quarta-feira, 4 de janeiro de 2017

Casos de Malária preocupam população de Diamantina e municípios vizinhos

Um surto de malária identificado no município de Diamantina, no Vale do Jequitinhonha, trouxe alerta para as autoridades sanitárias estaduais e preocupa a população. No dia 19 de dezembro foram confirmados pelos técnicos da Secretaria de Estado de Saúde (SES) seis casos de pessoas infectadas pelo Plasmodium vivax, uma das seis espécies de protozoários que infectam o homem com a doença e o mais comum dos micro-organismos.

Antes de Diamantina, todo o estado de Minas Gerais havia registrado oito casos em 2016. No ano de 2015 inteiro, foram apenas três, sendo que o último tratado em Diamantina foi em 2012 segundo o Datasus. O local que é tratado pela Diretoria de Vigilância Ambiental/Superintendência de Vigilância Epidemiológica Ambiental e Saúde do Trabalhador/Subsecretaria de Vigilância e Proteção à Saúde como o Local da Provável Infecção (LPI) é o garimpo de Areinha, que fica a 140 quilômetros do centro de Diamantina e tem uma população que chega a 2 mil garimpeiros, muitos deles vivem na sede do município.
Todos os doentes estão sendo tratados com medicamentos específicos contra a malária, mas já receberam alta da Santa Casa de Misericórdia de Diamantina. “A área de alerta inicial são os (10) municípios de Diamantina, Couto Magalhães de Minas, sob jurisdição da SRS de Diamantina e Olhos D’Água da SRS de Montes Claros de acordo com as informações preliminares da equipe da SES/MG que encontra-se no local”, informa o alerta sobre o caso divulgado pela SES. O Garimpo Areinha é formando por pequenos garimpos que se estendem por 40 quilômetros ao longo do Rio Jequitinhonha. Não é uma atividade legalizada, pois o rio é tombado naquele trecho, mas há uma disputa judicial que envolve até mesmo questões humanitárias, dada a situação precária em que as famílias de garimpeiros que trabalham no Areinha vivem.







Já foram alertados todos os municípios de limite com o município de Diamantina e as áreas de municípios que possuem divisa ou estão ao longo do rio Jequitinhonha onde há atividade do garimpo. A nova equipe da prefeitura de Diamantina marcou para hoje uma reunião com a SES para se colocar a par das medidas que podem ser tomadas para garantir a segurança da população e o tratamento de possíveis doentes.
Até o momento, segundo o último informe da SES, houve o deslocamento de equipe para investigação e busca ativa de casos no local provável de infecção. Profissionais de saúde dos municípios estão sendo capacitados para o diagnóstico da malária. Medicamentos, kits diagnóstico e de medicamento específico e insumos para o tratamento dos casos estão sendo enviados, bem como material informativo sobre a malária para ser distribuído na área do provável local de infecção.
Está previsto também a adoção de medidas imediatas de prevenção e controle da malária no local, entre elas a borrifação com inseticidas dos LPI. Foi emitido também um alerta para todas as Unidades Regionais de Saúde e para o Ministério da Saúde alertar outros estados sobre a transmissão da malária na área de Garimpo de Areinha, já que há trabalhadores de várias regiões do estado e do país naquele local. Uma videoconferência para os profissionais de saúde sobre a vigilância e tratamento da malária também foi agendada para todas as Unidades Regionais de Saúde.







Observação: Dos 8 casos onde o local provável de infecção foi Minas Gerais (autóctones), um caso (1) foi notificado no município de Lima Duarte em 2015, um caso (01) foi em Simonésia e 6 (seis) foram notificados na área do Garimpo de Areinha ( SRS de Diamantina) no ano de 2016.







Informações sobre a doença
A malária é uma doença febril aguda. Tem como agentes etiológicos o Plasmodium falciparum, P. vivax, P. malariae, P. ovale e P. Knowlesi. Das cinco espécies causadoras da malária humana, o Plasmodium falciparum, o mais letal, e o Plasmodium vivax, são os mais comuns no Brasil. Em poucos dias de infecção o P. falciparum propicia quadro grave, por isto, todo suspeito de malária deve, de imediato, ser submetido ao exame laboratorial. Já o Plasmodium vivax apresenta um quadro de clínico mais brando, de febre, mal estar, cefaleia, porém se não tratado o paciente pode levar a complicações e óbitos.
Os sintomas iniciais são comuns as diferentes espécies de plasmódio. O quadro cínico típico é caracterizado por febre, calafrios, fraqueza, cefaleia, mal estar, o que pode depender das espécies de Plasmodium.
É necessário o exame laboratorial, além disso, avaliação do histórico de deslocamento do paciente suspeito como o diagnóstico diferencial nos casos com febre, particularmente naqueles com história de viagens a área de risco.
O diagnóstico correto só é possível pela demonstração do parasito, ou antígenos relacionados no sangue periférico do paciente. Pela organização Mundial de Saúde (OMS) o exame da gota espessa de sangue é considerado padrão ouro. O teste rápido auxilia, no diagnóstico inicial.
O diagnóstico está descentralizado no estado de Minas Gerais nas Unidades Regioanis de Saúde:
- Unidade Central da SES/MG: Faculdade de Medicina da UFMG. Av. Alfredo Balena, 190.
- URS do estado de Minas Gerais: Locais que realizam o exame: www.saude.mg.gov.br/malaria
O tratamento da malária é realizado segundo a espécie de plasmódio infectante pela especificidade dos esquemas terapêuticos, gravidade do caso e idade do caso.
Segundo a Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde (MS), o início do tratamento deve ser em tempo oportuno (em até 48 horas do início dos primeiros sintomas) e tem cura.
No Brasil, o P. vivax é a espécie predominante do país, mas com menor gravidade do que o P. falciparum, que é o mais letal.
A malária ocorre de forma endêmica, principalmente na região norte do Brasil (nos estados do Acre, Amazonas, Amapá, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins), em outros países amazônicos, no continente africano e outras áreas tropicais.
No Brasil, existe transmissão residual de malária no Piauí, no Paraná e em áreas de bioma da Mata Atlântica nos estados de São Paulo, Rio de janeiro, Minas Gerias e Espírito Santo (Brasil. MS/SVS/Guia de Vigilância em Saúde, MS, 2016). Nessa área não endêmica, (a região extra-amazônia), o Brasil registra menos de 1% do total de casos do país. Porém, a letalidade por malária, é até 100 vezes maior do que a detectada em área endêmica.
Fonte: Estado de Minas e SES-MG

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