Júri histórico condena mandante do crime e emociona população
O Júri que condenou ontem, 04.02, o mandante do assassinato do ex-prefeito de Berilo, Claúdio Waldete Coelho dos Santos, o Ioiô, foi considerado histórico para o Promotor de Justiça Bernardo de Moura Lima Paiva Jeha, da Comarca de Minas Novas, no Alto Jequitinhonha. E ele tem razão. Sua atuação foi brilhante na argumentação pela condenação a 20 anos e 6 meses de prisão para o médico Luiz Nogueira, mandante do assassinato.
Promotor de Justiça Bernardo de Moura Lma Paiva Jeha
Antes e no início do julgamento havia uma desconfiança do Poder Judiciário. A população de Minas Novas e os berilenses que encheram o Plenário desconfiava de uma punição rigorosa para o médico Luiz Nogueira, tido como rico, poderoso e perigoso.
Além disso, juntava a decepção pela condenação do assassino confesso, Roberto Gonçalves, o Gil, a apenas 14 anos de prisão.
Além disso, juntava a decepção pela condenação do assassino confesso, Roberto Gonçalves, o Gil, a apenas 14 anos de prisão.
Cartazes foram espalhados pelas calçada do Fórum: "Trinta anos? É pouco!", alertava um que queria mais que a pena máxima, pela barbaridade do crime.
O réu, Luiz Nogueira, acusado como mandante do crimeOs funcionários do Fórum diziam, de manhã, que os advogados da defesa eram gabaritados e criminalistas famosos em BH. E acrescentavam, de forma machista: tem 5 mulheres e apenas 2 homens no Júri. As mulheres são mais fáceis da defesa convencer.
Retruquei: pois é nas mulheres que eu aposto. Elas são mais sensíveis e tem melhor senso de justiça do que os homens. Vai ser pena de prisão de 20 anos ou mais, se o Promotor for esperto.
Plenário cheio, Júri concorrido. Muitos advogados presentes.
Retruquei: pois é nas mulheres que eu aposto. Elas são mais sensíveis e tem melhor senso de justiça do que os homens. Vai ser pena de prisão de 20 anos ou mais, se o Promotor for esperto.
Plenário cheio, Júri concorrido. Muitos advogados presentes.
O Júri, as Juradas
O Júri foi composto por sorteio. Na lista, 2 jurados de Berilo: Geraldo Ferreira Martuchelli, o Lalado, e Elvis Presley Oliveira, ourives. Nenhum deles foi sorteado.
Jurados Everaldo Lourenço, Nadir Matos e Ana Maria SoaresO Júri foi composto por sorteio. Na lista, 2 jurados de Berilo: Geraldo Ferreira Martuchelli, o Lalado, e Elvis Presley Oliveira, ourives. Nenhum deles foi sorteado.
As mulheres fizeram a maioria do Júri com 5 representantes: duas professoras de Chapada do Norte, Ana Maria de Lourdes Soares e Sônia Mariete Soares. De Minas Novas, mais duas professoras: Maria Aparecida Ferreira dos Santos e Nadir de Matos Oliveira Marques, além da Secretária Elizabeth Aparecida Silva.
Os dois homens são o servidor público Antônio Soares Ferreira, de Minas Novas, e o comerciante de Chapada do Norte, Everaldo Lourenço Fernandes.
Jurados: Sônia Soares, Maria Aparecida Ferreira , Antônio Soares Neto e Elizabet Aparecida Silva.No início do Júri, o Juiz Eduardo Rabelo Thebit Dolabela proibiu que fossem feitas fotos do réu, atendendo pedido dos seus advogados.
Advogados de Luiz Nogueira, de Belo Horizonte: Hudson Maldonado e seus dois filhos Denise e João Paulo MaldonadoLuiz Nogueira não quis ficar entre os dois soldados da Polícia Militar. Pediu para ficar junto aos seus 3 advogados: Hudson Maldonado Gama e seus dois filhos Denise Maldonado Gama e João Paulo Maldonado Gama.
O Juiz leu o assunto de pauta do Júri: julgamento de Luiz Nogueira como mandante do assassinato de Ioiô, em 6 de junho de 2008.
O Juiz leu o assunto de pauta do Júri: julgamento de Luiz Nogueira como mandante do assassinato de Ioiô, em 6 de junho de 2008.
Foram chamadas as testemunhas de acusação. Primeira a depor, a professora Alaíde Assis Amaral, a Lalá, namorada de Ioiô, chorou ao relatar a forma brutal do assassinato, dentro da sua casa. Disse ter um relacionamento amoroso com a vítima por quase duas décadas, tendo com ele um filho de 18 anos.
Informou que Ioiô teria se desentendido com o médico Luiz Nogueira e estava preocupado. João Tubinha, o João Amaral, ex-prefeito de Berilo, teria mandado recado para ele não mexer com Luiz Nogueira, pois o médico era doido.
Ela disse que Ioiô nunca portou arma de fogo, sendo uma pessoa pacífica.
Relatou que o crime aconteceu, por volta das 22:30 horas, do dia 6 de junho de 2008, no intervalo de um jogo da seleção brasileira com a Argentina.
Relatou que o crime aconteceu, por volta das 22:30 horas, do dia 6 de junho de 2008, no intervalo de um jogo da seleção brasileira com a Argentina.
Quando ouviu um estampido e o grito de Ioiô, correu para o portão de entrada da casa e viu seu namorado deitado de bruços com sangue, já agonizando, sem conseguir falar. Botou-o no colo. Gritou por socorro. Os vizinhos o levaram para o Hospital.
Acrescentou que, no primeiro semestre de 2008, amigos alertaram Ioiô para não andar sozinho quando fosse a comunidades rurais, pois ele seria candidato a prefeito no final do ano. Havia conversas de gente querendo pegá-lo.
Mais tarde, foi também para o Hospital quando recebeu a confirmação que Ioiô havia morrido.
A segunda testemunha, Neumar Capistrano de Sousa, cunhado de Ioiô, reafirmou o recado de João Tubinha para Ioiô ter cuidado com Luiz Nogueira, em dezembro de 2007.
Gil não quis acareação com Luiz Nogueira
A testemunha que detalhou toda a trama do assassinato foi o réu confesso Roberto Gonçalves, o Gil.
Antes de ser chamado, Gil pediu ao Promotor de Justiça para falar sem a presença de Luiz Nogueira. Tinha medo dele.
A segunda testemunha, Neumar Capistrano de Sousa, cunhado de Ioiô, reafirmou o recado de João Tubinha para Ioiô ter cuidado com Luiz Nogueira, em dezembro de 2007.
Gil não quis acareação com Luiz Nogueira
A testemunha que detalhou toda a trama do assassinato foi o réu confesso Roberto Gonçalves, o Gil.
Antes de ser chamado, Gil pediu ao Promotor de Justiça para falar sem a presença de Luiz Nogueira. Tinha medo dele.
Revista com detector de metal na entrada do Fórum
Os advogados do médico protestaram, mas o Juiz ordenou que Luiz saísse para não prejudicar o depoimento do Gil.
Ladeado por dois soldados, Gil entrou, passando pelo Plenário.
Ladeado por dois soldados, Gil entrou, passando pelo Plenário.
Ele informou que trabalhou para Luiz Nogueira, em sua fazenda, em Sete Lagoas, cuidando da lavoura e de gado, durante 18 meses, desde janeiro de 2007 até junho de 2008.
Depois de algum tempo, Luiz Nogueira pediu para ele viajar, acompanhando-o, em Capelinha e Berilo. Após alguns meses, Luiz disse que teria uma proposta boa para ele, mas ele deveria ficar de bico calado, que era segredo.
Depois de algum tempo, Luiz Nogueira pediu para ele viajar, acompanhando-o, em Capelinha e Berilo. Após alguns meses, Luiz disse que teria uma proposta boa para ele, mas ele deveria ficar de bico calado, que era segredo.
Depois de alguns meses, disse que a proposta era para matar um homem, mas não falou quem era. Ele retrucou que nunca tinha feito isso na vida. Luiz respondeu que tudo tinha a primeira vez. Iria dar um tempo para ele pensar. De vez em quando, perguntava: - Já pensou no assunto?
Gil disse que não faria o serviço. Luiz ameaçou dizendo que ele teria que fazer sim.
Deu um revólver para ele usar, ainda sem dizer quem seria o homem.
Deu um revólver para ele usar, ainda sem dizer quem seria o homem.
Três meses antes do crime, por volta de março de 2008, 15 dias depois da ameaça, disse que se tratava da pessoa de Ioiô.
Gil negou o serviço e passou a ficar em Berilo, evitando Luiz. O médico o procurou e ameaçou: se não cumprisse o ordenado aconteceria um mal com ele.
Aí, Luiz Nogueira o chamou para ir a Sete Lagoas e deu-lhe uma cartucheira de um cano. Falou para não errar, deixar passar a Festa de Nossa Senhora dos Pobres, no final de maio, pois tinha policiamento reforçado na cidade de Berilo.
Luiz Nogueira chegou no inicio de junho, em Berilo, e cobrou uma semana para ele matar Ioiô. Gil que só matou Ioiô por medo de morrer. Ou ele matava ou morria. Não recebeu dinheiro para isso.
Confessou que fez tocaia, nos fundos da casa de Lálá, no dia 03 e 05 de junho da semana do crime. Procurou Luiz, na sua casa, e disse que estava com medo. Luiz falou que o prazo tinha acabado. Ou ele fazia o serviço ou o tirava do seu caminho. Gil disse que saiu da casa do médico chorando.
No dia 6 de junho de 2008, à noite, fez a tocaia, na casa de Lalá, cometendo o crime. Entregou a arma para Luiz Nogueira, dois dias depois, no domingo, dia 08.06. Disse estar passando mal, pois sofre de bronquite. Luiz lhe receitou uma injeção e alguns medicamentos. Reclamou falta de dinheiro, quando Luiz lhe deu R$ 100. Luiz disse que lhe daria R$ 15 mil, mas nada recebeu, nem cobrou.
Ameaçou, de novo, e disse para ficar de bico calado, senão ele morreria. Se ele confessasse o crime até na cadeia ele morreria. Os funcionários de Luiz, em Sete Lagoas, Zezinho e Nei estariam na cola dele.
Na segunda-feira, 09.06, mais ameaças. Luiz disse que iria a Capelinha no dia seguinte. Gil deveria encontrá-lo no entroncamento de Turmalina, perto do Posto Chapadão, de Vicente Francisco. Com medo de ser uma emboscada para assassiná-lo como queima de arquivo, Gil disse que não foi.
Afirmou mais: Luiz queria se vingar de Ioiô. E acrescentou: foi ameaçado de morte, na cadeia de Minas Novas, no mês passado. Não queria dizer o nome de quem o ameaçou. Os advogados de defesa insistiram. Ele disse que foi o preso de nome Sidnei que disse para ele mudar seu depoimento no julgamento do Luiz Nogueira. Ele prometeu mudar para permanecer vivo. Porém, confirmava tudo o que havia dito antes e acrescentava mais.
Outras encomendas de assassinato
Gil acrescentou ao seu depoimento anterior que Luiz Nogueira o tinha contratado para matar sua primeira mulher que exigia uma pensão muito alta. Prometeu-lhe dar R$ 7 mil. Foi até a casa da ex-mulher do médico. Chegando lá, viu a mulher com uma criança no colo. Não teve coragem de atirar.
Gil acrescentou ao seu depoimento anterior que Luiz Nogueira o tinha contratado para matar sua primeira mulher que exigia uma pensão muito alta. Prometeu-lhe dar R$ 7 mil. Foi até a casa da ex-mulher do médico. Chegando lá, viu a mulher com uma criança no colo. Não teve coragem de atirar.
Segundo ele, o médico havia encomendado outro assassinato em Sete Lagoas. Os planos foram mudados pois a vítima indicada tinha viajado.
Perguntado sobre motivos de Luiz Nogueira em querer matar Ioiô informou que o médico dizia que o ex-prefeito vasculhava a sua a vida na internet e mexia com outros documentos. Luiz dizia que quando via Ioiô dava vontade de passar fogo nele.
Observação: todas estas informações são de depoimentos das testemunhas, advogados, Promotor e Juiz no Júri ocorrido no dia 04.02.2011.
2 comentários:
SOU POLICIAL E ESTOU TRISTE POIS ESTA PENA FOI
MUITO PEQUENA AMBOS TEM QUE PAGAR UMA PENA MAIOR
QUE TRINTA ANOS A CADEIA É O INFERNO DESTE MUNDO
TENHO PENA DESSES INFELIZES QUE VIVEM EM UM CUBICULO DE 10 METROS QUADRADOS EM MAIS DE 50 NO MESMO ESPAÇO MAS ELES MERECEM E MESMO ASSIM RESISTEM A TODA PROVA PARA COMPLETAR SAEM E FAZEM AS MESMAS COISAS ABSURDAS COM UMA SOCIEDADE IMPOTENTE, MAS ELES NAO SE INTIMIDAM COM NADA NEM O SOFRIMENTO DE UMA MAE QUE COLOCA UM MONSTRO DESTE NO MUNDO. ESSE VERME TEM QUE APODRECER NA CADEIA PARA LEMBRAR TODOS OS DIAS O SOFRIMENTO QUE CAUSOU NA FAMILHA DE IOIO A DOR DE AGENOR PAE MARIA MAE ESTA SENDO AMENIZADA POR DEUS QUANDO VI PAE DE IOIO AI EM BERILO CHORANDO COMO UMA CRIANCA DISSE A ELE DEUS VAI FAZER JUSTIÇA AI ESTA A JUSTIÇA DIVINA. NAO EXISTE CRIME PERFEITO O INDICIADO SEMPRE DEIXA UM RASTRO PARA A PERICIA
E JUSTIÇA DO HOMEM. MAS A MAIOR JUSTIÇA É A DIVINA, PARABENS AO MP DE MINAS NOVAS.
V. R. F.
08/02/2011
O advogado Hudson Maldonado Gama foi delegado de polícia em várias comarcas e em uma delas Muriaé foi acusado pelo comerciante Jefferson Lopes de Farias como integrante de sua quadrilha , que assaltava e matava caminhoneiros na Br -116
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