Paixão e fé se misturam com o profano na festa de Nossa Senhora da Lapa
Romeiros, turistas e camelôs reclamam da falta de estrutura para receber milhares de pessoas
Todos os anos, entre os dias 12 e 15 de agosto, milhares de fiéis visitam a cidade de Virgem da Lapa, no Médio Jequitinhonha, nordeste de Minas, a 550 km de Belo Horizonte, 145 de Salinas, 38 de Araçuaí, 270 de Teófilo Otoni. Eles Vêm para celebrar a festa de Nossa Senhora da Lapa.
A peregrinação dura uma semana com milhares de pessoas e barracas de comerciantes espalhadas pelas ruas da pequena cidade de 5.500 habitantes. Elas saem de de todas as partes da região do Vale do Jequitinhonha e estados como Bahia, Espírito Santo e São Paulo, motivadas pela fé e pela gratidão. Enfrentam estradas de terra, rodovia movimentada e falta de conforto para ficarem bem pertinho de uma réplica da santa no santuário da Lapa, onde assistem novenas e missas realizadas durante as celebrações que tem seu ponto alto no dia 15 de agosto, quando os fiéis saem em procissão do santuário, na parte baixa da cidade até a igreja Matriz.
Segundo a lenda, quando a santa apareceu nas margens do Córrego Santo Antonio, ela foi levada até a igreja Matriz, na parte alta. No entanto, no outro dia, ela reapareceu na gruta. Por conta disto, os moradores decidiram construir uma capela no local. A atual igreja existente no local foi construída em 1948.
Milhares de fiéis participam da festa Segundo relatos históricos, a peregrinação de romeiros a Virgem da Lapa começou ainda no princípio do século 18.
Por volta de 1728, um garimpeiro teria encontrado a imagem da santa às margens do córrego São Domingos. Mas, também existe uma lenda segundo a qual a imagem foi encontrada por um menino, que saiu para juntar burros, a mando de seu pai, um tropeiro. Depois, a criança teria perseguido um coelho, indo parar dentro de uma gruta iluminada, com altar natural.
Devido movimentação dos fiéis, apareceu o núcleo urbano, com o primeiro nome de São Domingos do Araçuaí, que era distrito de Araçuaí.
Em 27 de dezembro de 1949, o município conquistou a sua emancipação político-administrativa, passando a chamar-se Virgem da Lapa.
Fé se mistura ao profano Na Baixinha da cidade acontecem os shows das bandas
Várias bandas e artistas musicais se apresentam na Baixinha, em dois palcos montados na praça pública
Ao lado do clima religioso que domina a festa, estão os camelôs saídos de todas as partes e os shows com bandas que embalam as noites. Há quem diga que sem os camelôs a festa não existe. É verdade. Mas, a estrutura oferecida a eles pela prefeitura deixa muito a desejar. Não há banheiros nem dormitórios. Maura Dias, 48 anos, vende roupas de cama mesa e banho. Há 4 anos ela sai de Vitória da Conquista, sua terra natal, para ir à festa. “ Não tem policiamento. Ficamos sem saber se atendemos o freguês ou vigiamos a mercadoria. Falta banheiros. Paguei R$ 400 reais pelo espaço e não tenho nenhum beneficio”, reclama a vendedora.
Milhares de fiéis participam da festa Segundo relatos históricos, a peregrinação de romeiros a Virgem da Lapa começou ainda no princípio do século 18.
Por volta de 1728, um garimpeiro teria encontrado a imagem da santa às margens do córrego São Domingos. Mas, também existe uma lenda segundo a qual a imagem foi encontrada por um menino, que saiu para juntar burros, a mando de seu pai, um tropeiro. Depois, a criança teria perseguido um coelho, indo parar dentro de uma gruta iluminada, com altar natural.
Devido movimentação dos fiéis, apareceu o núcleo urbano, com o primeiro nome de São Domingos do Araçuaí, que era distrito de Araçuaí.
Em 27 de dezembro de 1949, o município conquistou a sua emancipação político-administrativa, passando a chamar-se Virgem da Lapa.
Fé se mistura ao profano Na Baixinha da cidade acontecem os shows das bandas
Perto dali, o casal Paulo e Julia Ribeiro, de 28 anos, também de Vitória da Conquista, faz a mesma reclamação. “ Dormimos em baixo da barraca. De manhã não temos um local decente para fazer nossas necessidades. Temos de usar banheiros dos bares ou de alguma casa”, reclama o casal que levou o filho Júnior de 2 anos.
O tamanho do espaço negociado pela prefeitura varia de 2 a 4 metros com preços de R$200 a R$400 reais. Fontes não oficiais afirmam que a prefeitura arrecadou cerca de R$ 164 mil com a venda dos espaços. “ É uma falta de respeito com a gente. Os banheiros públicos estão fechados e os que estão disponíveis para nós, um chiqueiro de porco é mais limpo” reclama o camelô Juarez Ribeiro, 39 anos, que saiu de Mata Verde, no Baixo Jequitinhonha, para vender suas mercadorias. “ As pessoas chegam aqui movidas pela fé. Sentimos muito pela falta de conforto que elas enfrentam. A cidade já poderia ter uma estrutura melhor para romeiros, turistas e camelôs”, defende o engenheiro José Prates. Morador da cidade, ele ajudava a esposa Gelza Prates a vender produtos religiosos na loja do casal, na praça próxima à Matriz.
Indiferentes a estes problemas os jovens Adoniram Cardoso Loyola de 18 anos e Cleber Júnior de 21, queriam mais era curtir o clima da festa. Junto com mais 15 pessoas eles saíram da cidade de Coronel Murta, em um ônibus fretado. “ Alugamos uma casa. Aqui tá muito bom. Ano que vem voltaremos”, comemoravam os dois já roucos. Quem também comemorava era o empresário Rogério Timo, dono do melhor hotel da cidade. “ Ta tudo lotado”, informou.
A festa foi bem organizada, afirmava um grupo de jovens de Virgem da Lapa, Werik Cardoso, 18, Claudemir Sousa, 16, Alex Andrade e Pedro Ferreira, de 21.
Adoniram e Cleber de Coronel Murta alugaram uma casa com mais 15 pessoas
A festa foi bem organizada, afirmava um grupo de jovens de Virgem da Lapa, Werik Cardoso, 18, Claudemir Sousa, 16, Alex Andrade e Pedro Ferreira, de 21.
Texto e fotos de Sérgio Vasconcelos, da Gazeta de Araçuaí
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