Após 30 anos, qual o papel dos jovens no processo construtivo do
evento?
E de que forma eles estão se posicionado frente à discussão da cultura
Popular do Vale do Jequitinhonha?
Paralelo a isso, de que forma os espaços de participação popular estão sendo
pensados?
E qual o reflexo do FESTIVALE no cotidiano das entidades em seus
municípios?
“A arte faz parte do progresso cultural de um povo e jamais deve ficar
em segundo plano, desprestigiada e esquecida no tempo” (Jornal Geraes, 1980).
Pensando nisso, um debate pertinente é a forma como os grupos e agentes
culturais estão construindo a produção cultural regional que alimenta o
FESTIVALE.
Ernandes Silva representante da APACA – Associação dos Produtores e
Agentes Culturais Através da Arte, de Padre Paraíso, ressalta que o FESTIVALE
tem um potencial educativo, é um espaço de trocas, de diversidades e fomento de
políticas públicas para o lazer, cultura e juventude.
Segundo ele, em Padre Paraíso, por exemplo, não há políticas públicas
suficientes para a juventude. Para ele o FESTIVALE, realizado naquela cidade em
2010, foi importante para a organização do grupo na tentativa de contribuir
para essa construção de novas políticas. “Dentro dos grupos fomentamos essa
demanda”, afirma. “Estimulamos para que eles sejam participantes e
protagonistas dessa construção”.
Ernandes conta que o teatro foi a metodologia escolhida pela Comunidade
Bela Vista, de Padre Paraíso, para a realização do trabalho com os jovens. A
partir daí surgiu o Grupo Murion, sob a direção do Armando Ribeiro.
Aliado a isso, foi possível promover um intercâmbio do grupo Murion com o grupo
de teatro Expressão Volante, da cidade de Ponto dos Volantes, que tem a mesma
proposta de atuação.
Vitória Teles, 14 anos, da cidade de Ponto dos Volantes, diz que o grupo
teatral Expressão Volante retrata, através do teatro, vários problemas da
cidade, como questões ambientais, e prostituição “Realidades de uma
cidade como a nossa, na beira da pista”, diz. Ressalta ainda que a participação
no FESTIVALE trouxe várias experiências, como a convivência com outras pessoas
e culturas diferentes que renovam os conhecimentos. “O FESTIVALE renova tudo
isso e por ser o meu primeiro estou gostando demais.”
Ernandes avalia que o FESTIVALE precisa melhorar a questão da
administração, políticas internas, captação e mobilização de recursos. Contudo,
o encontro por si só permite que as pessoas possam expor artisticamente o que
elas pensam, o que elas querem, o que elas gostam. Tanto expor quanto consumir.
Este processo de consumir e expor cultura é válido para o crescimento de
todos no encontro.
Publicado no www.pedraazul-mg.com e no Boletim do 2º do 30ºFestivale
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