Fato importante que Gera nos revela, é uma discussão levantada pelos índios. Uma grande questão que envolvia toda tribo e seu futuro:
Viver bem ou se dar bem?
Foto: A estudiosa da cultura indígena no Vale, Geralda Soares (Gêra)A tribo indígena Cinta Vermelha Jundíba localizada na cidade de Araçuaí conta com cerca de 30 moradores. Foi neste local que conversamos com Geralda Soares, mais conhecida como Gêra, escritora e estudiosa da cultura indígena no Vale do Jequitinhonha.
Gêra inicia a conversa nos revelando a luta dos Cintas Vermelhas para conseguirem o terreno. Segundo ela, após a recusa pelo Estado de um local para instalarem a tribo, os indígenas se organizaram por meio de uma fundação. Assim eles puderam acessar um programa de crédito fundiário onde conseguiram adquirir o atual terreno. Com a posse da terra, os índios entregaram às famílias uma parte da aldeia.
Cada família, então, ficou responsável de reflorestar a parte de sua responsabilidade na aldeia, pois o terreno era mal tratado e sem vegetação. Em cada parte do terreno foram construídas casas para cada família, além de hortas usadas para produzir uma parte do alimento que é consumido pela tribo.
As casas, com uma diferente arquitetura redonda, é uma curiosidade à parte na tribo. Gêra nos conta que essa arquitetura tem um por que: o círculo tem a ver com uma mentalidade que eles (os índios) têm. Porque no círculo todo mundo é igual, você não fica nem à frente nem atrás. Sempre de lado, como parceiros.
Outro fato importante que Gera nos revela, é uma discussão levantada pelos índios. Uma grande questão que envolvia toda tribo e seu futuro: Viver bem ou se dar bem? Segundo Gêra os índios optaram pela sustentabilidade, optaram por viver bem.
Gera argumenta que ... viver bem, para eles (os índios), é poder ter saúde, poder se alimentar direito, é poder decidir sobre o destino da tribo, (...) é ter uma relação completa com a natureza. Diferente de se dar bem, que é a exploração irracional dos recursos naturais. Buscando uma boa relação com a natureza, na tribo foi implatada a permacultura, um sistema onde ocorre um planejamento da agricultura com o viés da sustentabilidade e da justiça social.
A permacutura, aliado aos conhecimentos dos antepassados indígenas e as inovações da agricultura, possibilitam que a tribo possa explorar a terra em paralelo com o processo de recuperação da área.
No terreno da aldeia, adquirido em 2005, foi construído também uma área social. Nela, os índios, no segundo domingo de cada mês, se reúnem para almoçar e conversar. Mantendo vivo o sentimento coletivo e a união da tribo.
Proposta
Gêra nos informa de um projeto, já enviado aos governantes, de aquisição de uma fazenda próxima à atual tribo. Nessa fazenda há um belo casarão do século XVIII que serviria, segundo o projeto, para a instalação de uma escola indígena. Nele os índios da Vale do Jequitinhonha, não só os Cintas Vermelha Jundíba, encontrariam um espaço destinado a disseminar a cultura indígena, especialmente aos índios mais jovens.
Essa fazenda está à venda e o grande medo que aflige a tribo é a possibilidade da área ser comprada para o plantio e extração de eucaliptos. Isso poderia resultar na destruição do casarão e contaminação das águas do rio Jequitinhonha, vizinho à aldeia, pela exploração desse tipo de árvore.
Tinta de Terra
Durante a nossa visita à aldeia, a ONG CPCD -Centro Popular de Cultura e Desenvolvimento oferecia aos índios uma oficina para a confecção da tinta de terra.
Andréia Fonseca, integrante da ONG, nos diz que essa tinta é orgânica pois utiliza extratos minerais: na região podemos encontrar várias cores e tons de terra como a vermelha, amarela, rosa e roxa. Após a obtenção da terra, os torrões passam por um processo de trituração e pela peneira, depois é adicionado água e cola.
Essa tinta pode ser utilizada em várias superfícies como papel, alguns tipos de embalagens e paredes. O processo de aplicação pode ser observado na fotografia abaixo.
Foto: A estudiosa da cultura indígena no Vale, Geralda Soares (Gêra)A tribo indígena Cinta Vermelha Jundíba localizada na cidade de Araçuaí conta com cerca de 30 moradores. Foi neste local que conversamos com Geralda Soares, mais conhecida como Gêra, escritora e estudiosa da cultura indígena no Vale do Jequitinhonha.
Gêra inicia a conversa nos revelando a luta dos Cintas Vermelhas para conseguirem o terreno. Segundo ela, após a recusa pelo Estado de um local para instalarem a tribo, os indígenas se organizaram por meio de uma fundação. Assim eles puderam acessar um programa de crédito fundiário onde conseguiram adquirir o atual terreno. Com a posse da terra, os índios entregaram às famílias uma parte da aldeia.
Cada família, então, ficou responsável de reflorestar a parte de sua responsabilidade na aldeia, pois o terreno era mal tratado e sem vegetação. Em cada parte do terreno foram construídas casas para cada família, além de hortas usadas para produzir uma parte do alimento que é consumido pela tribo.
As casas, com uma diferente arquitetura redonda, é uma curiosidade à parte na tribo. Gêra nos conta que essa arquitetura tem um por que: o círculo tem a ver com uma mentalidade que eles (os índios) têm. Porque no círculo todo mundo é igual, você não fica nem à frente nem atrás. Sempre de lado, como parceiros.
Outro fato importante que Gera nos revela, é uma discussão levantada pelos índios. Uma grande questão que envolvia toda tribo e seu futuro: Viver bem ou se dar bem? Segundo Gêra os índios optaram pela sustentabilidade, optaram por viver bem.
Gera argumenta que ... viver bem, para eles (os índios), é poder ter saúde, poder se alimentar direito, é poder decidir sobre o destino da tribo, (...) é ter uma relação completa com a natureza. Diferente de se dar bem, que é a exploração irracional dos recursos naturais. Buscando uma boa relação com a natureza, na tribo foi implatada a permacultura, um sistema onde ocorre um planejamento da agricultura com o viés da sustentabilidade e da justiça social.
A permacutura, aliado aos conhecimentos dos antepassados indígenas e as inovações da agricultura, possibilitam que a tribo possa explorar a terra em paralelo com o processo de recuperação da área.
No terreno da aldeia, adquirido em 2005, foi construído também uma área social. Nela, os índios, no segundo domingo de cada mês, se reúnem para almoçar e conversar. Mantendo vivo o sentimento coletivo e a união da tribo.
Proposta
Gêra nos informa de um projeto, já enviado aos governantes, de aquisição de uma fazenda próxima à atual tribo. Nessa fazenda há um belo casarão do século XVIII que serviria, segundo o projeto, para a instalação de uma escola indígena. Nele os índios da Vale do Jequitinhonha, não só os Cintas Vermelha Jundíba, encontrariam um espaço destinado a disseminar a cultura indígena, especialmente aos índios mais jovens.
Essa fazenda está à venda e o grande medo que aflige a tribo é a possibilidade da área ser comprada para o plantio e extração de eucaliptos. Isso poderia resultar na destruição do casarão e contaminação das águas do rio Jequitinhonha, vizinho à aldeia, pela exploração desse tipo de árvore.
Tinta de Terra
Durante a nossa visita à aldeia, a ONG CPCD -Centro Popular de Cultura e Desenvolvimento oferecia aos índios uma oficina para a confecção da tinta de terra.
Andréia Fonseca, integrante da ONG, nos diz que essa tinta é orgânica pois utiliza extratos minerais: na região podemos encontrar várias cores e tons de terra como a vermelha, amarela, rosa e roxa. Após a obtenção da terra, os torrões passam por um processo de trituração e pela peneira, depois é adicionado água e cola.
Essa tinta pode ser utilizada em várias superfícies como papel, alguns tipos de embalagens e paredes. O processo de aplicação pode ser observado na fotografia abaixo.
Mais informações no: http://www.ufmg.br/polojequitinhonha/indígenas
Fonte: Com informações da UFMG Polo Jequitinhonha
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