O governo Bolsonaro cria mais uma polêmica em suas decisões. O Ministro da Educação, Abraham Weintraub, nomeou como Reitor da UFVJM - Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri o professor Janir Alves Soares, do Departamento de Odontologia, que ficou em 4º lugar na lista de votação dos candidatos a Reitor. O decreto de nomeação foi publicado nessa quinta-feira, 08.08.19.
A reitoria se localiza no campus da cidade de Diamantina, no Alto Jequitinhonha, em Minas Gerais.
A reitoria se localiza no campus da cidade de Diamantina, no Alto Jequitinhonha, em Minas Gerais.
No resultado final das eleições para Reitor, ocorrido em 22 de maio de 2019, Janir obteve apenas 5,21% dos votos. O primeiro lugar foi alcançado pelo atual reitor, Gilciano Saraiva, que obteve 27,37% dos votos; Alexandre Crhistófaro, em segundo, com 23,45%; em terceiro, Marcus Guelpelli, com 6,37% dos votos. A abstenção alcançou 33,17% dos votantes.
Transportando para os votos válidos, ficou assim: 1º - Gilciano, 41,57%; 2º - Alexandre, 35,61%; 3º - Marcus - 9,68%; 4º - Janir - 7,91%; 5º - Marcelo - 5,23%.
No CONSU - Conselho Universitário que referenda o resultado, Marcus Guelpeli foi derrotado e não entrou na lista tríplice enviada ao MEC, pois ficou em quarto lugar. Janir entrou em seu lugar.
Transportando para os votos válidos, ficou assim: 1º - Gilciano, 41,57%; 2º - Alexandre, 35,61%; 3º - Marcus - 9,68%; 4º - Janir - 7,91%; 5º - Marcelo - 5,23%.
No CONSU - Conselho Universitário que referenda o resultado, Marcus Guelpeli foi derrotado e não entrou na lista tríplice enviada ao MEC, pois ficou em quarto lugar. Janir entrou em seu lugar.
Confira os resultados das eleições para Reitor na UFVJM:
ATA
DE APURAÇÃO FINAL
Apuração
da Consulta à Comunidade Universitária
Relação
ordenada pelo Número de Chapa
Chapas
|
Discentes
|
Docentes
|
TAE
|
Percentual
|
Votos
Válidos
|
Chapa 1 :
Alexandre
e Flaviana
|
1.234
|
228
|
146
|
23,45%
|
35,61%
|
Chapa 2:
Janir e
Marcus Canuto
|
266
|
53
|
25
|
5,21%
|
7,91%
|
Chapa 3:
Marcus
Guelpeli e Mara
|
113
|
59
|
65
|
6,37%
|
9,68%
|
Chapa 4:
Marcelo
Lia e Cyntia
|
212
|
35
|
14
|
3,44%
|
5,23%
|
Chapa 5:
Gilciano
e Carlos Alexandrino
|
557
|
271
|
214
|
27,37%
|
41,57%
|
Votos
Válidos
|
2.382
|
646
|
464
|
65,85%
|
100%
|
Brancos
|
2
|
1
|
7
|
0,24%
|
|
Nulos
|
14
|
7
|
7
|
0,74%
|
|
Abstenção
|
7.102
|
225
|
176
|
33,17%
|
Fonte: Dados do site da UFVJM. Elaboração: Álbano Silveira Machado.
Atual Reitor da UFVJM, Gilciano Saraiva
Gilciano Saraiva, atual reitor (gestão 2015-2019), e primeiro lugar na escolha da comunidade universitária, disse ao Blog que "a instituição está acima de tudo. Apostei na gestão. Recebi a UFVJM com R$ 70 milhões de dívidas e entrego sem pendências. Procurei administrar sem cortar os serviços essenciais, ofertando mais cursos, incentivando a pesquisa e a extensão, ouvindo todos os setores da instituição. Prefiro sair pela porta da frente, sempre defendendo a democracia e a diversidade no mundo acadêmico", finalizou o Reitor.
Gilciano administrou a UFVJM, passando por seis diferentes Ministros da Educação, "sem perder o respeito no relacionamento institucional".
Gilciano administrou a UFVJM, passando por seis diferentes Ministros da Educação, "sem perder o respeito no relacionamento institucional".
Nomeação política
Há informações de bastidores que o deputado federal Igor Timo (PODEMOS-MG), foi o grande articulador junto ao Governo Bolsonaro para a nomeação do professor Janir. Várias fotos e relatórios foram enviadas ao MEC com o atual Reitor Gilciano em cerimônias com o ex-presidente Lula, na Universidade. Além disso, pode ter pesado na decisão de rejeição a Gilciano, a sua antiga filiação ao PT de sua terra natal, São Miguel do Anta, na Zona da Mata mineira. Ele desfiliou-se, em 2016.
Gilciano acredita que a decisão tenha influência política, uma vez que, quando reitor, em 2017, recebeu a caravana do ex-presidente Lula, que foi quem criou a instituição. "Respeito a decisão e confio na capacidade de gestão do professor que foi nomeado, mas lamento que a decisão e autonomia da universidade não estejam sendo respeitadas", afirmou Gilciano.
Há suspeitas de Janir ter-se aliado ao grupo de Marcus Cuelpeli, declaradamente bolsonarista. As nomeações de pró-reitores e novos diretores de Departamentos, a partir da posse, em 12.08, confirmarão ou não esse indicativo.
A nomeação criou um clima de tensão no interior da UFVJM com protestos dos estudantes, professores e técnicos administrativos. Para a UNE - União Nacional dos Estudantes, Bolsonaro quer criar balbúrdia nas universidades ao nomear professores como gestores que não foram apoiados pela comunidade universitária.
Gilciano acredita que a decisão tenha influência política, uma vez que, quando reitor, em 2017, recebeu a caravana do ex-presidente Lula, que foi quem criou a instituição. "Respeito a decisão e confio na capacidade de gestão do professor que foi nomeado, mas lamento que a decisão e autonomia da universidade não estejam sendo respeitadas", afirmou Gilciano.
Há suspeitas de Janir ter-se aliado ao grupo de Marcus Cuelpeli, declaradamente bolsonarista. As nomeações de pró-reitores e novos diretores de Departamentos, a partir da posse, em 12.08, confirmarão ou não esse indicativo.
A nomeação criou um clima de tensão no interior da UFVJM com protestos dos estudantes, professores e técnicos administrativos. Para a UNE - União Nacional dos Estudantes, Bolsonaro quer criar balbúrdia nas universidades ao nomear professores como gestores que não foram apoiados pela comunidade universitária.
Estudantes convocam manifestação para o dia 13 de agosto
Leia a Nota do Movimento Estudantil:
O MEC ATACA MAIS UMA VEZ A AUTONOMIA UNIVERSITÁRIA E A EDUCAÇÃO PÚBLICA
No dia 08 de agosto, o governo Bolsonaro assinou um decreto nomeando o professor Janir Alves Soares para o cargo de reitor da Universidade dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri.
Dentre as cinco chapas concorrentes na consulta à comunidade acadêmica, a chapa nomeada ficou em penúltimo lugar, ocupando o último lugar na lista tríplice elaborada e enviada ao MEC pelo Conselho Superior da UFVJM.
O programa da chapa tem um alinhamento preocupante com o programa Future-se e coloca em risco a existência da única universidade pública com sede nos Vales do Jequitinhonha e do Mucuri,no nordeste de Minas.
Com essa nomeação, Weintraub e o governo Bolsonaro desrespeitam completamente a decisão de quem vive e constrói a UFVJM cotidianamente.
Dia 13 de agosto a resposta pra esse e outros ataques à educação e ao nosso povo será nas ruas do Brasil todo!
Reitores apelam para respeito à autonomia universitária
Os Reitores das Universidades Federais já divulgaram, em junho, uma Nota em que recomenda ao Governo Federal respeitar os resultados da comunidade acadêmica. Mas, Bolsonaro não quer saber. Ele desconsiderou a eleição da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM) e nomeou como reitora a candidata derrotada na consulta informal e na votação do Conselho Universitário.
Em abril, Bolsonaro havia nomeado um professor para a Reitoria da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UniRio) que nem sequer participou da eleição interna. O professor Leonardo Villela de Castro, que teve 72% dos votos válidos na escolha de nova reitoria, foi rejeitado.
A UFGD ( Universidade Federal da Grande Dourados), em Mato Grosso do Sul, enviou uma lista tríplice de nomes para ocupar a Reitoria. O MEC não aceitou e pediu para realizar novas eleições. A reitoria da UFGD não acatou a ordem. Houve intervenção, com a nomeação de reitoria temporária, até a realização de nova eleição.
Por lei, o reitor e o vice-reitor de universidades federais são nomeados pelo presidente da República, escolhidos dentre os indicados em listas tríplices elaboradas pelo colegiado máximo da instituição, ou por outro colegiado que o englobe, instituído especificamente para este fim. Os colegiados, por sua vez, são compostos por professores, que representam 70% do grupo. Os demais 30% podem ser preenchidos por funcionários e estudantes da instituição.
A UFGD ( Universidade Federal da Grande Dourados), em Mato Grosso do Sul, enviou uma lista tríplice de nomes para ocupar a Reitoria. O MEC não aceitou e pediu para realizar novas eleições. A reitoria da UFGD não acatou a ordem. Houve intervenção, com a nomeação de reitoria temporária, até a realização de nova eleição.
Por lei, o reitor e o vice-reitor de universidades federais são nomeados pelo presidente da República, escolhidos dentre os indicados em listas tríplices elaboradas pelo colegiado máximo da instituição, ou por outro colegiado que o englobe, instituído especificamente para este fim. Os colegiados, por sua vez, são compostos por professores, que representam 70% do grupo. Os demais 30% podem ser preenchidos por funcionários e estudantes da instituição.
“É essencial, então, afirmar publicamente a importância de serem conduzidos ao cargo de reitor ou reitora aqueles docentes autonomamente indicados no primeiro lugar pelo colégio eleitoral de suas respectivas universidades, sendo garantido assim um elemento definidor da democracia, que é o respeito à vontade da maioria”, diz em nota a Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes).
“Nos marcos da legislação atual, o envio de uma lista pela instituição deve ser respeitado. Entretanto, não podemos deixar de defender a indicação de quem teve mais votos no colégio eleitoral. A indicação do primeiro colocado deve, pois, ser respeitada, por um lado, como um valor da democracia e, por outro, em respeito à autonomia de cada instituição”, informa o comunicado.
Para a Andifes, não adotar o critério da escolha do apontado em primeiro lugar na lista tríplice pode ameaçar a qualidade administrativa e desagradar a sociedade científica. O receio dos reitores é que questões de ideologia política sejam consideradas como critério para exclusão de nomes apontados pela comunidade universitária.
“Na universidade, a gente prima pela liberdade de expressão e pensamento. Todas as vozes são contempladas na universidade. Não há viés ideológico. Não há nenhum tipo de pressão ou repressão a qualquer manifestação de pensamento”, disse à Agência Brasil, o presidente em exercício da Andifes, reitor da Universidade Federal de Goiás (UFG), Edward Madureira.
Professor Janir Alves Soares tomará posse, na segunda-feira, dia 12.08.19
Nenhum comentário:
Postar um comentário