O caso está parado há 4 anos. Testemunhas serão ouvidas no dia 22 de março do ano que vem.
Foto: arquivo
Inácio Murta foi morto aos 47 anos quando lia jornais na sala da casa dele em Coronel Murta
Um dos casos de maior repercussão e comoção na região do Vale do Jequitinhonha, o assassinato do então prefeito de Coronel Murta, Inácio Carlos Moura Murta, ocorrido em 28 de março de 2007, será retomado pela Justiça no dia 22 de março do ano que vem, quando deverão ser ouvidas as testemunhas de acusação e defesa, num total de 10 pessoas.
Os mandatos de intimação serão expedidos 90 dias antes da audiência.
Se durante a audiência não houver pedidos de novas diligências das partes envolvidas o Juiz abrirá vistas no processo para acusação e defesa. Após este procedimento, ele deverá condenar ou absolver o réu.
O inquérito que apura o crime tem dois volumes e 411 páginas. Está há quatro anos paralisado na 2ª secretaria do Fórum da Comarca de Araçuai.
O crime
O prefeito Inácio Murta, à época com 47 anos, um homem rico e poderoso, delegado de Polícia Civil de Belo Horizonte, licenciado, foi morto com um tiro de cartucheira na noite de 28/03/2007, quando lia jornais na sala da casa de sua fazenda, a 3 km da sede do município.
O tiro atingiu a veia femoral, na altura da coxa. O prefeito morreu minutos depois.
Em depoimento, a viúva do prefeito, Giane Torres, afirmou que no momento do crime, ela se encontrava no quarto da filha de 9 anos, quando ouviu ele gritar: “ oh meu Deus, vocês levem tudo que vocês quiserem levar, roubem tudo, mas me deixem em paz”.
Em seguida ela ouviu um disparo e quando abriu uma fresta na porta, viu um homem pulando a janela.
Ele estava vestido com calça escura, blusa preta de mangas compridas e um capuz que foi encontrado próximo à casa.
Não era magro,mas também não era obeso, segundo a viúva.
Denunciado
Após dois anos de idas e vindas, o inquérito policial foi concluído e enviado à Justiça em 14 de maio de 2009.
O então delegado de Araçuai, Bernardo Pena Salles, que não havia participado das investigações iniciais, indiciou José Lucas Martins Lopes, à época com 22 anos, como responsável pela morte do prefeito.
Uma espingarda cartucheira calibre 20 igual à que foi usada no crime, foi apreendida e reconhecida por duas testemunhas como sendo de Lucas.
A arma foi apreendida em Araçuai.
O delegado escreveu em seu relatório final que fica agora a prerrogativa de Lucas suportar sozinho o ônus do crime ou quebrar o silêncio e apontar os comparsas ou mandantes do crime.
Julgamento
O Ministério Público denunciou José Lucas por crime de latrocínio ou seja, roubo seguido de morte. A pena mínima prevista para o crime de latrocínio é de 20 anos de prisão em julgamento sem júri.
Caso o Judiciário se convença de que o acusado cometeu um homicídio doloso, Lucas Martins vai a júri popular e a pena mínima é de 12 anos.
José Lucas cumpre pena no albergue de Araçuai, pelos crimes de furto e arrombamentos praticados em Coronel Murta, onde ele nasceu e passou parte da vida.
No último dia 25 junho , ele tornou a ser preso em Coronel Murta, porque estava foragido do albergue. Ele foi conduzido para o presídio Carlos Vitoriano, em Araçuai .
Sobre a participação no assassinato de Inácio Murta, ele nega as acusações e afirma que jamais seria capaz de matar o prefeito.
Relembre o caso
Na época, a polícia trabalhou com duas linhas de investigação: roubo seguido de morte e vingança. No entanto, nada foi roubado.
No dia seguinte ao crime , foram presos dois suspeitos de participação no assassinato, um menor de 17 anos e o pai dele, funcionário da prefeitura da cidade. Eles foram libertados por falta de provas.
Novamente presos
Em fevereiro de 2009 Marlon Lopes, 21 anos, irmão de José Lucas, Ivanicio Pereira de Oliveira, 39 anos, conhecido como Negão de Tainha, e seu filho de 17, tiveram prisão temporária decretada.
Marlon foi preso em Belo Horizonte e removido para Araçuai. O filho de Ivanicio também teve internação provisória decretada por haver indícios de sua participação no caso. Ele esteve foragido em São Paulo, o que, segundo o Juiz Jair Francisco dos Santos, causou grandes atrasos à investigação, já que não foi possível submeter os suspeitos a uma acareação.
O menor foi capturado em 16 de fevereiro daquele ano. À época eles ficaram cerca de 60 dias presos.
Para o juiz Jair Francisco, o crime foi praticado por esta gangue, que de acordo com ele, é de alto grau de periculosidade e que atua na prática de crimes em Coronel Murta.
Na mesma noite em que Inácio Murta foi morto, este grupo se envolveu em uma confusão quando pescava em um sítio a pouco menos de 3 km da fazenda dele.
O dono do sítio tentou expulsar o grupo e chegou a ser amarrado e ameaçado de morte. Entre os envolvidos na confusão estavam Ivanício Pereira de Oliveira que chegou a ser atingido na barriga ,por um tiro disparado pelo dono do sítio e Marlon Lopes. Menos de duas horas depois, o prefeito Inácio Murta foi assassinado.
Quem era Inácio Murta.
O prefeito era delegado da Polícia Civil de Minas Gerais e trabalhava no Departamento de Investigações da capital. Estava licenciado depois de ser reeleito prefeito. O vice-prefeito Heleno Moutinho assumiu o cargo. Moutinho faleceu em janeiro de 2013. vítima de um câncer.
Fonte: Gazeta de Araçuai
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