O vice-presidente do Grupo Globo, João Roberto Marinho, procurou nas últimas semanas líderes das principais forças políticas do país e integrantes do governo para expressar preocupação com o agravamento da crise e pedir moderação para evitar que ela se aprofunde ainda mais. Ele esteve com o presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG), na reunião com a bancada do PSDB no Senado, e falou com outros dois líderes de prestígio na sigla, o governador paulista, Geraldo Alckmin, e o senador José Serra (SP).
Há dois meses, Marinho já manifestava preocupação com o cenário econômico e o risco de descontrole no ambiente político, quando recebeu o governador Geraldo Alckmin na sede da Globo, no Rio. Tal preocupação aumentou a decisão do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), de romper com o governo e patrocinar projetos que ameaçam o equilíbrio das finanças públicas.
Um dos proprietários da TV Globo, João Roberto também esteve reunido com três ministros do governo Dilma Rousseff (Aloizio Mercadante, Edinho Silva e Henrique Alves) e com o vice-presidente Michel Temer (PMDB) na semana passada, além de também se reunir com o presidente do Senado Renan Calheiros (PMDB) e com a bancada do PT na Casa. No encontro com os petistas, ele afirmou que Dilma vai cumprir o mandato até 2018 (aqui).
Na conversa com Temer, que ocorreu na última terça (11.08), Marinho pediu uma avaliação das chances de o Planalto conseguir recompor sua base no Congresso e questionou o vice sobre os caminhos que o PMDB vê para o país. Em todos os encontros preocupação com a situação econômica, mencionando a queda acentuada do faturamento dos grupos de mídia e de outros setores da economia.
Mudanças nos noticiários do governo
Desde que iniciou essas conversas, houve uma mudança na forma como a TV e o jornal de propriedade de Marinho passaram a tratar o governo. Em editoriais, o jornal O Globo passou a condenar a possibilidade de golpe e endureceu o discurso contra Cunha (aqui).
Na TV, os espaços para os discursos de Dilma tiveram sensível aumento.
Jornal Nacional "esquece' de manifestações deste domingo
Neste sábado (15.08), na edição do Jornal Nacional, não foi feita qualquer menção aos protestos que ocorrerão neste domingo (16.08), atitude bem diferente das edições da véspera das manifestações do primeiro semestre.
Tudo indica que a TV Globo não fará convocações para as manifestações como fez nas duas últimas grandes manifestações.
Porque a familia bilionária desistiu do golpe
A família Marinho, a mais rica do Brasil, não faz isso porque é boazinha. O faturamento das suas organizações vem caindo assustadoramente. A audiência de seus jornais e novelas também, com a concorrência crescendo no gosto do público. A credibilidade dos seus noticiários estão em baixa com irritação dos eleitores de Dilma que perceberam que a Globo não denuncia desvios e problemas nas administrações tucanas.
Há mais de 50 anos, quando a TV Globo foi fundada, com apoio dos golpistas militares, ela vem controlando todos os governos federal, estaduais e municipais. Antes disso, em 1954, o jornal O Globo participou da campanha que levou Getúlio Vargas ao suicídio. Com o poder de chantagem e manipulação das informações elegeu Fernando Collor. Só aceitou Lula em 2002 porque não tinha saída, o povo queria o petista. Porém, vem fustigando o governo federal o tempo todo.
A TV Globo deixa de lado o golpe político para derrubar Dilma porque as manifestações de movimentos sociais em apoio a Dilma, com cobrança de taxar os ricos e punir todos os corruptos, tucanos e a própria Globo, vem crescendo pelo Brasil afora, como ocorreu com a Marcha das Margaridas, dias 11 e 12 de agosto, em Brasilia. A reunião de Dilma com as centrais sindicais veio o alerta. O presidente da CUT falou até em pegar em armas, se quiserem incriminar, de todo jeito, Dilma e Lula. A guerra civil foi anunciada.
A Globo vem sendo denunciada por seus privilégios e por dever mais de R$ 1 bilhão de impostos por sonegação fiscal, assunto que seus noticiários sempre escondem. A Receita Federal vem cobrando com veemência. Muitas petistas pedem a ação da Polícia Federal para este caso. Os banqueiros que tiveram lucro de 48% no primeiro semestre estão com medo da população sacar dinheiro e levar pra casa. Os industriais da FIESP e FIERJ não querem taxação de suas fortunas e temem perder com a desindustrialização, crescimento do desemprego e insatisfação popular.
Enfim, a Globo desembarca da tentativa de golpe político, de impeachment da presidenta Dilma, para não perder mais do que já vem perdendo. E chama os outros meios de comunicação para fazer o mesmo.
Quem for participar hoje das manifestações não sentirá tanto apoio como foi antes.
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