sem os atritos observados no governo federal.
Da mesma forma que o presidente, o governador mineiro embarca na divisão artificial entre o lado humano e econômico, entre a saúde e a economia, entre a vida e os negócios. Enquanto economistas e sanitaristas em todo o mundo demonstram que os dois universos são parte da mesma realidade, os terraplanistas sanitários insistem em contrapor as duas realidades, dando primazia aos negócios. Não há nada melhor para a economia que pessoas vivas. Essa é a única ação responsável para se pensar a retomada das atividades produtivas no longo prazo. Um mundo doente e triste é, inevitavelmente, mais pobre e mais lentamente recuperável.
A fatídica e horrorosa reunião de Bolsonaro com seus ministros mostrou – independentemente da questão relativa à Polícia Federal e às acusações de Moro –, o que todo mundo já sabia: trata-se de um governo de desclassificados. Os titulares de cada pasta não tiveram brio para defender suas áreas de atuação; o puxa-saquismo foi o método de relacionamento; a covardia era atributo indispensável da convivência entre pares; o desprezo pela democracia e pelas instituições testou positivo no DNA da família para-miliciana. Se no caso de Bolsonaro essa teratologia é patente, no seu aprendiz Zema se dá de forma mais difusa e melíflua.
Os secretários estaduais são igualmente submissos, exercem seus cargos em decorrência de acordos e não de competência (apesar do marketing propalado pelo governo em seu início de gestão), não apresentam postura assertiva em nenhuma área da administração. Parecem ocupar um lugar que deveria estar vago, já que detestam tudo que é público. Os exemplos podem ser colhidos na educação e seu desmonte, na saúde pública sem capacidade de articulação, na ânsia de privatização das empresas estatais. Para completar, no estado como na União, a incapacidade de negociação política com o Legislativo é constrangedora.
3 comentários:
Zema é o caipira que o povo escolheu para destruir o estado de Minas gerais.
Minas Gerais fez da urna uma privada....só tem elegido BOSTAS!
É loucura dizer que Romeu Zema está sendo "o melhor governador da história de Minas Gerais". Muita loucura. Tantas cagadas,burrices e erros deste ZÉ-MANÉ,que o povo arrepende de ter votado nesse senil para governador. Ai que saudades de Anastasia.
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