Em audiência pública na cidade, autoridades denunciaram que pacientes aguardam atendimento nos corredores de hospitais.
De acordo com o deputado Neilando Pimenta (PP), o município atende pacientes vindos de 86 cidades da região, alcançando aproximadamente 1,2 milhão de pessoas. Possui 19 hospitais que, juntos, têm uma dívida de R$ 25 milhões. “É preciso providências imediatas”, advertiu.
O Hospital Santa Rosália, única instituição de Teófilo Otoni que atende casos de alta complexidade, vive diariamente o drama da falta de leitos, segundo seu superintende, João Carlos Corrêa. Segundo ele, 25 pacientes com problemas de ortopedia estão nos corredores do hospital, aguardando por procedimentos cirúrgicos. O hospital tem 180 leitos, dos quais 80% destinados a pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS).
Ele disse, ainda, que o SUS define um teto de atendimento para cada município e não paga pelos atendimentos que superam o limite estabelecido. Em função disso, segundo o deputado, foram fechados 13 mil leitos no País nos últimos três anos, e as prefeituras estão assumindo os custos para evitar que outros se fechem. “A Prefeitura de Belo Horizonte está colocando R$ 10 milhões por mês para não fechar os hospitais”, afirmou. Ele sugeriu que o Governo do Estado assuma os hospitais regionais, atualmente sob responsabilidade dos municípios.
Também denunciou constantes atrasos nos repasses o prefeito de Teófilo Otoni, Getúlio Neiva. Ele disse que a prefeitura aguarda R$ 12 milhões do Governo Federal e R$ 8 milhões do Estadual, que deveriam ter sido pagos no ano passado. O secretário municipal de Saúde de Padre Paraíso, Saulo Aparecido, completou que todos os municípios da região passam pela mesma situação.
Pronto atendimento está sobrecarregado
Além das dificuldades financeiras, os participantes da reunião também avaliaram outras causas para a situação caótica da saúde em Teófilo Otoni. O prefeito Getúlio Neiva explicou que o município conta com 340 médicos residentes, dos quais 256 são pagos pela prefeitura. Ele considera que o serviço de atenção básica é boa, mas o atendimento nos hospitais está estrangulado em função dos “hábitos da população que não sabe aonde ir”. Segundo ele, muitos pacientes buscam os serviços de pronto atendimento em situações que poderiam ser resolvidas no posto de saúde, em consultas simples.
O superintendente do Hospital Santa Rosália, que também é coordenador das Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), afirmou que 80% dos pacientes atendidos não precisariam do serviço de urgência. Os deputados Doutor Jean Freire (PT) e Ricardo Faria (PCdoB) concordaram com esse posicionamento. “Nós, que somos médicos, sabemos que muitos pacientes internados poderiam ter o tratamento em casa”, afirmou o primeiro. “Oitenta por cento dos problemas de saúde a gente resolve é na atenção básica”, completou o deputado Ricardo Faria.
Retomada de obras de hospitais regionais é necessária, segundo autoridades
Outras sugestões foram apresentadas para resolver o problema da saúde no Vale do Mucuri. A principal foi a necessidade de se retomar as obras de construção do hospital regional que, como outros no Estado, estão paralisadas desde o ano passado.
O deputado Neilando Pimenta anunciou que o governador Fernando Pimentel se comprometeu a retomar o trabalho já em junho. O hospital regional de Teófilo Otoni, segundo ele, terá 430 leitos (55 na UTI). De acordo com o deputado, também serão pagos ao município dois convênios já firmados com o Estado, nos valores de R$ 8 milhões e R$ 2 milhões.
SUS – A valorização do SUS também foi defendida pelos parlamentares. O deputado Doutor Jean Freire considera o sistema um dos melhores do mundo e afirmou que, desde que ele foi implantado, tem evoluído “em todos os governos”. Disse ainda que muitos se enriqueceram com o sistema e que ele precisa ser defendido. E afirmou que o SUS não é apenas para os pobres e que é sempre procurado pelos ricos em situações mais complexas, como acidentes.
O deputado Ricardo Faria também elogiou a universalização da saúde promovida pelo SUS e o programa Mais Médicos, que conseguiu levar atendimento a localidades que não contavam com profissionais de saúde, segundo ele. E citou a nova etapa do programa, que contará com mais 4,6 mil médicos brasileiros, dos quais 360 em Minas Gerais, e o novo programa Mais Especialidades, que vai ampliar o atendimento mais elaborado.
O secretário municipal de Saúde de Teófilo Otoni, Fernando Barbosa, previu que o município conseguirá atender 85% da população com o Programa Saúde da Família ainda neste ano..
Fonte: ALMG
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