quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Falta de recursos da prefeitura pode prejudicar carnaval de Diamantina


Prefeito interino decretou estado de emergência financeira e administrativa.

Bloco diz que shows da Bartucada e da Bat-Caverna estão mantidos.

Raquel FreitasDo G1 MG
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Foliões comemoram na Praça da Quitanda, em Diamantina, Minas Gerais (Foto: Eugenio Moraes/HOJE EM DIA/AE)Prefeitura tenta manter infraestrutura para realização do carnaval em Diamantina (Foto: Eugenio Moraes/HOJE EM DIA/AE)
Questões políticas e financeiras podem prejudicar um dos mais tradicionais carnavais de Minas Gerais em 2013. A Prefeitura de Diamantina, na região do Alto Jequitinhonha, Minas Gerais, decretou estado de emergência financeira e administrativa e está fechada para o funcionamento externo. Com dívidas que somam cerca de R$ 5 milhões, pagamento de funcionários atrasado e cerca de R$ 300 mil em caixa, o prefeito interino Maurício da Paixão Maia tenta manter a infraestrutura para realização dos festejos carnavalescos, buscando ajuda do empresariado, de comerciantes e também do governo estadual. Por outro lado, gestores do principal bloco da cidade histórica garantem a realização das apresentações da Bartucada e da Bat-Caverna, marcas registradas da folia diamantinense.

Nesta segunda-feira (14), Maia reuniu-se com a secretária de cultura, Bya Betelli, representantes do comércio, empresários e Polícia Militar (PM). Segundo a assessoria da prefeitura, no encontro foi proposto o rateio dos custos do carnaval com comerciantes, possibilidade considerada inviável pelo presidente da Associação Comercial e Industrial de Diamantina (Acid), Guilherme Coelho Neves.

Segundo Neves, o comércio de Diamantina também passa por um momento de dificuldade. “Muitas empresas têm crédito a receber da prefeitura, o dinheiro que está deixando de circular por causa do pagamento atrasado começa a afetar o comerciante”, afirma. O presidente da Acid também acrescenta que os estudantes são em grande parte responsáveis pela movimentação da economia local e, por isso, a greve da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM) em 2012 também causou perdas.

Segundo a prefeitura, a administração pública municipal estimava gastar entre R$ 900 mil e R$ 1 milhão para a realização da festa. Entretanto, com o fluxo de caixa negativo, o prefeito interino apresentou nesta segunda-feira a proposta de reduzir a estrutura do carnaval e os gastos para cerca de R$ 500 mil. Com a negativa dos comerciantes, a prefeitura agora tenta agendar nesta semana uma reunião com o governador Antonio Anastasia para buscar recursos junto ao estado.  Conforme a secretaria de Cultura, Bya Batelli, a verba seria usada para garantir toda a infraestrutura do carnaval, como limpeza urbana, pagamento de funcionários e funcionamento de serviços ligados à saúde e à segurança.
Bartucada anima foliões em Carnaval em Minas Gerais (Foto: Bartucada / Divulgação)Bloco Biri Biri garante apresentações da Bartucada
e da Bat-Caverna (Foto: Bartucada / Divulgação)
Bloco Biri Biri
De acordo com Guilherme Coelho Neves, o carnaval impulsiona o comércio local. “Com certeza, o impacto financeiro havendo um carnaval menor vai ser um impacto muito grande”, pondera. Mesmo com todo imbróglio, o presidente da Acid não acredita que não há riscos de o carnaval ser cancelado. “Pelo que eu pude observar não existe a possibilidade de não haver carnaval”, comenta referindo-se às apresentações da Bartucada e da Bat-Caverna.

Os grupos integram o Bloco Biri Biri, que tradicionalmente se apresenta na Praça do Mercado Velho, onde se concentra grande parte dos foliões. No espaço, há uma área fechada e outra aberta ao público.

À frente da empresa Abreu Entretenimento e um dos gestores do bloco, Pedro Abreu acredita que a questão financeira da prefeitura seja “indiferente” para o Biri Biri, que se mantém sem repasses da prefeitura. Ele teme, entretanto, pela manutenção de serviços essenciais na cidade e pela disponibilização de banheiros públicos. “O que nos preocupa é a limpeza e a segurança externa. Dentro não há problema”, garante.

Transição
O presidente da Câmara Municipal de Diamantina, Maurício da Paixão Maia assumiu interinamente a prefeitura a após a chapa do prefeito eleito, Dr. Paulo Célio, ter sido indeferida. De acordo com o Tribunal Regional Eleitoral (TRE), o político chegou a ser diplomado, mas o documento foi tornado nulo depois de o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) indeferir a candidatura do vice Gustavo Botelho.

Na quinta-feira (10), Maia decretou estado de emergência financeira e administrativa pelo prazo de 60 dias. Segundo consta no texto, o município se encontra próximo da falência pública, com funcionamento de alguns serviços, como a coleta de lixo, prejudicados. De acordo com a assessoria da prefeitura, somente cerca de 10% dos 1.568 funcionários receberam os salários de dezembro do último ano.

Procurado pelo G1, o ex-prefeito de Diamantina Padre Gê afirmou que a prefeitura funcionou normalmente até o dia 31 de dezembro. Em relação à dívida do município, ele disse que há alguns parcelamentos normais em fins de mandato. Padre Gê acrescentou que se colocou à disposição da atual gestão.

Segundo o TRE, ainda não há data para a realização da nova eleição no municipal.
Fonte: G1

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