APÓS FALHA DA JUSTIÇA, JULGAMENTO DA CHACINA DE FELISBURGO É ADIADO
Por uma falha da Justiça, o julgamento dos réus acusados de matar cinco integrantes do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) em Felisburgo (MG), Baixo Jequitinhonha, nordeste de Minas, em 2004, marcado para começar nesta quinta-feira (17.01), foi adiado.
O cancelamento aconteceu porque o juiz da comarca local enviou o processo para Belo Horizonte antes que a defesa dos réus indicasse testemunhas a serem ouvidas no dia do julgamento, o que deve ser feito agora.
Oito anos após o crime, o julgamento havia sido marcado pela primeira vez, e nenhum dos 15 réus está preso. Uma nova data ainda não foi agendada.
Em protesto contra o adiamento, cerca de 500 sem-terra fizeram manifestação na terça-feira (15.01) na rodovia Fernão Dias. O MST planeja ainda invasões e greves de fome.
Em 20 de novembro de 2004, segundo a Promotoria, um grupo invadiu o acampamento Terra Prometida e atirou contra os sem-terra. Cinco morreram e 12 ficaram feridos. O acampamento estava na fazenda Nova Alegria, invadida em 2002 pelo MST.
O dono da fazenda, Adriano Chafik Luedy, acusado pelo crime, foi preso e colocado em liberdade duas vezes, por decisão do STJ (Superior Tribunal de Justiça). Ele diz que agiu em legítima defesa porque os sem-terra o atacaram.
A demora no julgamento se deve, em parte, à tentativa da Promotoria de fazer com que o júri ocorresse em Belo Horizonte, e não na comarca de Jequitinhonha, para evitar possível influência de Chafik sobre a Justiça local.
A demanda adicionou uma nova etapa ao processo, o que, segundo a Promotoria, possibilitou mais recursos à defesa, atrasando o júri.
O grande número de réus também atrasou o julgamento. O processo teve que ser desmembrado.
O julgamento de hoje seria o de Chafik e de um funcionário dele. Dos outros 12 réus, apenas três casos estão prontos para ir a júri. Agora a expectativa é que o júri de Chafik seja marcado para abril.
Mas a defesa do fazendeiro diz que parte das testemunhas que indicará não poderá comparecer ao julgamento na capital mineira, que fica a 729 km de Felisburgo.
Por isso, elas deverão ser ouvidas antes do julgamento, o que pode adiar ainda mais o desfecho do caso.
Hoje, segundo o MST, cerca de 65 famílias ainda vivem no acampamento, mas sem posse da terra até hoje.
Fonte: Jornal Floripa, via Blog do Jequi
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