Zé Bitô, o bem amado
partiu,
fora do combinado.
Há pessoas que passam pela vida de passagem. Deixam poucas marcas. Zê Bitô, não. Zé Bitô de Berilo, um personagem de 73 anos, sempre foi bem amado. Por crianças, jovens, adultos, velhos, todo mundo.
José Geraldo Oliveira, assim batizado, nasceu em 08.02.1938, filho de Maria Madalena, sempre vivendo ali pra baixo do antigo Corte, à beira do rio Araçuaí. Deixou sua irmã gêmea Maria Geralda de Oliveira e Sebastiana Jorge de Oliveira, além de todos nós que o amávamos.
Deixou marcas de carinho e bem viver, simplesmente, nas pessoas que conviviam com ele. Quem deve ter sentido mais ainda são as quase cem galinhas que criava no seu quintal, as flores do jardim do Hospital, as gramas da Avenida Geraldo Martins, as gameleiras na prainha do rio Araçuaí.
Ele partiu nesta quarta-feira, 17.08.11, fora do combinado. Seu corpo está sendo velado na Câmara Municipal que, em sinal de respeito, suspendeu sessão ordinária. O enterro será nesta manhã no Cemitério local. O velório terminará às 9 horas, 18.08.
Em homenagem ao popular Zé Bitô, republicamos aqui um dos seus famosos causos, contado por Roberto Amaral.
CAUSOS DE BERILO
A RAPADURADA DE ZÉ BITÔ
Certa vez, lá pela década de 60, Zé Bitô de Maria Madalena - figura folclórica de Berilo, hoje com setenta anos -, foi até Padre Paraíso, no Médio Jequitinhonha, nordeste de Minas, à beira da BR popularmente conhecida como Rio Bahia. Ele foi vender rapadura, auxiliando o caminhoneiro Tadé, filho do saudoso Carrinho, comerciante de Berilo.
Lá, as rapaduras foram expostas na calçada do Mercado Municipal, todas muito bem doces e viçosas.
Em um certo momento, Tadé saiu para tomar um cafezinho e recomendou ao zeloso Zé Bitô que tomasse muito cuidado com as rapaduras, pois alguém podia roubar alguma.
Nem bem Tadé saiu para o bar da esquina, chegou um freguês e foi testando se a rapadura era boa, como é de costume de todo frequês de feira de cidade do interior. Foi beliscando aqui e ali, tirando uma lasquinha, uma beiradinha de cada rapadura.
Perguntou a Zé Bitô pelo preço de cada fôrma. Bitô, desconfiadíssimo, pensou que era ladrão. E partiu para ação. Respondeu com uma forte rapadurada na cabeça do freguês.
E saiu, gritando:
- Sai, ladrão!
O freguês caiu em cima do rastro, com um grande corte na cabeça.
Zé Bitô conta que só viu o melado descer. Era sangue jorrando, misturado com o doce da rapadura.
Rapidamente, Tadé chegou e viu a confusão arrumada pelo ajudante tão cuidadoso e zeloso. Os dois jogaram as rapaduras em cima do caminhão e bateram em retirada para não serem presos.
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Minha homenagem a esta figura lendária e querida por todos de Berilo, o nosso ZÉ BITÔ.
Roberto Amaral Barbosa.
Zé Bitô marcou encontro com Roberto Oreia, lá no céu, onde contarão outros causos de rir e de se alegrar.
2 comentários:
Conhecendo Bitô como conheci, posso afirmar que ele não morreu, posso visualizar sua figura nesse exato momento dizendo:
_ Vou indo na frente viu iô, espero ocês lá!
Por mais que sua partida precoce nos surpreenda, não posso sentir tristeza em lembrar de uma pessoa que semeava alegria por onde passava. Foram setenta e tres anos bem vividos, sinto-me gratificado pelo privilégio de ter convivido parte deles com esse símbolo da sociedade e cultura berilense.
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