"Fazedores do nosso chão" são pessoas sábias do Vale
Jornalista carioca registra filosofia de mestres populares do Jequitinhonha
A jornalista Fernanda Salvador, de 26 anos, carioca da gema, deixou o mundo urbano da vida metropolitana para mergulhar de cabeça na vida de pessoas simples que vivem no interior do Brasil. Com uma sensibilidade e um olhar raros ela registra o modo de sentir, pensar e fazer do povo simples que constrói o nosso chão, o Brasil de pé rachado.
Tive a felicidade de conhecê-la e de sugerir as fontes do nosso patrimônio popular, nossas forças vivas, para responder às suas inquietações.
Ela lança o site www.fazedoresdonossochao.com em que divulga os primeiros registros de sua caminhada pelo Vale.
Foram entrevistas com muita gente boa de nossa terra como Dona Joana e Seu Antenor, de Berilo; seu Olímpio e Zé do Ponto, de Chapada do Norte; Lira, de Araçuaí;Seu Gonçalo e Dona Ambrosina, de Diamantina.
E muitos virão.
Parabéns pelo belo trabalho, Fernanda! Precisamos de gente como você no nosso lugar de vida e luta. Continue contando conosco.
Olímpio Soares: “A vida da gente é um laço. É uma história muito prolongada”.
Chapada do Norte, Médio Jequitinhonha
Terra pode ser poeira, solo, chão, pátria, o “meu lugar”, mundo: são muitos os seus sentidos. Nela produzimos nosso alimento e garantimos o sustento do nosso corpo. Por outro lado, é através dela que sepultamos a existência que ela mesma ajudou a manter. Muitos sentidos brotam da terra, mas é pelo mesmo caminho que todos [...]
Gonçalo Silva: “De ilusões se vive”.
Diamantina, Alto Jequitinhonha
Será uma ilusão nossa desejar viver totalmente sem ilusões nesse mundo? Será que somos capazes, mesmo, de sempre driblar e desmascarar as aparências? Ou melhor: é possível viver sem elas? Talvez a vida fosse bem melhor se vivêssemos sem nenhuma fantasia, mas foi um mundo de ilusões que, pelo menos até agora, conseguimos construir.
Gonçalo do Rosário Silva. Morador de Diamantina (Alto Jequitinhonha – MG), ele nasceu em São Gonçalo do Rio das Pedras, distrito de Serro (Alto Jequitinhonha – MG), em 1948.
Maria Lira: "Eu amo aquilo que eu faço. Isso é o que me dá vontade viver”.
Araçuaí, Médio Jequitinhonha
Artesã reconhecida, Maria Lira Marques é um valioso pedaço da vasta riqueza humana do Vale do Jequitinhonha. Seu nome em evidência, mais do que lhe trazer a satisfação de ver valorizado o trabalho que faz, lhe dá a oportunidade de trazer à luz outros valiosos pedaços dos quais não gosta de se ver destacada.
Lira nasceu no ano de 1945, em Araçuaí (Médio Jequitinhonha – MG), onde mora até hoje.
Zé do Ponto: “Ninguém vive sozinho”.
Chapada do Norte, Médio Jequitinhonha
Quem é, como o artesão Zé do Ponto, nascido e criado no interior, não gosta de ser sozinho. Ninguém se constrói sem ninguém, assim ele aprendeu a pensar. Zé nasceu em Chapada do Norte (Médio Jequitinhonha – MG), no ano de 1949, com o nome de José Sebastião Vaz. Passou a conhecer melhor a vida [...]
Antenor Sales: “Deus é um sozinho que tem”.
Berilo, Médio Jequitinhonha
O sertanejo Antenor Sales é dono de uma trajetória que, apesar de construída na dureza do dia a dia de sua terra, não carrega a fisionomia da rudeza. Seu semblante, ao contrário, exterioriza uma ternura que o seu interior faz toda questão de dividir com aqueles que lhe cercam. Antenor tem os olhos da lucidez [...] .
Nasceu em Berilo, em 1914, onde vive com sua vendinha e histórias de tropeiros.
Maria Joana: “Quem teima mata a caça”.
Berilo , Médio Jequitinhonha
Um lugar que, em meio às agruras de uma vida sacrificada pela pobreza material, consegue servir de inspiração e estímulo para gerar êxito no trabalho, guarda muita riqueza. Ser moradora de um “um vale que corre pouco dinheiro” não impede a artesã Maria Joana Gonçalves Mendes de extrair satisfação do seu ofício.
Joana nasceu no ano de 1945 em Roça Grande, zona rural de Berilo (Médio Jequitinhonha – MG), onde ainda mora.
Ambrosina Dias da Cruz: “Tenho medo do elogio, de ficar orgulhosa”.
Diamantina, Alto Jequitinhonha
No chão de sua simplicidade, Ambrosina Dias da Cruz costura virtudes e faz com que uma se equilibre na outra. Da humildade que não a deixa se esquecer da importância de uma terra firme para caminhar e que, ao mesmo tempo, não a deixa se humilhar, colocando-a em contato com seu próprio valor.
Ambrosina nasceu no ano de 1917, em Diamantina (Alto Jequitinhonha), cidade onde mora.
Conheça a história dessas pessoas sábias do Vale do Jequitinhonha no
http://fazedoresdonossochao.com/
3 comentários:
Muito obrigada, Banu... Conhecer o Vale foi uma alegria muito grande para mim. Nem é preciso fazer garimpo para encontrar as riquezas humanas nessa terra, elas estão aos montes. Não é apenas bom para o Vale quando seus mestres têm vez para fazer valer sua voz, mas para o Brasil também, que aprende com eles e conhece um pouquinho mais o seu país. O Vale estará sempre dentro de mim!
Banu, só uma coisa: você escreveu que o site é formadores do nosso chão em vez de wwww.fazedoresdonossochao.com
Grande abraço a todos!
Ih, Fernanda!
Vou corrigir agora.
Um abraço,
Banu
Fernanda Santana Melo, jornalista desaparecida encontrada em Sento Sé / Bahia.
www.sentoseagora.com.br
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