domingo, 13 de novembro de 2011

Na Era das “Primaveras”Também Teremos a Nossa ?

Na Era das “Primaveras”, Também Teremos a Nossa ?
A filosofia De Volta ao Seu Lugar de Origem: A Praça Pública
Por Eric Renan Ramalho

Vladimir Safatle apresentou, na quarta-feira 26 de outubro, aula pública aos manifestantes do movimento Ocupa Sampa acampados no Vale do Anhangabaú. O texto abaixo foi transcrito pelos integrantes do movimento e originalmente publicado no site do Acampa Sampa.

Trata-se de uma aula pública, ministrada pelo professor de filosofia Vladmir Safatler (USP)**, no último dia 26 de outubro, para um grupo de manifestantes acampados em uma praça no Vale do Anhagabaú, São Paulo. Safatler denuncia o “maldito” sitema que não consegue flagar as contradições internas a sua própria autoreprodução.

Esse é certamente um momento oportuno para discutirmos o que Safatle expõem à ordem do dia. Não apenas em função das promissoras e eufóricas revoluções do Oriente Médio ou do movimento estudantil Chileno organizado em defesa da educação pública. Tampouco evoca-se a crise da USP, exposta na grande mídia Brasileira, como mote dessa postagem.

Aquelas ideias debatidas em praça pública são oportunas para o Vale do Jequitinhonha porque vivenciamos “um momento ímpar em nossa história”: O Movimento “A UFVJM É NOSSA!”.
Guardadas as devidas proporções, esse Movimento se assemelha a muitas outras manifestações flagrantes mundo a dentro. A grande maioria de suas atividades foram articuladas via FACEBOOK e outras mídias virtuais. Ademais, o movimento mobilizou a sociedade civil sem a interferência de interesses partidários. O que se reivindica é uma universidade organicamente articulada aos interesses sócio-histórios de duas estigmatizadas regiões brasileiras – o Jequitinhonha e o Mucuri.

É certo, porém, que no vir-a-ser da jequitinhonidade outras causas se descortinarão amarfanhadas pelo modo de exteriorização do capitalismo caracterizado pela divisão regional do trabalho da qual o Vale sempre participou por via da extração predatória de seus recursos naturais e humanos (diamantes, silvicultura, mineração, garimpo, corte de cana, entre outros).

Doravante, o brado uníssono do povo do jequitinhonha, reivindicando a participação de sua universidade em seu desenvolvimento, é uma insurgência ao sabor dos desafios de nossa época.
O movimento reijeita a divisão regional do trabalho e a divisão regional da Educação. Estas são fardos históricos depositados sobre nossos ombros pela objetivação das formas desagregadoras do capitalismo.


O Movimento “A UFVJM È NOSSA!”‘ defende que a educação e, por consequência, a própria UFVJM são formações sociabilizadoras cujo o desenvolvimento humano deve estar no centro das preocupações e não submisso à lógica perversa maquinada por políticos “cata-voto”. Estes, em benefício de interesses próprios, fulguram como verdadeiras “sangue-sugas” que querem exaurir os elementos essenciais da jequitinhonidade.

Desse modo, refletir sobre o conteúdo da aula pública, ministrada por Safatler, signfica interrogar profundamente sobre os modelos de Vale e de mundo a serem objetivados na intenção de superar o mal estar que paira sobre a civilização contemporânea. Do contrário, objetivaremos o nosso vir-à-ser sob a lógica do fazer-o-mesmo que configura, até o presente momento, as forças sociais de nosso processo histórico sob o espectro do “coronelismo”.

Que esse vídeo abaixo seja, pois, o mote de conversas, e acalouradas discussões, sobre a possibilidade de rebentar no sertão os brotos da Primavera do Jequitinhonha.
Clique aqui e veja o video:
na-era-das-primaveras.tambem-teremos-a-nossa/
Eric Renan Ramalho é filosofo, professor do Cursinho Pré-UFMG, em BH. Natural de Coronel Murta, tem 26 anos.

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