Araçuaí: Vítimas de golpista mantêm esperança de recuperar dinheiro
Thales Maioline conseguiu atravessar a fronteira com a Bolívia usando boné e óculos escuros
Além de acreditar que o ex-investidor Thales Maioline, “guardou” dinheiro em paraísos fiscais, muitas de suas vítimas ainda confiam que vão receber de volta o que aplicaram na Firv Consultoria e Administração de Recursos Financeiros Ltda. O fio de esperança dessas pessoas que apostaram na Firv está no bloqueio pela Justiça de bens em nome de Maioline e de terceiros, que poderiam representar uma saída para o pagamento do calote.
Consta que, na tentativa de conseguir lastro para a Firv antes de quebrar, Maioline tentou ser dono de uma granja de grande porte, em Minas Gerais. O empreendimento conteria 50 galpões, que renderiam R$ 25 mil a cada 45 dias. Durante o período em que ficou em seu esconderijo na Bolívia, o negócio continuou funcionando, sendo administrado por uma mulher. O vigilante aposentado Carlos Ornelas, morador de Araçuaí (terra natal de Maioline no Vale do Jequitinhonha) e que investiu cerca de R$ 20 mil na Firv, disse que Thales chegou até a contratar um morador da cidade para trabalhar na granja.
Nas palavras do próprio Maioline, em depoimento à polícia no dia anterior, ele afirmou ser proprietário de um empreendimento de especulação imobiliária, que consta de imóveis em construção na Praia do Morro, em Guarapari (ES). Segundo ele, teria dado como entrada parte dos títulos de investimentos da Firv (que se tornaram títulos podres com o fim da empresa), tendo parcelado o restante do pagamento em 100 vezes.
O ex-investidor citou também no depoimento a posse de imóveis em Araçuaí. Maioline teria adquirido vários imóveis em Araçuaí, que estariam em nome dele e de parentes. Conforme pesquisa no cartório de registro de imóveis de Araçuaí, consta em nome de Maioline apenas uma casa na cidade, comprada em fevereiro. Por outro lado, existem 10 lotes de terrenos em nome de sua irmã e ex-sócia da Firv, Iany Márcia Maioline. Quase todos foram adquiridos nos primeiros seis meses de 2010. No mesmo cartório, consta o registro de um sítio de 9,52 hectares, às margens do Rio Jequitinhonha, comprado em 6 de janeiro, em nome de Iano Maioline, pai de Thales.
Maioline também reformou a casa do seu pai em Araçuaí. No centro da cidade, o dono da Firv teria montado uma academia de ginástica para o cunhado, Leandro, casado com Iany. A academia foi fechada. O ex-técnico em mineração também investiu em outras cidades. Ele adquiriu um terreno em Taiobeiras (Norte de Minas), com a pretensão de construir uma pousada com 42 apartamentos, além de ter comprado um restaurante em Porto Seguro, litoral da Bahia.
Conhecido como Madoff mineiro (alusão a Bernard Madoff, mentor de pirâmide financeira em Wall Street), Maioline ficou 140 dias desaparecido na Bolivia depois de captar cerca de R$ 86,1 milhões de aproximadamente 2 mil vítimas. Ele foi preso domingo passado, após se entregar à policia, e poderá ser solto hoje, último dos cinco dias da prisão temporária, a menos que tenha sido aprovada a prorrogação do prazo na Justiça. Na quarta-feira, Maioline não foi convocado a depor na Delegacia de Proteção ao Patrimônio, segundo o delegado titular Islande Batista. O delegado avisou que possivelmente iria haver a prisão de uma segunda pessoa no Caso Madoff, que seria anunciada ainda nesta quinta-feira.
Maioline passou quarta-feira o dia no Centro de Remanejamento do Sistema Prisional (Ceresp) do Bairro São Cristóvão. Ele está detido na mesma cela de outros presos temporários, incluindo um dos envolvidos no caso do goleiro Bruno, do Flamengo, acusado de assassinar a ex-namorada Eliza Samudio, além de torcedores suspeitos de agredir e matar um torcedor do Cruzeiro.
Jornal Estado de Minas, 14.12.2010
Nenhum comentário:
Postar um comentário