A operação da Usina Hidrelétrica de Irapé, inaugurada em 2006, trouxe problemas para as comunidades localizadas abaixo da represa. É o caso de Itira, distrito de Araçuaí, no Médio Jequitinhonha, nordeste de Minas.
Moradores e fazendeiros reclamam, principalmente na época da seca, da dificuldade de travessia do rio.
Balsa da travessia do rio Jequitinhonha, no povoado de Itira
A associação dos moradores da margem esquerda do rio Jequitinhonha/Araçuaí - AMARJE obteve uma vitória parcial. A CEMIG terá que apresentar uma solução definitiva para o problema nos próximos dois meses.
Segundo o balseiro que trabalha neste ofício, há mais de 25 anos, essa travessia ficou comprometida com a construção de Irapé. Houve um baixa das águas, perda das praias e muita lama acumulada.
O comerciante Antonio Cunha também concorda com o balseiro. Ele possui um bar bem próximo ao encontro dos rios. Além da dificuldade de travessia seu Antonio afirma que as praias desapareceram e com elas os visitantes.
Para o representante da AMARJE, Arthur Berganholi Junior, a construção de Irapé trouxe problemas para a comunidade e fazendeiros da comunidade. A CEMIG, como responsável pela UH Irapé deverá apresentar proposta de soluções.
No início de dezembro, representantes da AMERJE estiveram na reunião do COPOM para apresentarem os problemas gerados pela Barragem e conseguiram uma vitória parcial para resolver o problema com o comprometimento da empresa de energia de apresentar um plano de intervenção.
Essa é mais uma reclamação de moradores que residem abaixo da Barragem. Os moradores de Coronel Murta se movimentam para recuperar a sua praia que era o seu cartão postal. Até o momento, a Cemig não se pronunciou.
História de Itira
Foi em Itira onde tudo começou. Foi ali que Araçuaí nasceu, no encontro dos rios Jequitinhonha e Araçuaí. A sede do futuro município foi transferida para os encontros do rio Araçuaí com o Córrego Calhau em função da expulsão das meretrizes pelo Padre José Moura Murta. Elas subiram o rio em busca de um novo lugar para fixar morada. Entretanto, Itira resistiu. Ainda hoje conta com muitos moradores.
A primeira igreja do município ainda está imponente bem no centro da comunidade. Agora, o pequeno vilarejo enfrenta outro desafio. A travessia do rio Jequitinhonha.
Itira, também conhecido como Barra do Pontal, já foi um dos principais portos do vale. Os canoeiros utilizavam os rios como estrada. Os alimentos chegavam por ali vindos da Bahia. Ainda hoje o porto de Itira é utilizado pelos moradores e fazendeiros para terem acesso ao lado esquerdo do Jequitinhonha.
Itira está registrado na história da arte cinematográfica brasileira. O povoado foi o cenário principal do filme Kenoma, de Eliane Caffé, gravado em 1997, que tem como atores Jonas Bloch, José Dumont, Matheus Nachtergaele e Mariana Lima.
Fonte: TV ARAÇUAÍ , pelo repórter André Sá
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