segunda-feira, 29 de julho de 2019

Mapa do Vale do Jequitinhonha está desatualizado. O Território vai "...dos Vales ao Mar".

Em 1992, foram emancipados quatro municípios, e em 1995, vinte e quatro, totalizando 80 municípios. Com estas mudanças, o mapa anterior ficou desatualizado.
Para os movimentos sociais, o Vale do Jequitinhonha é um território só, é toda a sua bacia hidrográfica, em Minas e Bahia, juntos. 
Este post foi publicado aqui nesse Blog, originalmente, em 13 de fevereiro de 2013. 
Alterado e atualizado em 28.07.2019.



Mapa da Bacia do Rio Jequitinhonha, em Minas e na Bahia (IBGE, 1997).

Qual o verdadeiro mapa do Vale do Jequitinhonha? Antes da emancipação de 28 novos municípios, a região possuía 52 municípios espalhados por uma área de 71.552 km2, ocupando 14,5% do estado de Minas Gerais. Mas, o território de toda a bacia hidrográfica tem a parte baiana também, com  9 municípios.

Em 1992, foram emancipados  quatro municípios. Em 1995, vinte e quatro, totalizando 80 municípios. Com estas mudanças, o mapa anterior ficou desatualizado.

“Queremos a definição do nosso mapa, pois hoje o Vale tem 80 municípios. Só o governo de Minas tem três mapas diferentes em uso, fazendo a região variar de 53 a 74 municípios. Pode parecer uma questão menor,  mas não é. Um povo que não conhece sua terra, não pode contribuir com o seu desenvolvimento”, observa Tadeu Martins, escritor, folclorista e produtor cultural, natural de Itaobim (MG).

Em seu artigo “ A falta de um mapa”, publicado no livro Vale do Jequitinhonha, Cultura e Desenvolvimento, editado pela Universidade Federal de MG (UFMG), ele diz que essa indefinição é mais um descaso político com a região. “ Se o governo enxergasse o Vale com outros olhos, esta situação já teria sido resolvida. A solução desse problema deve ser cobrada também dos políticos locais e dos prefeitos. Sabendo quais são de fato os municípios da região, facilitaria uma melhor organização política entre as entidades da sociedade civil, prefeitos e vereadores para cobrar ações concretas dos governos”, acrescenta Tadeu Martins.

Divisão administrativa da Bacia do Rio Jequitinhonha ( IBGE, 1997).

Municípios do Vale do Jequitinhonha


01-Almenara


02-Angelândia ( criado em 1995)


03-Araçuaí


04-Arincaduva ( criado em 1995)


05-Bandeira


06-Berilo


07-Berizal ( criado em 1995)


08-Bocaiúva


09 -Botumirim


10-Cachoeira de Pajeú


11-Capelinha


 12-Caraí


13-Carbonita


14-Chapada do Norte


15-Comercinho


16-Coronel Murta


17-Couto Magalhães de Minas


18-Cristália


19-Datas


20-Diamantina


21-Divisópolis (criado em 1992)


22-Felício dos Santos


23-Felisburgo


24-Francisco Badaró


25-Franciscópolis (criado em 1995)


26-Fruta de Leite ( criado em 1995)


27-Grão Mogol


28-Guaraciama (criado em 1995)


29-Indaiabira ( criado em 1995)


30-Itacambira


31-Itamarandiba


32-Itaobim


33-Itinga


34-Jacinto


35-Jenipapo de Minas (criado em 1995)


36-Jequitinhonha


37-Joaíma


38-Jordânia


39-José Gonçalves de Minas ( criado em 1995)


40-Josenópolis ( criado em 1995)


41-Leme do Prado


42-Malachacheta


43-Mata Verde ( criado em 1992)


44- Medina


45-Minas Novas


46-Monte Formoso ( criado em 1995)


47-Montezuma ( criado em 1992)


48-Nova Porteirinha


49-Novo Cruzeiro


50-Novorizonte ( criado em 1995)


51-Olhos D’Água ( criado em 1995)


52-Padre Carvalho ( criado em 1995)


53-Padre Paraíso


54-Pai Pedro ( criado em 1995)


55-Palmópolis ( criado em 1992)


56-Pedra Azul


57-Ponto dos Volantes ( criado em 1995)


58-Porteirinha


59-Riacho dos Machados


60-Rio do Prado


61-Rio Pardo de Minas


62-Rio Vermelho


63-Rubelita


64-Rubim


65-Salinas


66-Salto da Divisa


67-Santa Cruz de Salinas ( criado em 1992)


68-Santa Maria do Salto


69-Santo Antonio do Jacinto


70-Santo Antonio do Retiro ( criado em 1992)


71-São Gonçalo do Rio Preto


72-Senador Modestino Gonçalves


73-Serranópolis de Minas


74-Serro


75-Setubinha ( criado em 1992)


76-Taiobeiras


77-Turmalina


78-Vargem Grande do Rio Pardo ( criado em 1995)


79-Veredinha ( criado em 1992)


80-Virgem da Lapa.


Mapa da Bacia Hidrográfica do Jequitinhonha, em 1900 ( IBGE, 1997).


O Território do Vale do Jequitinhonha tem os

limites da sua Bacia Hidrográfica. 

A identidade cultural é sua principal marca.

O Estado pode dividir o Vale em regiões de planejamento, mas o sentimento de pertencimento marca o território "dos vales ao mar".


Localização da Bacia do Jequitinhonha, no Brasil (IBGE, 1997).

Os municípios citados fazem parte total ou parcialmente da Bacia Hidrográfica do Rio Jequitinhonha, em Minas e na Bahia.

Em 1900, a Bacia do Jequitinhonha possuía apenas 8 municípios: Araçuaí, Belmonte - BA, Bocaiúva, Diamantina, Grão Mogol, Minas Novas, Rio Pardo de Minas e Teófilo  Otoni.

O estado de Minas Gerais, entre 1989 e 2017, foi dividido geograficamente em 66 microrregiões.

Mapa de Minas Gerais, dividido em 13 regiões geográficas intermediárias e regiões geográficas imediatas ( IBGE, 2017).
Em 2017, o IBGE extinguiu as microrregiões e mesorregiões, criando um novo quadro regional brasileiro, com novas divisões geográficas denominadas, respectivamente, regiões geográficas imediatas e regiões geográficas intermediárias.

Mapa da Região Intermediária de Teófilo Otoni com as Regiões Imediatas de Almenara, Araçuaí, Capelinha, Diamantina, Pedra Azul e Teófilo Otoni, na região da Bacia do Jequitinhonha (IBGE, 2017).

O Vale do Jequitinhonha mineiro ficou dividido em duas Regiões Geográficas Intermediárias: Montes Claros que abrangeu quase todos os municípios da margem esquerda; e Teófilo Otoni que abrangeu os atuais Alto, Médio e Baixo Jequitinhonha.
As Regiões Geográficas Imediatas que ficaram na Bacia do Jequitinhonha são: Almenara, Araçuaí, Capelinha, Diamantina, Grão Mogol, Pedra Azul, Salinas, Teófilo Otoni e parte de Janaúba.
Mapa da Região Geográfica Intermediária de Montes Claros com as Geográficas  Imediatas de Grão Mogol, Montes Claros, Janaúba e Salinas (IBGE, 2017).

Na Bahia, os municípios do Jequitinhonha baiano ficaram na Região Geográfica Intermediária de Ilhéus-Itabuna e nas Regiões Geográficas Imediatas de Eunápolis-Porto Seguro  e Camacan.
Mapa da Região Geográfica Intermediária de Ilhéus-Itabuna com as Geográficas  Imediatas de Eunápolis-Porto Seguro e Camacam (IBGE, 2017).

Entre 1987 e 1990, o Governo do Estado na era Newton Cardoso, dividiu Minas  Gerais em regiões de acordo com os territórios das Associações de Municípios. Assim, o Vale do Jequitinhonha ficou dividido em Alto, Médio e Baixo Jequitinhonha, ignorando os municípios da margem esquerda que ficaram na Mesorregião do Norte de Minas.

No  Diagnóstico Ambiental da Bacia Hidrográfica do Jequitinhonha, em 1997, o IBGE considerou como Alto Jequitinhonha uma divisória a partir de Rio Pardo de Minas, Riacho dos Machados, Grão Mogol,  Berilo, Chapada do Norte e Jenipapo de Minas pra cima. 
O Médio Jequitinhonha seria todo o restante da região mineira, a partir de Novo Cruzeiro, Araçuaí, Virgem da Lapa, Coronel Murta, Rubelita, Salinas e Taiobeiras.
O Baixo Jequitinhonha seria todos os 9 municípios baianos, além de Salto da Divisa.
Portanto, o governo Newton Cardoso não se importou com os critérios técnicos do IBGE.  

Em 2015, o governo de Minas criou 17 Territórios de Desenvolvimento, dividindo o Vale do Jequitinhonha em Território do Alto Jequitinhonha e Território do Médio/Baixo Jequitinhonha. Não fez nenhuma referência aos municípios da margem esquerda do Rio que estão localizados no norte de Minas, nas microrregiões de Grão Mogol e Salinas/Taiobeiras/Rio Pardo de Minas.

É difícil estabelecer limites. No Diagnóstico Ambiental do IBGE, a Bacia do Rio Jequitinhonha mineiro e baiano ficou com 67 municípios, não computando os 24 municípios mineiros que se emanciparam em 1996.

Os dados de 1997, segundo o IBGE, apontam que a Bacia Hidrográfica do Rio Jequitinhonha estendia-se por quatro mesorregiões mineiras (Jequitinhonha/Mucuri, Metropolitana de Belo Horizonte e Norte de Minas), abrangendo as microrregiões de Almenara, Araçuaí, Capelinha, Diamantina, Pedra Azul, Conceição de Mato Dentro, Bocaiúva, Grão Mogol, Janaúba, Salinas e Teófilo Otoni.



Região de influência das Capitais Regionais fora do perímetro da Bacia do Jequitinhonha ( IBGE, 1997).
 
Na Bahia, a área pertinente à Bacia compreende setores das mesorregiões do Centro-Sul Baiano e Sul Baiano, que englobam as microrregiões de Itapetinga, Ilhéus-Itabuna e Porto Seguro. Portanto, o Vale do Jequitinhonha baiano tem, no mínimo, 9 municípios: Belmonte, Canavieiras, Eunápolis, Itagimirim, Itarantim, Itapebi, Malquinique, Mascote e Santa Cruz de Cabrália. 

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Dentre os municípios relacionados acima existem aqueles que possuem área integralmente incluída na Bacia do rio Jequitinhonha e municípios que possuem parcela de sua área externa ao perímetro considerado. Assim, por exemplo, os municípios de Porteirinha, Rio Pardo de Minas, Rio Vermelho, em Minas; e Eunápolis, Macarani, Mascote e Santa Cruz Cabrália, no sul da Bahia,  constam como integrantes da Bacia apesar da pouca representatividade do espaço físico incluído na área da Bacia Hidrográfica.

Segundo o IBGE, há vários municípios integrados à Bacia do Jequitinhonha com partes fora da área do perímetro como: Bocaiúva, Datas, Caraí, Diamantina, Felisburgo, Malacacheta, Porteirinha, Riacho dos Machados, Rio do Prado, Rio Pardo de Minas, Rio Vermelho, Salinas, Santo Antônio do Jacinto, Serro e Taiobeiras. 

Portanto, se mencionarmos todos os municípios da Bacia Hidrográfica do Rio Jequitinhonha, considerando os territórios parciais e integrais, o número de municípios ainda é maior.


Nós, do Vale do Jequitinhonha, que temos identidade territorial, acreditamos que os limites do nosso Vale são a Bacia Hidrográfica. O Estado age de forma autoritária com visões de planejamento governamental conservadora, com técnicos elaborando diagnósticos totalmente distorcidos da realidade do povo do Vale. Não conhecem ou conhecem muito pouco da vida do nosso povo. Por isso, as políticas de desenvolvimento regional propostas, em toda a história, foram totalmente equivocadas. 

Mas, para quem quiser entender melhor o território e a luta do povo do Vale do Jequitinhonha pela sua identidade cultural, pelo (des) envolvimento regional, territorial, integrado e real, que questiona as várias divisões autoritárias de planejamento estatal, leia o livro do Mateus de Morais Sevilha, professor da UFMG, ex-professor da UFVJM - Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, mas, sobretudo, poeta, escritor e violeiro, conhecedor por vivência e estudos científicos sobre o Vale do Jequitinhonha.


O livro é uma contribuição importante para um campo relativamente negligenciado nos últimos tempos dentro da disciplina geográfica: a Geografia Regional e a consequente discussão conceitual sobre a região. 
Ele é resultado da pesquisa e tese de doutorado em Geografia Regional, na Universidade Federal Fluminense, em 2012, defendida pelo professor Mateus Sevilha. 

Muito mais do que uma discussão acadêmica, entretanto, e por fidelidade à  íntima ligação do autor com a literatura (e, mais especificamente, a poesia), trata-se de um trabalho que nos projeta para o interior de uma problemática intensamente vivida: a produção e representação da “região” do Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais.

A abordagem se dá através da ação e das falas dos diversos grupos e classes – “sujeitos”, enfim – que de fato constroem o espaço em sua complexa inserção do território brasileiro e de circuitos globais que, com maior ou menor intensidade, o perpassam.
www.expressaopopular.com.br/quem-precisa-de-regiao-o-espaco-dividido-em-disputa/

Esse livro encontra-se disponível, para vendas online, no seguinte endereço: www.estantevirtual.com.br

Fonte: Instituto de Geociências Aplicadas - MG (IGA), IGAM - Instituto Mineiro de Gestão das Águas, IBGE, Fundação João Pinheiro.



4 comentários:

Denin disse...
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Unknown disse...
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Álbano Silveira Machado disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Célio Roberto disse...

Ótimas observações! Conhecimento é sempre bem-vindo! Eu só gostaria que os governantes olhassem para nosso Vale com mais respeito e valorização. Nasci em Almenara, morei por volta de 20 anos em BH e estou de volta. Percebi poucas mudanças. Algumas sutis na educação (faculdades, etc,). A cultura ainda é deixada de lado. Desejo melhores tempos!!!

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