sexta-feira, 31 de janeiro de 2020

Região Centro-Sul de BH quase reconstruída. Periferia continua na espera.

Ruas do Lourdes estão quase  reconstruídas, mas periferia de 

BH aguarda limpeza

Rapidez nas obras da região Centro-Sul tem chamado a atenção de 

moradores de outras regiões atingidas pelas inundações

Por MARIANA NOGUEIRA, no jornal OTEMPO
31/01/20 - 09h26
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Região do Lourdes está praticamente reconstruída
Foto: Uarlen Valério/O TEMPO
Quem viu a rua Marília de Dirceu, no bairro Lourdes, na região Centro-Sul de Belo Horizonte, na manhã da última quarta-feira (29), após a enchente que atingiu a cidade, se surpreendeu quando nesta sexta-feira (31) encontrou uma rua praticamente reconstruída.
Mesmo sem parte do asfalto, o cenário de guerra, em que carros foram arrastados, buracos foram abertos na via e árvores caíram sobre passeios, já virou passado para quem mora e trabalha no local. A rapidez nas obras, contudo, tem chamado a atenção de moradores de outras regiões atingidas pelas inundações, que aguardam, há uma semana, pela limpeza das áreas onde moram

Por volta das 8h desta sexta-feira, cerca de 15 funcionários da Prefeitura de Belo Horizonte chegaram à praça Marília de Dirceu para realizarem trabalhos como limpeza e poda de árvores na rua atingida. Ainda que com parte do asfalto retirada, a rua não tem nenhum ponto de interdição no trânsito. Os outros acessos da região também já estão liberados para carros e pedestres.
Morador do Barreiro, o taxista Gerônimo Antônio da Silva, 64, que trabalha ha 15 anos na praça do bairro Lourdes, lamenta a discrepância no andamento das obras. Na região dele, onde fica a Vila Bernadete, sete pessoas morreram soterradas na última sexta-feira (24), e até hoje moradores aguardam pela manutenção do local.
“Zona sul é diferente, né? Onde morreram pessoas lá, pergunta se passaram? Aqui é rápido. O homem mora aí, né? Zona sul. O pessoal tem que trabalhar e faz pressão. Eu não acho justo. Tem que ter direitos iguais. Infelizmente não é. Não adianta pensar, porque não é. Você vê a rapidez que eles arrumaram aqui, e lá? Não era para ter arrumado pelo menos uma limpeza? O Kalil diz que vai reconstruir tudo, eu quero ver”, afirmou.
Moradora da região Norte da capital e funcionária do bairro Lourdes, uma mulher, que pediu para não ser identificada, se assustou ao perceber a celeridade das obras. “A Prudente de Morais está quase pronta também. O asfalto está aí. Nos bairros periféricos a gente fica meses e até anos sem obras. Isso é muito triste, para mim como contribuinte e moradora de Belo Horizonte. O pessoal está chorando perda de carro, mas na periferia, perto de mim, caiu uma casa. Ou seja, a pessoa perdeu tudo o que tinha e até mesmo a dignidade. E vai saber se vai recuperar. A área Centro-Sul é sempre privilegiada, até mesmo na questão de recurso. Raposos estava aí e ninguém veio, a Prudente alagou e o presidente passou de avião. É uma constatação muito difícil", disse.
Resposta
Em nota, a prefeitura detalhou as ações realizadas pelo Executivo desde o início da chuva. Leia na íntegra:
A Prefeitura de Belo Horizonte informa que no primeiro momento prestou todo apoio técnico com equipamentos, materiais e de alimentação ao Corpo de Bombeiros na operação de resgate às vítimas na Vila Bernadete. Logo após o ocorrido, a Superintendência de Desenvolvimento da Capital (Sudecap) realizou a limpeza das vias públicas no local com a utilização de retroescavadeiras, caminhões e hidrojato. A Sudecap e a Defesa Civil ainda vistoriaram todas as residências da região para avaliar os riscos das edificações.  
Além disso, as equipes de assistência social estão atuando nos territórios diariamente desde o dia 23 de janeiro. Neste período, foram realizados 152 cadastros na Vila Bernadete e 100 cadastros de famílias da Vila Ferrara. Além da busca ativa realizada no território, na Vila Bernadete, o Posto de Comando da equipe social foi montado na Creche Criança Feliz, rua 14, e recebeu e atendeu famílias com demandas diversas como orientações, encaminhamentos para segunda via de documentos, ajuda humanitária, refeições e, quando necessário, encaminhamento para acolhimento.
Um segundo posto foi montado na Escola Estadual Professora Maria Belmira Trindade, local para onde 120 moradores da Vila Ferrara/Bairro Bonsucesso se dirigiram na noite de segunda-feira, 27 de janeiro. Todas as famílias foram cadastradas e as demandas registradas. As famílias voltaram para suas casas e as demandas apresentadas foram encaminhadas e estão sendo atendidas. Cerca de 500 marmitex foram enviados para a região do Barreiro até este momento.
Atualizada às 11h48.

Almenara: Casal de idosos ilhado há 12 dias é socorrido por Bombeiros

Segundo o Corpo de Bombeiros, o barco que o casal usava para 

sair do local foi levado pelas chuvas.

Foto: DivulgaçãoCasal de idosos ilhado há 12 dias é socorrido por bombeiros em Almenara
Idosos moram em uma ilha do rio Jequitinhonha
 Um casal de idosos que estava ilhado há 12 dias em Almenara, no 
Vale do Jequitinhonha, foi socorrido na manhã de quarta-feira (29.01), 
quando conseguiu pedir ajuda. Segundo o Corpo de Bombeiros, eles 
moram na ilha de Santa Helena e, por causa das chuvas, não 
conseguiram sair do local.
De acordo com os bombeiros, o barco que o casal usava para voltar à 
cidade foi levado pelas chuvas e o nível do Rio Jequitinhonha 
estava aumentando; o local corria o risco de ser inundado.
Para socorrer os idosos de 61 e 68 anos, os militares usaram
um barco para chegar até a casa onde estavam. Segundo o 
casal, o estoque de mantimentos que eles tinham estava 
baixo. O cachorro de estimação da família também foi 
socorrido pelos bombeiros.
Os idosos e o cachorro foram levados para uma casa que os
dois têm na cidade.
Fonte: G1

quarta-feira, 29 de janeiro de 2020

Mortos, não pela chuva, mas pela injustiça social

 Frei * 
                                                                                     Foto: Douglas Magno / AFP


No final da penúltima semana de janeiro de 2020, choveu significativamente em várias regiões de Minas Gerais. Em 24 horas, choveu 171,8 milímetros. Chuva mansa, mas constante. Houve uma enorme mobilização da grande imprensa e de poderes públicos municipais de muitos municípios no sentido de alertar a população de que estava chegando uma grande chuva que poderia causar inundações, deslizamentos e pôr em risco a vida das pessoas.

Em Belo Horizonte, a defesa civil anunciou alerta de risco geológico e chegou-se a pedir insistentemente para as pessoas ficarem em casa dia 24 de janeiro. Muitas avenidas foram interditadas.

Segundo a Defesa Civil do Governo de Minas Gerais, em Boletim de 28/01, com o título “Mortes causadas pelas chuvas em MG”, em alguns dias de chuva: 28.893 pessoas foram desalojadas, 4.397 desabrigadas, 65 feridas, 52 foram mortas e mais de 10 estão desaparecidas , o que, segundo o boletim, são óbitos a serem confirmados. Em Belo Horizonte, entre os 13 mortos, uma mãe e três crianças. Em Ibirité, uma mãe foi encontrada morta, nos seus braços um bebê também morto.
Diante dos deslizamentos de terra, das inundações provocadas pelas chuvas, de quase 14 mil desalojados, de mais de 3 mil desabrigados, de 12 pessoas feridas e mais de 40 pessoas mortas – sem contar 19 pessoas desaparecidas -, primeiro, expressamos nossa solidariedade e conclamamos a quem puder se somar ao mutirão de apoio para ajudar as milhares de famílias atingidas e muitas golpeadas a reconquistar o mínimo necessário para erguer a cabeça e retomar a vida.
Entretanto, para que a mentira não continue cobrindo as causas mais profundas da ‘sexta-feira da paixão’ que se abate sobre o povo cada vez mais com frequência, precisamos dizer em alto e bom som a verdade, cientes de que a verdade dói, mas liberta.

É mentira a manchete divulgada pela Defesa Civil – “Mortes causadas pelas chuvas em MG”. É nojento ouvir jornalistas na grande imprensa dizerem: “a chuva está castigando …”. “A chuva está causando estragos …” Diante dos mortos, das vítimas e de milhares de desabrigados aparentemente pelas chuvas, é imoral e covarde ouvir prefeitos dando uma de Pilatos, tentando se eximir de suas responsabilidades, afirmando que “foi uma tragédia ambiental natural”, “Cada um deve cuidar da sua casa”, “Invadiram áreas de riscos. Eles são os culpados”. Fazer esse tipo de afirmação é apunhalar quem já foi golpeado, é transformar a vítima em algoz. É injustiça que clama aos céus.
Não é a chuva e nem Deus que devem ser condenados. Colocar a culpa na chuva e em Deus é encobrir o real escamoteamento a verdade, é criar uma cortina de fumaça que ofusca a realidade beneficiando somente os adoradores do capitalismo – grandes empresários da cidade e do campo, políticos profissionais (uma corja) e ingênuos sustentadores da engrenagem mortífera que continua a trucidar vidas em progressão geométrica em uma sociedade cada vez mais desigual.
Na Bíblia se fala de chuva mais de cem vezes. A chuva é benfazeja, cai sobre justos e injustos, diz o evangelho de Mateus (Mateus 5,45). A chuva é reflexo da bondade de Deus, que é um mistério de infinito amor. Deus rega com a chuva a terra que deu como herança ao seu povo (I Reis 8,36). “Mandarei chuva no tempo certo e será uma chuva abençoada” (Ezequiel 34,26), profetiza Ezequiel consolando o povo em tempos de imperialismo e de exílio, em tempos de escassez de chuva. A sabedoria do povo da Bíblia reconhece que Deus, solidário e libertador, “por meio da chuva, alimenta os povos, dando-lhes comida abundante” (Jó 36,31). Até no dilúvio, a chuva é vista como purificadora (Cf. Gênesis 6 a 9). Sob o imperialismo dos faraós no Egito, a chuva de granizo é vista como uma praga que fustiga os opressores, ao mesmo tempo em que é uma dádiva de Deus que liberta da opressão (Cf. Gênesis 9 e 10).
A chuva não castiga, não desaloja, não desabriga e nem mata ninguém. Quem está em casa com boa estrutura, construída sobre terra firme, pode dormir tranquilo, porque a casa não cairá com as chuvas. Sempre recordo que, 50 anos atrás, quando eu era criança, no noroeste de Minas Gerais, “chovia invernado uma semana, duas semanas, às vezes, até um mês sem parar”. Não morria praticamente ninguém. Nas décadas de 1970, a maior parte do povo vivia no campo e podia construir as casas longe das margens dos rios que ficavam inundadas. Atualmente, só em Belo Horizonte há mais de 200 rios e córregos sepultados com asfalto, após serem envenenados com esgoto in natura.
A irmã chuva apenas revela uma injustiça socioeconômica e política existente. Quem desaloja, desabriga, fere e mata em última instância é a tremenda injustiça agrária e socioambiental reinante na sociedade capitalista. Dizer que “a chuva castiga” é mentira, é reducionismo que esconde o maior responsável por tanta dor e tanto pranto: o sistema capitalista e a classe dominante que descartam as pessoas e as condenam a sobreviverem em encostas e áreas de risco. Soma-se a tudo isto a falta de planejamento urbano e social das prefeituras, que deveriam investir de forma contundente na elaboração de Plano Diretor e de zoneamento para as cidades de forma participativa e comunitária, buscando construir cidades justas economicamente, solidária socialmente e sustentável ecologicamente. Sem uma gestão socioambiental, os municípios continuarão destruindo as matas ciliares de rios e desmatando as suas encostas, fragilizando o solo, causando deslizamentos e assoreamentos, que tendem a ser cada vez mais trágicos.
 Quem é atingido quando a chuva chega em um volume maior, salvo exceções, são as famílias que tiveram seus direitos humanos fundamentais – direito à terra, à moradia, ao trabalho, à educação, a um salário justo, ao meio ambiente equilibrado e à dignidade – desrespeitados pelo capitalismo neoliberal e por pessoas que adoram o deus capital, o maior ídolo da atualidade.
Segundo o Comitê sobre os Direitos Econômicos, Sociais e Culturais da ONU em seu Comentário 4, todas as pessoas têm o direito a uma moradia SEGURA E ADEQUADA, abaixo especificada:
  1.  Segurança da posse: a moradia não é adequada se os seus ocupantes não têm um grau de segurança de posse que garanta a proteção legal contra despejos forçados, perseguição e outras ameaças.
  2.  Disponibilidade de serviços, materiais, instalações e infraestrutura: a moradia não é adequada, se os seus ocupantes não têm água potável, saneamento básico, energia para cozinhar, aquecimento, iluminação, armazenamento de alimentos ou coleta de lixo.
  3. Economicidade: a moradia não é adequada, se o seu custo ameaça ou compromete o exercício de outros direitos humanos dos ocupantes.
  4.  Habitabilidade: a moradia não é adequada se não garantir a segurança física e estrutural proporcionando um espaço adequado, bem como proteção contra o frio, umidade, calor, chuva, vento, outras ameaças à saúde.
  5.  Acessibilidade: a moradia não é adequada se as necessidades específicas dos grupos desfavorecidos e marginalizados não são levados em conta.
  6. Localização: a moradia não é adequada se for isolada de oportunidades de emprego, serviços de saúde, escolas, creches e outras instalações sociais ou, se localizados em áreas poluídas ou perigosas.
  7.  Adequação cultural: a moradia não é adequada se não respeitar e levar em conta a expressão da identidade cultural (UNITED NATIONS, 1991).
Portanto, quem desaloja, desabriga e mata não é a chuva, não é Deus, mas é a injustiça social reproduzida cotidianamente no Brasil, que gera uma tremenda desigualdade social e empurra milhões para sobreviver em áreas de risco geológico. Quem construiu um barraco em área de risco geológico antes foi empurrado para risco social.
Logo, gratidão eterna à irmã chuva que gera vida e ao Deus da vida, mas ira santa e rebeldia diante do sistema capitalista e seus executivos que de fato desabrigam, golpeiam e matam. É hilariante ouvir um prefeito ‘lavar as mãos’ sujas de sangue e dizer que “cada um deve cuidar de sua casa”. Autoridades políticas só podem dizer isso após construírem moradia digna – SEGURA e ADEQUADA – para 7 milhões de famílias que estão sem moradia no Brasil. Enfim, após fazerem reforma agrária e reforma urbana.

Em Belo Horizonte e Região Metropolitana, onde mais vidas foram ceifadas (13 em Belo Horizonte, 6 em Betim, 5 em Ibirité e 2 em Contagem) há um déficit habitacional acima de 150 mil moradias. Além de fertilizar a terra e recarregar as nascentes e mananciais, a irmã chuva está gritando por políticas públicas sérias e idôneas, tais como política agrária e política de moradia popular adequada para todos/as.
Belo Horizonte, MG, 28/01/2020.
Fone: gilvander.org.br
Resultado de imagem para Frei Gilvander*Gilvander Luís Moreira, ou simplesmente, Frei Gilvander, é mineiro do Alto Paranaíba. Frei e padre da Ordem dos Carmelitas. Licenciado e bacharelado em Filosofia na UFPR. Bacharelado em Teologia pelo Instituto Teológico São Paulo. Mestrado pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma. Doutor em Educação pela FAE/UFMG. Trabalha na CPT-MG.

BH foi preparada para ter enchentes todo ano. Quem se atreve a mudar o modelo de urbanização?

Históricos são os erros da 

nossa urbanização e não as

chuvas desse janeiro de 2020


Foto: Reprodução PSTU
O volume
 inédito de água caindo do céu só exacerbou o problema, não o criou. Enchentes e alagamentos ocorrem há décadas no início do ano em Belo Horizonte e vários outras cidades, mineiras e brasileiras. Os danos e as vítimas variam a cada ano conforme o índice pluviométrico, mas nunca deixaram de existir; são previsíveis, fatídicos. Por que? Qual cidade do porte de BH em outra parte do mundo que alaga todo período chuvoso? É óbvio que o problema resulta da ação humana. Históricos são os erros da nossa urbanização e não as chuvas desse janeiro de 2020.
O modelo urbano que adotamos é anti-ambiental; nossas cidades agridem a natureza. Brasileiro cimenta terreiro para não ter o trabalho de limpá-lo; prefere asfalto à pedra para rodar melhor de carro; constrói até prédios à margem de cursos de água; joga lixo nas vias pública sem a menor vergonha; tem verdadeira adoração por concreto, que vê como solução para tudo, inclusive para canalizar rios e ‘dominar’ a natureza. Via de regra a cidade brasileira é pouco permeável à infiltração da chuva no solo, acumula lixo nas saídas de água e tem edificações em áreas de risco. Nossas cidades são feitas para alagar.
Por que insistimos num modelo de urbanização que causa tragédias ano após ano? Por que é tão difícil romper, mudar o padrão de urbanização?
O brasileiro comum não percebe mas o nosso modelo urbano se destaca pelo nível absurdo de verticalização e adensamento. No Brasil, até cidades pequenas se enchem de prédios; as aglomerações de torres pipocam por todas as regiões de todos os estados, inclusive em plena Amazônia. Difícil apontar um país no mundo que tenha tantas cidades com ‘selvas de pedra’ no centro. E haja concreto, cimento.
Essa paixão brasileira pela verticalização é fruto da profunda divisão social no país e da insegurança crônica que ela gera. As pessoas buscam torres de apartamentos para isolamento social e proteção contra violência urbana. Mas, independente das razões, o modelo de urbanização que se desenvolveu aqui tem raízes no preconceito e no medo que há séculos formam um fosso entre os mais ricos e os mais pobres. Por isso é tão difícil mudar.
E rasguem-se os véus da hipocrisia. Enchente é tragédia típica de pobre; raramente afeta famílias com dinheiro para se precaver delas. E como pobre não tem prioridade no poder público, o problema se eterniza. A classe média que determina as políticas do Estado não se dispõe a romper o modelo urbano da exclusão social para evitar a tragédia anual de pobres.
A comoção e indignação diante das imagens chocantes dos estragos das águas são de praxe na mídia e redes sociais, tão recorrentes como as próprias enchentes. Vão embora junto com as chuvas. No carnaval, se o tempo ajudar, tudo já estará esquecido. E todos continuarão concretando e cimentando, espalhando lixo e entulho, até as próximas chuvas e enchentes. É um círculo vicioso. Hoje, infelizmente, sem um fim à vista.

Fonte: https://osnovosinconfidentes.com.br/
Raquel Faria
Raquel Faria
Criadora da rede Os Novos Inconfidentes, formou-se em
jornalismo pela PUC-MG e trabalhou nos jornais Folha de 
S. Paulo e Estado de Minas, além de colaborar para várias 
publicações. Ex-colunista do jornal O Tempo e ex-comentarista 
da rádio Super Notícias FM.

Salinas inaugura Unidade de Quimioterapia para atender pacientes de 16 municípios

Unidade de quimioterapia é inaugurada em Salinas

Unidade é fruto de parceria entre a Prefeitura e a Fundação de Saúde Dilson de Quadros Godinho. 

Antes, pacientes tinham que se deslocar para Montes Claros, onde faziam tratamento.

Foto: arquivoUnidade de quimioterapia é inaugurada em Salinas
Além de pacientes da cidade de Salinas outros 16 municípios da região serão beneficiados.
Vandacilia de Oliveira descobriu que estava com câncer de colo de útero a 
quatro anos. Moradora de Salinas, no Vale do Jequitinhonha, norte de 
Minas, tinha que se deslocar para fazer o tratamento em Montes Claros. 
O receio em ter que percorrer a BR-251 e o cansaço após a aplicação 
da medicação faziam o trajeto de aproximadamente 200 quilômetros 
parecer maior do que realmente é.

Saía 1h da madrugada e chegava em casa já à noite, por volta das 21h. 
O tratamento contra o câncer é muito agressivo, todo mundo se sente 
debilitado. Após as sessões, ter que enfrentar uma estrada perigosa, 
onde acontecem vários acidentes, gera uma tensão a mais”, lembra-se 
a mulher que descobriu a doença após ter uma hemorragia.
Vandacilia descobriu câncer no colo do útero há quatro anos
Vandacilia descobriu câncer no colo do útero há quatro anos
Uma parceria entre a Fundação de Saúde Dilson Godinho de Quadros, de 
Montes Claros,  e Prefeitura de Salinas vai permitir que pacientes como 
Vandacilia não precisem mais se deslocar com frequência para se tratarem. 
Foi inaugurada na cidade, no dia 17 de janeiro, a Unidade de Quimioterapia de 
Salinas, que atenderá a 16 municípios.
 A estimativa inicial é de que 210 pacientes das Regiões de Saúde de Salinas e 
Taiobeiras possam ser beneficiados. A estrutura da Unidade de Quimioterapia fica 
em anexo ao Hospital Municipal Doutor Oswaldo Prediliano Santana.
 Carla Alaide Machado Ruas, enfermeira e responsável técnica da Unidade, 
explica que os pacientes que fazem o tratamento passarão por avaliação para verificar 
se poderão ser tratados em Salinas. Ela ressalta que a primeira consulta e 
as avaliações continuarão ocorrendo em Montes Claros.

A grande dificuldade levantada pelos pacientes e autoridades de saúde está 
relacionada ao deslocamento. Eles saem muito cedo de casa, fazem o tratamento 
e retornam. Muitas vezes, os pacientes não contam nem com acompanhantes. 
Para quem está fragilizado por conta da doença, estar perto de casa e dos 
familiares é uma garantia de bem-estar. Por mais que sejam ministrados os 
medicamentos antes das terapias, que minimizam os efeitos, os pacientes ficam 
fragilizados e com a imunidade mais baixa”, explica.
Carla Ruas destaca ainda que a Unidade de Salinas vai funcionar de segunda a 
sexta-feira, em horário comercial. A equipe será composta por oncologista, enfermeira, 
técnico em enfermagem, farmacêutica, técnico de farmácia, recepcionistas e auxiliar 
de serviços gerais.
A Unidade é o primeiro braço oncológico do Hospital fora de Montes Claros e 
representa uma grande conquista, um exemplo a ser seguido”, finaliza.

Fonte: G1