Estado desiste de projeto e usina eólica do Vale do Jequitinhonha vira elefante branco
Cemig afirma não haver interesse imediato no investimento e prioriza plantas no Nordeste.
Minas Gerais poderia gerar três vezes a energia da hidrelétrica Belo Monte – que tem potência instalada de mais de 11 mil MW – apenas com vento, mas os custos de instalação não interessam nem à Cemig nem à Renova, empresa que faz parte do grupo da companhia. O atlas eólico de Minas Gerais, que levantou esse potencial de geração de energia na Serra do Espinhaço, na região de Janaúba e Grão Mogol, no Norte do Estado, foi finalizado em 2010, mas a Cemig informa não haver interesse imediato no investimento. “A Renova é a responsável por fazer a prospecção, e a Cemig está estudando quando vai usar esse potencial, mas não tem prazo”, afirma o presidente da Efficientia, empresa do grupo Cemig de eficiência energética, Alexandre Heringer.
Os custos mais altos para a instalação de uma usina eólica no Norte de Minas em comparação com regiões próximas do mar é o motivo dessa falta de interesse, segundo Heringer. “É uma região com muito morro, a topografia aumenta os custos. Então, a Cemig e a Renova estão investindo em parques eólicos no Nordeste”, explica. A Cemig atualmente tem três usinas eólicas no Ceará. A Renova mantém um complexo eólico no Sudoeste da Bahia, nos municípios de Caetité, Guanambi e Igaporã. “O vento no Nordeste e no Sul do país é mais veloz. Isso dá mais eficiência a essas usinas, e, por isso, o custo delas é menor. Quem ganha os leilões são os projetos mais baratos”, diz a presidente da Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica), Elbia Gannoum.
“É como o petróleo. Os investimentos vão primeiro aonde o custo é menor. Com o desenvolvimento de tecnologia, outras áreas são exploradas. A Cemig vai avançar seus estudos no aproveitamento do potencial eólico (do Estado). Estamos esperando o momento certo”, diz Heringer.
O alto custo, mas desta vez de manutenção, também é o motivo de a usina eólica de Morro do Camelinho estar desativada, segundo Heringer. Essa foi a primeira usina eólica conectada ao sistema elétrico integrado do país, em 1994, na cidade de Gouveia, no Vale do Jequitinhonha, mas hoje está defasada. “A tecnologia se desenvolveu muito, então os custos de manutenção começaram a ficar altos e não compensa mais produzir energia (em Camelinho). Não vamos voltar a produzir energia com aquelas máquinas. Mas já são 21 anos. Este é o tempo de vida mesmo desse tipo de equipamento”, declara Heringer.
A Cemig ainda não sabe o que vai fazer com a usina parada. “Estamos estudando algumas possibilidades. Uma delas é criar um centro de experimentação ou fazer um convênio com uma universidade”, diz Heringer.
Usina Eólica de Morro do Camelinho, em Gouveia, no Vale do Jequitinhonha, está desativada e hoje é um “elefante branco” – Foto: Divulgação / Usina Eólica de Morro do Camelinho
Usinas eólicas no Brasil
Hoje existem 262 usinas eólicas no Brasil, segundo a Associação Brasileira de Energia Eólica. Juntas, elas representam 6,56 GW – 5% da capacidade instalada para energia do país.
Faltam linhas de transmissão
A falta de linhas de transmissão para enviar a energia que é gerada nos parques eólicos do Norte e Nordeste do país é um “empecilho para esses parques”, diz o consultor da Thymos Energia, Marcelo Ajzen. A francesa Voltalia divulgou, na última segunda-feira, que um dos seus parques eólicos no Nordeste está atrasado “devido a uma demora na construção das linhas de conexão à rede”. A construção das linhas é responsabilidade do governo brasileiro.
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