Pedro Morais, gente demais da conta
Pedro Morais, cantor e compositor do Vale do Jequitinhonha, do mundo...
Mas não é sintoma de velhice, nem de anacronismo. É só reflexo do ritmo no qual Pedro vive, diferente da maioria da sua geração, movida à velocidade da banda larga. "Eu não sou um cara que gosta de correr, gosto de andar numa velocidade que eu compreendo. Saí do interior, mas ainda mantenho o ritmo lento nas minhas ações", explica o músico, que, apesar de nascido na capital, passou os primeiros 15 anos de sua vida em Minas Novas, no Vale do Jequitinhonha.
É na universidade que Pedro vem colocando em prática uma de suas características, a de questionador. "Sou meio cabeça dura. Acho que é importante tentar descobrir o porquê das coisas. Me alimento muito disso". Entre um questionamento e outro, se distrai com os filmes de Almodóvar, os livros de Quintana e desejos para o futuro. "Não vai demorar muito, vou acabar sendo pai. Eu queria ter uns cinco filhos, mas sei que isso é difícil", revela Pedro. A justificativa? "Adoro brincar, fazer festa. Acho o universo infantil massa", diz o rapaz que se acha um "velho".
Resistência
"Esse violão é especial pra mim. Ele é de 79, muito velho, mais velho que eu. Foi do meu pai e faço show com ele até hoje. Está todo detonado, mas eu percebo que, pelo seu tempo de vida, ele continua firme e forte, está ótimo. A madeira está trincada em alguns pontos, emite um som estranho às vezes, mas faz parte dele. Não dá pra gravar, mas ao vivo funciona bem pra caramba".
Fãs
"Eu tenho um saco cheio de bilhetes que as pessoas escreveram pra mim em shows. Eu comecei tocando em bar e lembro do garçom deixando os bilhetes no chão. No final, juntava tudo, levava pro camarim e começava a guardar os recados que tinham algum diferencial".
Infância
"Esse uniforme é da época do primeiro grau. Foi um período muito legal da minha vida, estava saindo da infância e indo pra adolescência. Essa camisa é um registro de uma vivência muito bacana que eu não quero esquecer. Talvez tenha a ver com a vontade de congelar momentos, aquela vontade de guardar as coisas pra sempre ou manter um grupo de pessoas por perto. Querendo ou não, quando a gente cresce, a gente se afasta das ligações infantis".
Presente
"Tenho uma relação afetiva muito grande com esse bandolim. Foi um dos primeiros instrumentos que eu comecei a tocar, e no início usava um emprestado. Este bandolim foi dado de presente por um amigo do meu pai que nem me conhecia. Ele ficou espantado em saber que eu era uma criança de 10 anos já querendo tocar e encomendou um bandolim lá de São Paulo e mandou pra mim no Vale. Às vezes, pego pra fazer uma gracinha, mas tocava muito melhor antigamente".
Registro
"Essa fita tem gravadas uma das minhas primeiras tentativas de composição. Eu tinha um gravador portátil e usava fitas pra guardar ideias, coisas que eu nem lembrava que existiam, mas que podem ser reaproveitadas. Acho que ela promove um link interessante com o futuro. Da mesma forma que ela é um passado real, tem registro de coisas que podem ser recicladas e produzidas no futuro".
Esta reportagem foi publicada no jornal OTEMPO online, no Pampulha, na coluna Gente, no domingo, 28.08.2011
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