quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Será a vez do PT governar Minas Gerais?


Análise do jornalista Murilo Rocha

Se caminha como favorito para um quarto mandato consecutivo à frente do país, o PT, em Minas, vive pela primeira vez em sua história a chance real de governar o Estado. Nunca foi tão bom um cenário para os petistas mineiros como neste do início do ano eleitoral de 2014. Em eleições anteriores, o partido chegou dividido, sem um nome de consenso, ou então se viu obrigado a ceder espaço para aliados nacionais, como em 2010, quando o PMDB encabeçou a chapa com Hélio Costa e Patrus Ananias (PT) foi seu vice.

Em 2002 e em 2006, Nilmário Miranda (PT), apesar de todo o empenho pessoal, sabia das limitações de sua candidatura frente ao ex-governador Aécio Neves (PSDB) – vencedor em primeiro turno nas duas ocasiões. Agora, porém, o PT mineiro parece unido em torno do nome do ministro Fernando Pimentel, ex-prefeito de Belo Horizonte.

Junta-se a esse fator dois importantes pontos: o PMDB deverá apoiar a candidatura petista em Minas sem maiores problemas, e, principalmente, o PSDB, após governar o Estado por 12 anos, tem em 2014 a ausência de uma liderança ou de um nome natural para concorrer ao governo de Minas – esse vácuo ocorre tanto dentro do partido como no raio de legendas aliadas.

A cartada dos tucanos diante desse cenário foi desenterrar no ano passado o ex-prefeito de Belo Horizonte e ex-ministro do governo FHC Pimenta da Veiga. Um tiro no escuro, pois boa parte do eleitorado ignora Pimenta da Veiga. Antonio Anastasia também era um nome desconhecido, mas foi trabalhado ao longo de oito anos para suceder Aécio Neves, e não como uma opção emergencial.

As chances tucanas residiriam em uma dedicação quase integral de Aécio Neves para fazer seu candidato vencer no Estado, mas essa hipótese, hoje, bate de frente com a necessidade do senador mineiro de ter de percorrer o país, principalmente o Nordeste, para angariar força para sua candidatura à Presidência chegar, pelo menos, ao segundo turno. A atenção exclusiva a Minas seria um abandono da corrida nacional.

Apesar de ser o melhor cenário de sua história, o PT tem consciência da dificuldade de vencer as eleições estaduais, em especial no interior do Estado, nas áreas mais afastadas da região metropolitana, onde concentra seu potencial eleitoral. Não à toa, Dilma intensificou suas visitas a Minas Gerais em 2013 e deve manter o ritmo no início de 2014, sempre com o ministro Fernando
Pimentel a tiracolo.

No futuro dos sonhos do PT – com possibilidade significativa de concretizar-se –, o partido reelege Dilma e ganha de forma inédita em Minas Gerais, enfraquecendo definitivamente o PSDB de Aécio Neves e dominando o segundo maior colégio eleitoral do país. Mas ainda há muita água para rolar.

Murilo Rocha é articulista do jornal O TEMPO

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