segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Região de Diamantina já foi deserto- diz estudo

A conclusão veio do estudo das formações de arenito existentes na área rural da cidade.

Foto: arquivoRegião de Diamantina já foi deserto- diz estudo
Os arenitos, formações rochosas mais abundantes na região de Diamantina (Minas Gerais), teriam se formado pelo acúmulo de grãos de areia transportados pelo vento ao
Região de Diamantina já foi um grande deserto diamantina_ja_foi_um_deserto_1 Os arenitos, formações rochosas mais abundantes na região de Diamantina (Minas Gerais), teriam se formado pelo acúmulo de grãos de areia transportados pelo vento ao longo de milhares de anos. (Foto: Fábio Simplicio) Mesmo em um período sem vida inteligente na Terra, a natureza deu um jeito de registrar a história por meio das diferentes formas geométricas e minerais das rochas. A partir da análise desses elementos, o geólogo Fábio Simplicio, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), descobriu que Diamantina, em Minas Gerais, já foi um grande deserto há cerca de 1,8 bilhões de anos. A conclusão veio do estudo das formações de arenito existentes na área rural da cidade. Ao consultar trabalhos de outros pesquisadores sobre a datação das rochas, Simplicio verificou que elas se formaram antes de a vegetação terrestre surgir no planeta, o que só ocorreu por volta de 440 milhões de anos atrás. A idade deu pistas sobre o ambiente das rochas. Segundo o pesquisador, na época da formação desses sedimentos, no final do período chamado de Paleoproterozoico, existiam basicamente dois cenários na Terra emersa: regiões de grandes desertos e/ou de grandes rios. Depois de dois anos e meio de análises da composição e do formato dos corpos rochosos, Simplicio aposta em uma Diamantina desértica. “As camadas que compõem o arenito ali têm marcas onduladas típicas de grandes áreas planas constituídas por areias depositadas pelo vento, os lençóis de areia”, explica. “Para que isso pudesse acontecer, o solo deveria ser arenoso e o vento, não encontrar obstáculos para o transporte do material.” A hipótese do geólogo é que durante muito tempo os ventos juntaram essas porções de areia e que raros momentos de chuva contribuíram para a cimentação dos grãos. “Sabemos que hoje, quando chove em áreas desérticas, quase sempre são episódios tempestuosos”, diz. “É provável que a areia em contato com água e alguns elementos químicos, como cálcio e ferro, tenha levado a combinações que resultaram na ‘cimentação dos sedimentos no substrato’, registro preservado até hoje.” ATMOSFERA COM OXIGÊNIO Além de analisar os componentes e a idade das rochas, o geólogo percebeu a presença de óxido de ferro (Fe2O3), produto de oxidação, revestindo os grãos de areia. “Isso mostra que essas rochas se formaram em um ambiente em que já existia oxigênio livre na atmosfera”, comenta. A ciência considera que a oxigenação da atmosfera começou há 2,4 bilhões de anos e, há 1,8 bilhões de anos, teria havido uma grande expansão na concentração de oxigênio. O dado permite correlacionar os eventos atmosféricos ocorridos na região da atual Minas Gerais aos de outras partes do mundo, onde há rochas de mesma idade que mostram sinais de oxidação. Segundo o pesquisador, a presença de óxido de ferro reforça a ideia de que a região seria um deserto, pois o contato com a água em um eventual processo de transporte em um rio, por exemplo, poderia remover esse revestimento dos grãos de areia. POSSÍVEL APLICAÇÃO Simplicio destaca que o trabalho pode servir de base para a criação de modelos mais completos que reproduzam o ambiente da Terra há 1,8 bilhões de anos e ajudem a conhecer mais precisamente a distribuição espacial dos diferentes sistemas. Esses modelos podem ter diversas aplicações, inclusive econômicas. “Profissionais da área do petróleo utilizam-se desse conhecimento para antever os melhores locais de extração”, revela o pesquisador. Fonte: Ciência Hoje On-line, por Camille Dornelles

Leia mais: http://aranas.com.br/site/2014/01/17/regiao-de-diamantina-ja-foi-um-grande-deserto/ | Portal Aranãs
diamantina_ja_foi_um_deserto_1 Os arenitos, formações rochosas mais abundantes na região de Diamantina (Minas Gerais), teriam se formado pelo acúmulo de grãos de areia transportados pelo vento ao longo de milhares de anos. (Foto: Fábio Simplicio) Mesmo em um período sem vida inteligente na Terra, a natureza deu um jeito de registrar a história por meio das diferentes formas geométricas e minerais das rochas. A partir da análise desses elementos, o geólogo Fábio Simplicio, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), descobriu que Diamantina, em Minas Gerais, já foi um grande deserto há cerca de 1,8 bilhões de anos. A conclusão veio do estudo das formações de arenito existentes na área rural da cidade. Ao consultar trabalhos de outros pesquisadores sobre a datação das rochas, Simplicio verificou que elas se formaram antes de a vegetação terrestre surgir no planeta, o que só ocorreu por volta de 440 milhões de anos atrás. A idade deu pistas sobre o ambiente das rochas. Segundo o pesquisador, na época da formação desses sedimentos, no final do período chamado de Paleoproterozoico, existiam basicamente dois cenários na Terra emersa: regiões de grandes desertos e/ou de grandes rios. Depois de dois anos e meio de análises da composição e do formato dos corpos rochosos, Simplicio aposta em uma Diamantina desértica. “As camadas que compõem o arenito ali têm marcas onduladas típicas de grandes áreas planas constituídas por areias depositadas pelo vento, os lençóis de areia”, explica. “Para que isso pudesse acontecer, o solo deveria ser arenoso e o vento, não encontrar obstáculos para o transporte do material.” A hipótese do geólogo é que durante muito tempo os ventos juntaram essas porções de areia e que raros momentos de chuva contribuíram para a cimentação dos grãos. “Sabemos que hoje, quando chove em áreas desérticas, quase sempre são episódios tempestuosos”, diz. “É provável que a areia em contato com água e alguns elementos químicos, como cálcio e ferro, tenha levado a combinações que resultaram na ‘cimentação dos sedimentos no substrato’, registro preservado até hoje.” ATMOSFERA COM OXIGÊNIO Além de analisar os componentes e a idade das rochas, o geólogo percebeu a presença de óxido de ferro (Fe2O3), produto de oxidação, revestindo os grãos de areia. “Isso mostra que essas rochas se formaram em um ambiente em que já existia oxigênio livre na atmosfera”, comenta. A ciência considera que a oxigenação da atmosfera começou há 2,4 bilhões de anos e, há 1,8 bilhões de anos, teria havido uma grande expansão na concentração de oxigênio. O dado permite correlacionar os eventos atmosféricos ocorridos na região da atual Minas Gerais aos de outras partes do mundo, onde há rochas de mesma idade que mostram sinais de oxidação. Segundo o pesquisador, a presença de óxido de ferro reforça a ideia de que a região seria um deserto, pois o contato com a água em um eventual processo de transporte em um rio, por exemplo, poderia remover esse revestimento dos grãos de areia. POSSÍVEL APLICAÇÃO Simplicio destaca que o trabalho pode servir de base para a criação de modelos mais completos que reproduzam o ambiente da Terra há 1,8 bilhões de anos e ajudem a conhecer mais precisamente a distribuição espacial dos diferentes sistemas. Esses modelos podem ter diversas aplicações, inclusive econômicas. “Profissionais da área do petróleo utilizam-se desse conhecimento para antever os melhores locais de extração”, revela o pesquisador. Fonte: Ciência Hoje On-line, por Camille Dornelles

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Mesmo em um período sem vida inteligente na Terra, a natureza deu um jeito de registrar a história por meio das diferentes formas geométricas e minerais das rochas.

A partir da análise desses elementos, o geólogo Fábio Simplicio, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), descobriu que Diamantina, em Minas Gerais, já foi um grande deserto há cerca de 1,8 bilhões de anos.

A conclusão veio do estudo das formações de arenito existentes na área rural da cidade.

Ao consultar trabalhos de outros pesquisadores sobre a datação das rochas, Simplicio verificou que elas se formaram antes de a vegetação terrestre surgir no planeta, o que só ocorreu por volta de 440 milhões de anos atrás.

A idade deu pistas sobre o ambiente das rochas. Segundo o pesquisador, na época da formação desses sedimentos, no final do período chamado de Paleoproterozoico, existiam basicamente dois cenários na Terra emersa: regiões de grandes desertos e/ou de grandes rios.

Depois de dois anos e meio de análises da composição e do formato dos corpos rochosos, Simplicio aposta em uma Diamantina desértica.

“As camadas que compõem o arenito ali têm marcas onduladas típicas de grandes áreas planas constituídas por areias depositadas pelo vento, os lençóis de areia”, explica. “Para que isso pudesse acontecer, o solo deveria ser arenoso e o vento, não encontrar obstáculos para o transporte do material.”

A hipótese do geólogo é que durante muito tempo os ventos juntaram essas porções de areia e que raros momentos de chuva contribuíram para a cimentação dos grãos. “Sabemos que hoje, quando chove em áreas desérticas, quase sempre são episódios tempestuosos”, diz. “É provável que a areia em contato com água e alguns elementos químicos, como cálcio e ferro, tenha levado a combinações que resultaram na ‘cimentação dos sedimentos no substrato’, registro preservado até hoje

.” ATMOSFERA COM OXIGÊNIO

Além de analisar os componentes e a idade das rochas, o geólogo percebeu a presença de óxido de ferro (Fe2O3), produto de oxidação, revestindo os grãos de areia. “Isso mostra que essas rochas se formaram em um ambiente em que já existia oxigênio livre na atmosfera”, comenta.

A ciência considera que a oxigenação da atmosfera começou há 2,4 bilhões de anos e, há 1,8 bilhões de anos, teria havido uma grande expansão na concentração de oxigênio.

O dado permite correlacionar os eventos atmosféricos ocorridos na região da atual Minas Gerais aos de outras partes do mundo, onde há rochas de mesma idade que mostram sinais de oxidação.

Segundo o pesquisador, a presença de óxido de ferro reforça a ideia de que a região seria um deserto, pois o contato com a água em um eventual processo de transporte em um rio, por exemplo, poderia remover esse revestimento dos grãos de areia.

POSSÍVEL APLICAÇÃO

Simplicio destaca que o trabalho pode servir de base para a criação de modelos mais completos que reproduzam o ambiente da Terra há 1,8 bilhões de anos e ajudem a conhecer mais precisamente a distribuição espacial dos diferentes sistemas.

Esses modelos podem ter diversas aplicações, inclusive econômicas. “Profissionais da área do petróleo utilizam-se desse conhecimento para antever os melhores locais de extração”, revela o pesquisador.


Camille Dornelles

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