Em Itaobim, europeu procurado pela polícia virou ‘celebridade’ e cantor romântico
Carlos Henrique/Hoje em Dia
Prima da ex-mulher de Cogoni, a açougueira Maria Geralda defende permanência do estrangeiro no país
Na terra da Manga, como é conhecida a pequena Itaobim, os moradores ficaram surpresos com a prisão do italiano Benvenuto Cogoni pela Polícia Federal (PF).
Nas rodas de conversas, ele foi descrito como uma pessoa alegre e festeira, que animava as confraternizações com cantoria. Tanto que chegou a gravar um CD com músicas italianas românticas.
Ressabiados com a repercussão do caso, os habitantes evitaram falar sobre a condenação por lavagem de dinheiro do imigrante europeu que escolheu o município mineiro como refúgio.
Com semblante triste, o primogênito disse que já visitou o pai três vezes na penitenciária. “Meu pai não pode ser extraditado. Ele tem família que depende dele, possui moradia fixa e documentos brasileiros”, protestou.
Prima da ex-mulher do italiano, a dona de um açougue em Itaobim, Maria Geralda, de 48 anos, defende a permanência dele no Brasil. “Ele é uma ótima pessoa, carismático e extrovertido. Antes de começar a cantar, ele abriu uma pizzaria, mas o negócio não foi pra frente”, contou.
Para um funcionário do comércio local, que pediu para não ser identificado, Cogoni era uma espécie de celebridade na cidade. “Ele cantava na rádio, em festa, até lançou CD. Ninguém por aqui podia imaginar que ele era um foragido da Justiça italiana”, relatou.
O primeiro interrogatório do extraditável a autoridades brasileiras está marcado para amanhã, conforme decisão do Supremo Tribunal Federal.
Filho do europeu, Anderson Cogoni, de 21 anos, diz que a família vai recorrer às últimas instâncias contra o possível retorno do pai à Itália.
Enquanto o governo brasileiro analisa o pedido de extradição do italiano, a Itália determina o retorno de Henrique Pizzolato ao Brasil. Ele foi condenado no mensalão.
Brasil pode extraditar italiano procurado pela Interpol encontrado em Minas Gerais
Carlos Henrique/Hoje em Dia
HISTÓRIA - Benvenuto Cogoni escolheu Itaobim, no Vale do Jequitinhonha
ITAOBIM (MG) - A Polícia Federal (PF) em Minas Gerais prendeu o italiano Benvenuto Cogoni, de 68 anos, condenado na Itália, em 2010, a três anos de prisão por lavagem de dinheiro.
Inserido na lista de procurados da Interpol, o europeu foi localizado em Itaobim, cidade de 21 mil habitantes do Vale do Jequitinhonha, uma das regiões mais pobres do Brasil, distante 620 quilômetros de Belo Horizonte.
Nascido em Sinai, em Cagliari, na região da Sardenha, Cogoni teve a prisão decretada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a pedido do governo da Itália, que deseja a extradição do condenado para cumprimento da pena. Amanhã, será realizada em Belo Horizonte a primeira audiência do processo.
De acordo com o ministro Luiz Fux, do STF, a condenação ocorreu pela prática de crime correlato ao de lavagem de dinheiro tipificado no artigo 1º da Lei nº 9613/1988.
Prisão
Preso em 27 de junho deste ano pela equipe da PF de Governador Valadares, o italiano foi transferido para a penitenciária Nelson Hungria, em Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte.
Para a realização da audiência na capital mineira, Fux determinou que a Justiça Federal disponibilize, com urgência, uma sala, pessoal e equipamentos necessários para o interrogatório.
O ministro solicitou ainda a convocação de representante da Defensoria Pública do Estado e do Ministério Público Federal (MPF) para acompanhar a sessão. A escolta do extraditável será feita pela Polícia Federal.
Em despacho, Fux determinou aos ministros da Justiça e das Relações Exteriores que formalizem junto ao governo italiano, num prazo de 40 dias, o pedido de extradição com a remessa dos documentos necessários.
No documento, o membro do STF lembra que o italiano pode ganhar liberdade com o término do referido prazo, conforme prevê tratado de extradição celebrado entre Brasil e Itália.
Ao Hoje em Dia, a defesa do italiano informou que vai entrar com um pedido de soltura e recorrer do pedido de extradição. Vai alegar que ele vive há mais de 20 anos no país, que o condenado é réu primário, possui família e residência fixa.
Nem mesmo a advogada sabe exatamente por qual motivo o europeu foi condenado.
De acordo com ela, em conversa informal com o cliente ele relatou que trabalhava no ramo de turismo na Sardenha, uma das regiões mais belas do país. Como não teria recolhido impostos, foi condenado pela Justiça italiana.
A defensora citou ainda um suposto imbróglio judicial envolvendo uma herança deixada pelos pais do italiano.
Nenhum comentário:
Postar um comentário