Poetas do Vale
Tadeu Martins
Natural de Itaobim, Tadeu Martins é poeta popular, folclorista e contador de "causos". Desde pequeno o escritor e cantador de cordéis aprendeu a contar "causos" do Vale do Jequitinhonha. A maioria das suas histórias, como o mesmo garante, são verdadeiras.
Tadeu Martins
Publicou dois livros e participou de várias antologias e coletâneas de poesias do Vale e de Minas Gerais. Engenheiro químico, professor, agente cultural, poeta e contador de causos Tadeu foi um dos fundadores do jornal GERAES e do Festivale.
Desde 08 de agosto, vem percorrendo o Vale do Jequitinhonha, lançando o livro "GERAES, a realidade do Jequitinhonha", junto com Aurélio Silby e George Abner.
Jequitinhonhês, o dialeto do Vale
Urubu não chupa cana
língua de sogra não tem peçonha
cantador pra ter coragem
não precisa ter vergonha
eu vou cantar a minha terra
Vale do Jequitinhonha
Nossa língua é diferente
quando eu falo você nota
resfriado é difruço
nome de rã é caçota
quilo e meio pra nós é prato
e carro de mão é galinhota
Derrancado é estragado
inginhar é encolher
crocodilar é trair
inricar é enriquecer
conversa fiada é ingrisia
e “bater caçoleta” é morrer
Madorna quer dizer cochilo
besteira é sinônimo de bestagem
gastura é o mesmo que coceira
tutano quer dizer coragem
“gavar o toco” é elogiar
e “rotar quibêbe” é “contar vantagem”
Zanzar é andar sem rumo
e obrar é defecar
apurado é caboclo nervoso
e ouvir é assuntar
trabalho pesado é barrufo
e escrever é assentar Veronca é uma moeda qualquer
Ana é apelido de um cruzeiro
Nica também é moeda
e puba quer dizer dinheiro
doutor é o nome do urinol
e goró é caboclo roceiro
O órgão genital feminino
é danado pra ter nome diferente
pressiguida é um deles
para dizer no meio de gente
belarmina, míndia ou prequita
até parece nome inocente
Restojo é o mesmo que resto
e ruir é destiorar
visagem é assombração
e zunir é arremessar
nascida é nome de furúnculo
e tinir alguém é matar
Gibeira é o bolso da calça
que nunca anda lotado
ficar pensando é bistuntar
cubar é olhar de lado
desinxavido é inexpressivo
e caboclo elegante é espigado
“Quebrar a orêia” de um objeto
é o mesmo que dobrar
nome de colo é cacunda
carregar na cacunda é escanchar
china é bolinha de gude
e “dar pinicão” é beliscar
Arrigestir é resistir
melar quer dizer buzuntar
ajutório é o mesmo que ajuda
cobrir o corpo é ribuçar
fôrgo é o apelido do fôlego
“dar fôrgo morto” é roubar
Pocar é estourar
“ficar perrengue” é adoecer
lançar quer dizer vomitar
e “virar um peido” é correr
negar à direita é dobrar
“embainhar o facão” é envelhecer
Burriscar quer dizer rabiscar
“a leitura” é sabedoria
coxé é quem manca muito
“encheção de saco” é livuzia
pipôco é o mesmo que estrondo
e cartilogência é categoria
“Abrir o pano” ou “limpar o beco”
você sabe o que quer dizer ?
é o mesmo que “virar um peido”
se não deu para entender
eu explico mais detalhado
é azular, sumir ou correr
“Tiçar a mão”, “picar o tapa”
tudo significa bater
pêia é o caboclo esperto
incapaz de esmorecer
“deu upa” é “ficou difícil”
mas foi fácil você entender.
Tadeu Martins
Itaobim - Vale do Jequitinhonha
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