sexta-feira, 6 de janeiro de 2017

Em carta aos bispos, papa Francisco pede tolerância zero com pedofilia


O papa Francisco enviou uma carta aos bispos de todo o mundo em que pede a proteção de crianças e para que “o sofrimento, a história e a dor dos menores que foram abusados sexualmente por sacerdotes” não sejam esquecidos. Ele ainda pediu “tolerância zero” aos religiosos.

“Escutar o choro das crianças significa também escutar o choro e o lamento de nossa mãe igreja, que chora não só pela dor causada em seus filhos mais pequenos, mas também porque conhece o pecado de alguns de seus membros. Pecado que nos causa vergonha. Pessoas que tinham a responsabilidade de cuidar destas crianças, destruíram a dignidade delas”, escreveu o papa.
Ele pede “coragem para proteger a infância dos novos Herodes dos nossos dias, que roubam a inocência de nossas crianças”. O pontífice referia-se ao rei que mandou matar todos os primogênitos de Belém após o nascimento de Jesus Cristo.
“Hoje, na lembrança do dia dos santos inocentes, quero que renovemos todo o nosso empenho para que essas atrocidades não ocorram mais entre nós. Que encontremos a coragem necessária para promover todos os meios necessários para proteger de todas as formas as vidas de nossas crianças porque tais crimes não podem mais se repetir”, disse.
Fonte: Agência Brasil / Agência Ansa

Como já fez em outras ocasiões, o papa pediu desculpas pelos casos de pedofilia na Igreja, pelo "pecado de omitir de assistência, o pecado de ocultar e negar e o pecado do abuso de poder".
Francisco repassou as dramáticas situações que afetam milhões de crianças no mundo todo em carta pela ocasião da festa dos Santos Inocentes, celebrada no dia 28 de dezembro.

Desnutrição e deslocamentos forçados

O papa também lembrou que atualmente 75 milhões de crianças tiveram que interromper sua educação por conta de emergências e crises prolongadas, e que em 2015 68% das vítimas de abuso sexual foram crianças.
Francisco afirmou que um terço das crianças que tiveram que viver fora de seus países o fizeram por conta de "deslocamentos forçados". "Vivemos em um mundo onde quase a metade das crianças menores de 5 anos que morrem são vítimas da desnutrição", lamentou.
O pontífice acrescentou que em 2016 calcula-se que 150 milhões de crianças realizaram trabalho infantil, muitas delas "vivendo em condição de escravidão".
Por último, com base em um relatório realizado pelo Unicef, Francisco advertiu que "se a situação mundial não se reverter", em 2030 serão 167 milhões vivendo na extrema pobreza e, até lá, 69 milhões de menores de 5 anos morrerão e 60 milhões de crianças não terão acesso à escola básica primária. Por isso, o papa ordenou aos bispos que cuidem da infância.

"Não deixemos que lhes roubem a alegria. Não nos deixemos roubar a alegria, cuidemos e ajudemos a crescer", instou.

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