Em janeiro e fevereiro de 2019, 17 assassinatos do tipo foram registrados no Estado, segundo a polícia
Vítima. Diarista morta nesta sexta-feira em BH conseguiu ir até o portão para pedir socorro, segundo testemunha
PUBLICADO EM 09/03/19 - 03h00
O lugar que deveria ser de paz é o tormento para muitas mulheres: dentro de suas próprias casas, onde várias sofrem caladas. Por semana, ao menos cinco mulheres foram vítimas de feminicídio em Minas Gerais somente nos dois primeiros meses deste ano – foram 45 casos ao todo, entre tentados e consumados, tendo sido 17 mulheres mortas em janeiro e fevereiro, segundo a Polícia Civil.
Somente entre domingo esta sexta-feira (8), ao menos cinco vítimas foram assassinadas no Estado, conforme levantamento de O TEMPO.
Cinco foram vítimas de estupro, e outras duas, de agressão. Apesar de as investigações estarem em curso, há evidências de que, no feminicídio da madrugada desta sexta-feira e nos dois casos de agressão, os companheiros das vítimas são os principais suspeitos.
Somente entre domingo esta sexta-feira (8), ao menos cinco vítimas foram assassinadas no Estado, conforme levantamento de O TEMPO.
Cinco foram vítimas de estupro, e outras duas, de agressão. Apesar de as investigações estarem em curso, há evidências de que, no feminicídio da madrugada desta sexta-feira e nos dois casos de agressão, os companheiros das vítimas são os principais suspeitos.
Na data em que se celebrou o Dia Internacional da Mulher, a diarista Lilian Maria de Oliveira, 42, foi morta no bairro Goiânia, na região Nordeste da capital. O motivo do crime, conforme testemunhas, foi o volume da televisão a que ela assistia na companhia do suspeito, Cleuber Elias Silva Santos, 38. A discussão começou por volta de meia-noite. Irritado, Santos teria pegado uma faca na cozinha e, em seguida, golpeado a mulher. Ferida no lado esquerdo do tórax, ela teria conseguido caminhar até o portão, mas, depois, caiu.
“Escutei uma voz abafada, um grito. Os filhos chegaram, e ela ainda estava viva. Consegui sentir o cheiro dele de álcool do outro lado da calçada”, contou uma vizinha de 33 anos, que pediu para não ser identificada. Foi ela quem chamou a Polícia Militar. A vítima chegou a ser socorrida, mas não resistiu.
O suspeito foi preso em flagrante. À corporação, Santos disse que se aproximou da mulher para fazer cócegas, mas que ela se virou e acabou sendo atingida pela faca que estava em sua mão. Os filhos da diarista, no entanto, negaram a versão e afirmaram que o suspeito já tinha histórico de violência. Segundo a Polícia Civil, uma ex-companheira de Silva tinha duas medidas protetivas contra ele.
Estado teve três casos de estupro por dia em janeiro
Minas teve três casos de estupro por dia contra mulheres somente em janeiro deste ano. Foram 103 registros ao todo no mês, segundo a Secretaria de Segurança Pública (Sesp).
Para a coordenadora da Rede Estadual de Enfrentamento à Violência contra a Mulher, Tetê Avelar, não houve muito o que comemorar no Dia Internacional da Mulher. “Vivemos em uma sociedade em que a mulher sofre discriminação e tem menos oportunidades no trabalho, tem jornadas triplas e sofre violência só por ser mulher”, disse. Conforme a pasta, foram quase 145 mil casos de violência contra a mulher no ano passado.
Ligue 180
De acordo com o Ministério dos Direitos Humanos, só nos dois primeiros meses de 2019, houve o registro de 37 denúncias por dia de violações contra as mulheres em Minas.
Vítima tem rosto queimado com óleo
Por causa de ciúme devido a uma ligação telefônica, um homem de 40 anos colocou o rosto da namorada, de 30 anos, dentro de uma panela com óleo quente na noite de quinta-feira (7), em Uberaba, no Triângulo Mineiro. Nesta sexta, a fiscal de ônibus Simone Aparecida Araújo Costa, 33, foi encontrada morta e enterrada na casa do ex-marido em Betim, na região metropolitana. Simone estava desaparecida desde a última terça e foi achada com várias perfurações na cabeça.
Para a titular da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher de Belo Horizonte, Ana Paula Balbino, é imprescindível que a vítima rompa com o silêncio o mais rápido possível. Segundo ela, o feminicídio é a forma mais radical de violência, mas, antes, a mulher sofre agressões. “Temos violência moral, psicológica, sexual e patrimonial, não é só a física”, orienta. (Natália Oliveira/ Lisley Alvarenga/LF)
Denúncia
Para denunciar violência contra a mulher, ligue para o 180. O atendimento é feito 24 horas por dia, é gratuito e confidencial. Minas tem 72 Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher. Nas demais cidades, o registro da ocorrência pode ser feito na unidade policial da área.
Atendimento
A PM faz policiamento preventivo contra a violência doméstica. Em 2018, houve 42 prisões de autores monitorados.
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