João Fellet e Alessandra Corrêa -
Enviados especiais da BBC Brasil a Washington- 30 junho 2015
A visita que a presidente Dilma Rousseff encerra nesta quarta-feira aos Estados Unidos foi saudada por ambos os países como uma retomada nas relações bilaterais.
Depois de um período de esfriamento, provocado pelas revelações, em 2013, de que Dilma era alvo de espionagem americana, a viagem marcou um novo capítulo no relacionamento entre as duas nações.
"Nosso foco está no futuro", disse o presidente Barack Obama, em entrevista ao lado de Dilma, após reunião na Casa Branca. "Acredito que esta visita marca mais um passo em um novo e mais ambicioso capítulo na relação entre nossos países."
A viagem ocorre em um momento delicado no Brasil, em meio a uma crise econômica e política, e, se a retomada das relações foi o tema principal, outras questões também ganharam destaque. Confira os principais resultados da visita em diferentes áreas.
1) Meio ambiente
Brasil e Estados Unidos se comprometeram a ampliar a participação de fontes renováveis em suas matrizes elétricas. O objetivo é este índice, sem contar a geração hidráulica, chegue a mais de 20% até 2030.
Segundo os dados mais recentes disponíveis, de 2012, atualmente essa participação é de 12,9% nos Estados Unidos e de 7,8% no Brasil, sem incluir hidrelétricas.
Na declaração conjunta, o Brasil também se comprometeu a atingir, até 2030, participação de 28% a 33% de fontes renováveis em sua matriz energética, incluindo biocombustíveis e sem contar a geração hidráulica, além da eliminação do desmatamento illegal, com a restauração e reflorestamento de 12 milhões de hectares.
2) Comércio
Ambos os governos anunciaram a intenção de assinar um memorando para harmonizar normas técnicas, o que deve facilitar a entrada de produtos brasileiros no mercado americano.
No setor pecuário, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos publicou a chamado "decisão final", um comunicado que reconhece o estatus sanitário do rebanho bovino brasileiro.
Isso potencialmente abre as portas do mercado do país à carne in naturado Brasil, encerrando uma negociação de mais de 15 anos.
3) Concessão de vistos
A tão desejada isenção de visto para turistas brasileiros ainda não foi alcançada.
Mas ambos os governos se comprometeram a tomar as medidas necessárias para que o Brasil entre no programa "Global Entry" até a primeira metade de 2016.
Este programa dispensa viajantes frequentes de entrar em filas ao passar pelos postos de imigração na chegada aos Estados Unidos.
4) Defesa
Dois acordos foram destaque nesta área, um de Cooperação em Defesa e outro de Segurança de Informações Militares, com foco no fluxo de informações, bens, serviços e tecnologias entre ambos os países.
5) Previdência Social
A assinatura de um acordo de previdência social vai permitir que cidadãos brasileiros que trabalham nos Estados Unidos (e vice-versa) tenham suas contribuições à previdência reconhecidas em ambos os países, evitando dupla contribuição.
A expectativa é de que empresas dos dois países economizem mais US$ 900 milhões nos primeiros seis anos em que o acordo estiver em vigor.
6) Educação
Brasil e Estados Unidos assinaram um memorando de entendimento para cooperar em educação técnica e profissionalizante, com aumento da colaboração entre instituições educacionais dos dois países.
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